quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pós-Morte de Aquino Cap.1


Giorgio Lima




Pós -morte de Aquino




I.Pós?




I.






... Há um chuviscado na tela...
Primeiramente digo-lhe que estou não sei onde, não sei por que motivo, a espera de não sei o que. É certo que a faculdade de meu pensamento é plena mesmo não tendo sentimento algum acerca de qualquer aspecto que por ventura for a mim questionado; mas o pensamento precisa de palavras, já o sentimento não... Ele tem uma linguagem própria que não pode ser escrita nem falada, uma linguagem ímpar... Mas o lugar onde estou, nem a mais apurada alma sensitiva poderia distinguir; se estou em alma, não sei; ou em carne e osso, idem; não me toco, não sujeito-me a nada e também não sou sujeitado. As horas, quantas já foram? Não sei! A minha noção de tempo é obscura, a dizer melhor, não a tenho; estou perdido...
... Assim estou aqui nesse lugar à procura de respostas, sem nada saber, nada cogitar, a mercê de alguma coisa ou alguém que me explique isso pelo que passo agora... As sensações são coisas que a alma e o ser aprendem no mundo a apurar, e eu, não sei bem sobre nada, estou só. A solidão pode até ser amiga e companheira e faz cada um se conhecer melhor... Mas eu não sei quem sou, onde estou e porque estou, será o princípio ou o fim?


I.I


Deito fecho os olhos e durmo. Não sonho com nada, não tenho pesadelo algum, nada me aflige em nada, a não ser um fato: não saber nada de nada!
... Repito-me muito em uma palavra, mas é essa a chave de tudo que acontece comigo: nada! A leitura pode estar enfastiando, mas só relato a realidade das coisas... Acordo de novo e tudo continua na mesma...
Eis que surge alguém ao longe... A imagem que eu tenho de onde me encontro é como uma luz não muito radiante, apenas uma grande luz sem fronteiras nem limites... Formular outra imagem, ver outra coisa, impossível. Eu só tenho isso na mente, e isso se projeta...
... Tudo pode estar parecendo confuso pra você, imagine pra mim... Um alguém surge ao longe na luz. Vem em minha direção. Chega ao pé de mim. Aperta-me a mão, mas não diz nada.
- Meu nome é Aquino, e o seu? Disso eu sabia, ao menos meu nome, acabara de saber por sinal, como, eu não sei.
- O meu é J. M. ; e desaparece! Qualquer que seja seu nome não faz diferença, não me ajudou em nada; estou ainda perdido...


I.II


... Já disse, não sei o que sou, nem onde estou, e se alguém me puder passar alguma informação, que logo faça...