quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Semanário 3

DIFÍCIL ENGOLIR ESSE SOPA. E MESMO COM O CALDO DA LEI TENDO ENTORNADO PELO CHÃO, conseguiram derrubar o tempero do MEGAUPLOAD, e deixar a internet um pouco sem sal. Será mais difícil ainda para aqueles que já não tinham muitos êxitos em encontrar arquivos. Agora, com cada vez menos sites de compartilhamento, restam os torrents. E quando se entra no Mega, o que se vê são as letrinhas do FBI (Federal Bureal of Investigation), com os símbolos das entidades que alegam querer proteger direitos autorais. Aquela águia do Centro Nacional de Propriedade Intelectual com certeza é uma mosca que pousou na nossa sopa. Ao pé da letra, os autores são os que menos ganham nesses trâmites do produto – seja música, filme ou série -, a maior parte ficando com a Indústria. O 4SHARED entrou na onda, deletando alguns arquivos, e outros FILEALGUMACOISADAVIDA seguem a tendência. Refeição cultural estragada, podre. Democracia virtual posta à prova. Alguns estudiosos afirmam que a pornografia na rede diminui a prática de atos obscenos ou impróprios na vida real, por pessoas com certos distúrbios sexuais. Se não encontrarem os e seus filmes preferidos, a sociedade será prejudicada; será um atentado ao pudor público. É a eterna dicotomia: Público e privado. A arte, em todas as suas acepções, é feita para que uma mensagem chegue ao mundo. Coisas da vida moderna aliadas a questões fundamentais do ser.

É UM TREMENDO ‘PÉ NO SACO’ NÃO PODER MAIS SAIR DOS SUPERMERCADOS COM AS SACOLAS NAS MÃOS. E o lixo doméstico, como fica? E a separação dos produtos recicláveis? Como já se manifestaram algumas pessoas, isso é obra de quem não tem contato nem com a arrumação doméstica básica. Um cliente de certo estabelecimento se manifestou ao ser entrevistado por um repórter de um telejornal da região, na hora em que passava pelo caixa: “olhe a sua volta, tudo aqui é feito de plástico. Não acho certa essa lei!”. Concordo. Pagar R$ 0,25 por sacola é ultraje. Fui fazer compras dominicais num Mini Mercado do bairro e o dono não queria me ceder uma sacolinha: “é a lei”, disse. Logo pra mim que sempre fiz questão de levar a minha de pano de casa. Se for analisar, tenho algumas de crédito pelas tantas vezes que não utilizei as dele, anos a fio... O jeito é estocar plástico bolha pra passar a raiva. Quem tiver um estoque das ditas ‘vilãs maiores do meio ambiente e do futuro do planeta’ que racione. Quem não, que se vire, com a marca do mercado pra dentro ou pra fora. Os mais extremistas, sabendo que não têm onde jogar o lixo em casa, deixarão cair nas vias públicas, pelas janelas dos automóveis. O comércio privado economiza, lucra mais. O ser humano comum que use caixas para transportar as compras, se equilibrando dentro do busão, como verdadeiro malabarista. Uma função que cada vez mais tem que ser inata à classe menos favorecida, que precisa sobreviver no meio fio, para chegar ao outro lado.

NO BRASIL, HÁ MAIS CELULARES QUE PESSOAS. SE FOR LIGAR PRUM NÚMERO DE OPERADORA DIFERENTE DA PRÓPRIA, o preço é exorbitante. Restam os torpedos e os aparelhos com múltiplos chips. Muita gente não atende as chamadas. Talvez, dentro das inúmeras funções que os novos têm, os usuários se esquecem que eles também servem para as ligações. O básico. Como disse um amigo certa vez: “o meu celular não tem câmera, não tem internet, não tem aplicativos, mas tem crédito”. Ele pode usar para fazer ligações. Resta saber se vão atender. Eu tive meu primeiro celular em 2009. Até então, nunca achei necessário. Nunca gostei de ser encontrado; sempre quis ter autonomia nas minhas idas e vindas. Como na rotina corrida é difícil conseguir falar com alguém em casa, a melhor maneira de entrar em contato é pelo telefone móvel. Na rede mundial, surgiu uma corrente afirmando que todos os chips tinham um nome. Bastava fazer uma operação com os números e as letras do registro, e adicionar mais alguma coisa. Não me lembro dessa equação. Como de nenhuma outra. Isso seria uma forma de controle sobre os cidadãos. Quando muitos expõem vida e dados pessoais em um mundo virtual, mesmo sem isso é fácil achar alguém. "Se você sentir saudade, liga pro meu celular...".

CARLOS NASCIMENTO DISSE QUE O POVO ESTÁ MENOS INTELIGENTE por fazer virar notícia o suposto estupro no BBB, e a Luíza, que estava no Canadá. Ironicamente, ele virou noticia por ter notificado o que ele achava não ser notícia. São fatos pueris, mas as pessoas têm direito de falar sobre o que bem entenderem. Nos casos das mídias sociais, podem fazer suas próprias escolhas de temas, não se baseando tão somente no que a mídia estipula. O mundo virtual é livre – apesar de quererem com leis errôneas aos poucos diminuir essa liberdade. Fica parecendo o sujo falando do mal lavado. Como quem critica o Facebook, mas não abandona a rede social; ou aqueles que repudiam o Big Brother, mas assistem todos os dias. Cada um faz o que acha melhor pra si. Dentro da lei. Só não podem fazer leis que restrinjam as ações das pessoas no universo online. Já burlam nossos direitos básicos no mundo real, então, nos deixem ter algum alento. Dentro da lei, é claro, mas uma lei que seja em prol do bem de todos, e não que só beneficie quem tem poder, em detrimento dos menos afortunados. Daqui, da América do Sul, nas partes baixas do mundo – segundo o mapa-múndi estruturado por quem tem mais terras à vista-, conseguimos acesso a ele todo. Por que frear essa conexão, que já é tão estreita em termos de banda?