sábado, 24 de abril de 2010

Bem ou mal, Comunicado:

Quem cala consente e quem fala comumente não diz oque pretende. Subentende-se que: ou a confluência de signos e do ser não está satisfatória, ou os significados e sentidos são tão vários que podemos jogar com eles conscientemente ou por dom natural inato.

Em relacionamentos homem-mulher notamos abrupto isso quando elas dizem que não querendo sim, e quando a recíproca é verdadeira. Gestos são sinais e na era pré-oratória eram forma de dizer. Hoje, analisar a linguagem do corpo é modo de entender o dito pelo não dito, se esses também não forem máscaras indutivas de sentidos múltiplos. Fica difícil concordar com Chomsky quando o meio influencia tanto as retóricas; mas é certo – como o homem evoluiu de um Neanderthal – que sem a linguagem não existiria o meio cultural no qual foi forjada uma sociedade que às vezes fala demais sem conhecimento de causa e noutras se aquieta quando deve botar a boca no trombone.

Políticos falam oque todos querem ouvir, e se tudo é como na ciência, “verdade transitória”, não podemos julgar mal; apenas tudo que colocam como sólido se esvai muito volatilmente como um gás. Posteriormente paira no ar o que não fizeram e se dissolve oque iriam fazer. Falta de memória de um povo? Não! Argúcia tamanha nas técnicas de propagação de mensagens, fazendo com que essas perdurem só pelo tempo necessário aos anseios próprios.

Às vezes fica difícil se fazer entendido. Antes, se tem que saber a que receptores são destinadas as informações e assim achar o canal perfeito de interação. E pronto? Primeiro colocar algumas vírgulas antes do derradeiro ponto.

Um recall todos compreendem, um mural alguns visualizam. O “internetês” quase sempre vai além de seu lugar de origem, tipo assim, ñ kb a ninguém pôr freio; deve se saber usá-lo, já que não é satisfatório a todos os convívios.

Roma pode ser perto para quem tem boca, mas em São Paulo, caso a pessoa não tenha um g.p.s, mapa manual, ou qualquer objeto de orientação, estará perdida a não ser que encontre uma alma caridosa que consiga além de passar o itinerário correto, ser concisa e direta.

Poderíamos pontuar muitas outras coisas nesse relato, entretanto não tendo como obter de pronto a certeza de que a recepção e o entendimento do que por agora fica, passemos adiante, chegando direto ao ponto, final.

sábado, 17 de abril de 2010

H + que 2 ó...

Cai de pé e corre deitada, e quem está deitado que se levante e trate logo de correr. Assim aconteceu, acontece, acontecerá, sempre que vem um pé d’água e quebra as pernas de quem esta desprevenido. Noticiado foi em jornalismo interpretativo que o grande culpado não era o pai maior - senhor de todos os elementos - mas sim os mandantes da Terra que não fazem por onde para respaldar quem precisa. Sem botes para salvar vidas e poucos na arca; mas na verdade foi delegado a São Pedro o poder de quando bem entender molhar a terra tão necessitada, algumas vezes abusando com abundante quantia (redundância que representa o abuso) do que é bom, ou como dizem, qualquer coisa em excesso faz mal. Ou, seguindo ordem direta, só executa o serviço sujo, limpando tudo e muitas vezes causando sujeira.

“Menino, se sair na chuva vai gripar” foi frase ouvida por muitos na infância. Caso todos fossem seguir à risca esse conselho, acabariam as peladas no campo encharcado, os peraltas dando carrinho sem dó no amigo do peito, e sem essa pratica – do jogo e não do anti-jogo – pentacampeonato seria sonho distante, e “Ronaldos” não estariam brilhando muito por ai.

Ser o manda-chuva é o cerne do capitão de um time. Quer ser o dono das circunstâncias, burlar as regras normais e até as naturais, depois, crescido, passeia de helicóptero e vê de longe a cidade alagada, dá risada; consegue ainda cultivar seu instinto natural. A natureza reclama.

