domingo, 27 de março de 2011

Construindo o descrever de uma parede

Essa é uma parede. Ela é feita de tijolos, cimento, areia e pedras. Alguém ou alguns a construíram. Não importa comprimento ou altura. É uma parede.

Se um carro bater forte vai rachar, se a chuva cair brava vai trincar, se a casa aumentar, derrubar, e depois em outro lugar, construir uma parede.

Não importa a cor que se pinte, o tipo da construção, continuará sendo uma parede, porque para ser uma – que todos reconhecerão como tal – segue alguns preceitos básicos, que vêm de tempos antigos, podendo um bebê que nasce já ter em seu inconsciente o que seja. E é: uma parede.

Pode ser pichada ou grafitada. Pode ter textura. É dura, rígida, sem alma nem ser, nem coisa. Apenas o que é.

Muitas escritas se tornam assim: íngremes, seguindo a fria e mecânica engrenagem braçal, de se colocar tijolo após tijolo, como descrever uma parede.

domingo, 20 de março de 2011

Script de escrita

Não estou sabendo escrever. Até tenho o que dizer. Não sei bem como. A questão crucial é: tudo acontece no onde, quando não se tem como tomar notas, e na hora de passar a limpo o que foi, pode se esquecer de alguns aspectos que poderiam ter sido e não foram notados.

Antes de concretizar é bom o planejamento. Assim como, escrever antes é forma de tentar tornar a possibilidade de que aconteça posteriormente mais provável. Também, essa tentativa traz consigo a premonição, e, quando nem aparelhos eletrônicos conseguem ter precisão em prever catástrofes e intensidades de acontecimentos, muito menos alguém, a não ser que tenha o dom, mas caso o tenha, não se preocupará tanto, pois saberá se preparar pra o que virá, podendo de antemão contar, noticiar, postar. Quem não, vale tentar, e caso não ocorra o esperado – pra bem – se frustrar.

Comentei com alguém que quando me aventuro em ficção tento me abstrair e não colocar tantas coisas pessoais; vejo que quando escrevo coisas pessoais, algumas parecem ficções, de tão absurdamente improváveis, de tão mediunicamente prognósticos se cumprirem; ou por defasagem minha, no posterior relato sobre o acontecido, deixar lacunas incompreensíveis, como estórias extraordinárias.

Assim, escrevo sobre escrever. Um amigo me questionou dos motivos da falta de escritos quando no exato momento agora tenha mais tempo disponível para a produção deles. Eu respondi que os faço manuscritos, mas não os passo a limpo no cursor que pisca a espera das próximas letras. Esse texto mesmo sai de supetão, na abstração de não conseguir aglutinar tudo - que vem ou não acontecendo – e querendo esperar, apurar os fatos, consultar as fontes, pra não dar bola fora. Poderia tentar fazer Literatura. O momento é de não-ficção. Ou algo que una as duas faces da moeda. E pensar que essas palavras aqui postas nunca irão para o papel. Serão sim, moeda de troca entre o eu que quer contribuir de maneira impar para alguns pares (dez seguidores), e me retratar com quem eu disse não escrever algo verdadeiro do interior do cerne de dentro, dando um tudo que sai no momento, sem pragmáticas, sem estimativas, sem métodos.

Quero acabar com os hiatos. Quero não ter que me retratar postando notas quando ficar muito tempo sem postar nada. Quero. O querer é só querer. Escrever começa do desejo. Desejo que se concretiza, deixando eufórico o bem-aventurado e também – e muito mais – dos não acontecimentos que precisam ser exorcizados.

Estou escrevendo scripts de futuras conversas que vou ter. Delas, das respostas obtidas, muda-se o ciclo de tudo. Sempre. E poderão ser feitos pré-textos a quatro mãos, lidos a duas vozes, escutados a quatro ouvidos. Daí um avanço: Serão ouvidos antes de serem lidos. Antes de tudo isso, serão escritos, com mais certeza para escrevê-los, tendo o que escrever, e sabendo como.