Mesmo o mais puro e convicto seguidor de preceitos de paz, se apanha, no fundo quer revidar; segue suas ideologias, conta até dez e não o faz, e fauna, flora, todo organismo reage da mesma forma. No entanto, a conta já foi perdida e, diferentemente de esconde-esconde, não importa quanto tempo passou, ou qual o tamanho do lugar da brincadeira (o globo é imenso), a pessoa é encontrada, quando não, algum dos seus pares, sangue do seu sangue, ou raça da sua raça: humanos.

Tempo fechado. Bom pra refletir, pra ler, pra ensimesmar pensamentos, quando se pode ter essas ações. Quando não é se esconder, ou se molhar, dependendo do que terá que fazer depois, qual a idade do seu pensamento. Se ainda capaz de se encantar, de se surpreender, de se sensibilizar, ou se com excesso de mundo em si, onde nada mais satisfaz, tudo já foi visto, já foi feito. Ai só dirá: “Bem feito”, mesmo quando for algo ruim que sucedeu.

Sempre gostei do cheiro de terra molhada; amassei muito barro quando marrom era a minha rua. Sacola de supermercado já me serviu de capa para tênis. Goteira foi inspiração pra composições... Ainda vejo, pingos nos tetos, todos escondidos; formulo idéias, pingos são notas musicais caindo no telhado... Um desenho que queria fazer e não fiz, uma foto que não tirei.

Ainda dá pra tirar proveito dela, tomá-la literalmente, ou do modo usual. Mas é bom fazer isso rápido, antes que o castigo fique maior e ela se torne ácida.

domingo, 11 de abril de 2010

Vinícius de Moraes pegou meu título

Por mim mesmo, mas também motivado pelo espírito de Francisco Cândido Xavier – reencarnado nas telonas – ponho cá essas linhas.

Não abaixo a cabeça, não coloco a mão na testa, e nem chego às 200 páginas, quando muito 2. Mas quem se presta a esse ofício sabe o quanto é difícil formular frases, parágrafos. Tenho um misto de raiva e inveja dos que recebem assim sem esforço, linhas e mais linhas ditadas do além. Não sendo quantidade sinônimo de qualidade há sempre um porém, sabendo ainda que nem certos títulos escritos por vivos são notadamente tidos como literatura, e até quem já ganhou cadeira na academia e vende milhões no Brasil e no mundo, não tem – em alguns aspectos e quesitos – classificação literária por quem é crítico (profissional ou amador).

Certa vez um dogmático da crença quis me interpelar sobre o fato de o nosso já citado amigo de além vida ter escrito mais de 400 obras. Parece também que não recebia um centavo de lucro com o que produzia e vendia. Não tiro o mérito, apenas pedi que me expusesse algo palpável a qualquer um, de qualquer visão religiosa e até os de nenhuma. Tem que convencer por um censo comum e não tendencioso. Digo tudo isso por que:

“O Uísque é o melhor amigo do homem, o cachorro engarrafado...”; “Que seja carioca no balanço, feitinha pro Vinícius de Moraes...”;

Justo quando estava digitando os meus poemas, passando-os a limpo, me deparo com um livro de versos do poetinha que tem o mesmo título que o meu: “Poemas Esparsos”. Fiquei vexado, é lógico. Notório que a arte é um eterno reinventar de mesmas coisas, no popular, “nada se cria, tudo se copia”, mas eu não cria que o que achava ser uma criação minha fosse obra de outro. Desconhecimento de causa meu. Defasagem.

Não tenho conhecimento embasado sobre o diplomata versador. Sei que teve muitas mulheres, que fumava igual a um Chico Buarque (quando fumava), e a famosa frase do Uísque. Sei que morreu dentro da banheira provavelmente chapado, e feliz.

O meu “Poemas Esparsos” não é a obra da minha vida, e nem sei se terei uma. Me inspiro em alguns, tentando dar alguma coisa minha, tentando ser original, se bem que tudo isso é o acumulo das ações dos ancestrais e da humanidade através dos tempos, milhões.

O livro dele estava exposto perto da sessão de livros espíritas lado a lado com o “Vencendo o passado” de Zíbia Gasparetto e, sagaz, fascinante, extraordinário como era o poeta, venceu o espaço-tempo de maneira sublime, veio em alma para o presente, viu o meu título, voltou espiritualmente para o passado e reencarnou em si próprio mudando o título que iria colocar na última hora. Poderia ser “Parcos Poemas”, “Alpercatas poemáticas”, “No alpendre da poesia”; qualquer que fosse será o meu novo título se ninguém do passado, do presente ou do futuro, furta-me.

Um título pode ser mudado mais facilmente que um parágrafo, uma página, um capítulo, uma linha de raciocínio. Antes mudar agora sendo um escritor sem nome do que algum dia, tendo renome ser acusado de plágio.

sábado, 3 de abril de 2010

Bananeira

“Bananeira não sei, bananeira sei lá, bananeira sei não, a maneira de ver, bananeira não sei, bananeira sei lá, bananeira sei não, isso é lá com você...” Peço permissão a João Donato e Gilberto Gil, pois esse é o tema. Fundo musical para a crença visual. Dito e ouvido isso, segue a notícia – um pouco antiga (duas semanas) – mas não tão antiga quanto a mania de atribuir divindade a coisas: muitos deram um contexto religioso a uma suposta imagem de Nossa Senhora que se afigurou numa folha de bananeira.

Dar sentido ao objeto é usual do cristão, e até os protestantes usam como fato que a imagem materializada em um santo esculpido não é um representante direto, é um afiguramento, e dizem em alguns casos, até um desmérito. O que a mente direciona toma forma.
Se tomarmos como base uma cadeira, impurgir-lhe aura ou até algum tipo de “alma”, ela será um algo animado, se não à olhos vistos, sim a coração palpitante por.

De fato é tema auspicioso esse mas a base de tudo é a suposta aparição. Ocorreu em Serra Negra há algumas semanas e lotou de gente, uns fiéis outros Tomés, num conglomerado de 300 pessoas por dia. Fato é que nada ficou esclarecido, e como um dautônico não pode mostrar a outro alguém o que seja o seu modo de visão, os que vêem o que querem não conseguem repassar aos que até podem querer mas não conseguem.

A imagem usada para ilustrar esse relato é uma proteção de tela de celular e todas as imagens que se forjam servem como proteção, de uma forma ou de outra. Quando é pai de santo só recebe, mas a fé é como um bônus para mesma operadora – onde falar a mesma lingua não significa compartilhar linguagens.

Quando em música só o instrumental já passa uma mensagem, pode se dizer que a letra pode colaborar mas não necessariamente. Assim, melodia sem letra é música, e letra sem melodia é poesia; quando um timbre, um campo harmônico te leva a um encontro com o cosmos, com os deuses (melhor com as deusas), a conexão alcança êxito sem exigir muitos megas de esforço. Se isso bastar bem, se não, é buscar a letra, um vídeo, ou seja, o visual, aferindo a ele o que convier.

De repente pode parecer muito argumento pra pouco fato mas isso vale mais do que querer elevar um fato sem lançar mão de nenhum argumento, a não ser o da força da crença.
O embate entre filosofia e religião se consome mais ou menos nesse campo onde não há troféus nem medalhas, e pode até ser que o sofrimento em vida leve a um regozijo no Paraíso... Pela razão e discussão do tema, chega-se a diversas conclusões, as vezes sendo os pensadores/filósofos também religiosos e trazendo para seu lado o relevante. Mesmo sem chegada, pódio, decisão, certo é que há muito ouro nas igrejas (dubiamente).

Eu, fico tranquilo na minha maneira de ver, e digo que se houve aparição ou não, isso é lá com você...