domingo, 29 de agosto de 2010

Repente

De repente, tudo pode acontecer. Como se fosse ou se faz num repente de Caju e Castanha, ou numa batalha de M.c’s do Hip-hop, a próxima rima necessita da anterior, pois esta será o mote, o ponto de inversão, continuação, e para um lado ou outro, o que virá é vário.
Demais. Um tabefe, esbofeteio, nas faces ou na moral, motivará revide, ou reavivará a retidão, o importante é a ação de se fazer algo, ou mesmo de não fazer, que consiste em dominar o instinto e manter o corpo e as atitudes, palavras, gestos engessados, quando o instinto natural é de dar o troco. Nem pra todos, lógico. Sim para os mais movidos por emoções estertoradas. Os mais lógicos, ruminam, tramam, matutam, e, ou, esquecem logo do pré-ocorrido – perdendo o fio da meada da próxima frase – ou articulam um plano tão ardiloso que levará tempo para ser posto em prática, e ai, quem tem a retórica eficiente tanto, ganha pela rapidez das réplicas e pelo convencimento dos argumentos nelas embutidos.
Contanto que o acaso nos traga novos casos. Pode, e juntar cacos, dirigir os próximos atos, até o último, derradeiro, que também venha de repente, o desejo da maioria, num sono, adormecer e não acordar, tranqüilo, abrupto. Ninguém quer a “Crônica de uma morte anunciada”. Todos querem que tudo aconteça. E pode. Por hora não o que se espera, mas o que se pode ter; e um zás, trás o ás na manga.
Não mangue.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Clarice (,)

Clarice, está me deixando sem palavras, e não por “Clarice,”, mas por outros ditos. Causa arrebatamento, um algo, uma coisa, diria alguém que escreve com um parco leque como recurso, o inverso, o caso dela, lida com elas com maestria invejável, louvável, aproveitável como água pra beber.
Embebido nesse néctar, urge partir do nada comum para o indo pra buscar, fruto que cai de árvores, às vezes, solo não ainda habitado, como Marte, Vênus, ou qualquer cidade litorânea para quem mora ao redor de prédios, de cimento, e não tem carro, ou tempo, pra prosseguir. Segue a imaginação, pra outros espaços.
Bate como na porta vento bravo uivando que não deixa dormir. Noção do que vem, sem saber se é bom ou mau, paisagem de éden, ou devastação de Nova Orleans, sendo no caso primeiro trombetas celestes a soar, e no outro, caso contrário, “pausa de mil compassos”, na trilha do dia-após-dia. Riso histérico seria o mais pertinente com uma cara que fica de tacho, vendo que o tudo e o nada podem coabitar. Fala difícil, dirão. Como o resto, direi. E mesmo me redigindo, me policiando, não quero estar preso, quero a liberdade, e quem não?
Todo o tempo sendo nosso é a prova maior para saber se o ser é, ou se os outros que ditam o que. São idéias suas? Talvez. Maybe. Um sonho dentro do sonho dentro do sonho, e todo dia temos que acordar, isso é o pior pra quem viaja, como se desistir fosse salmonela na maionese. Viajei. “Ao infinito e além”. Buzz. Buso: descer de um e pegar outro. Sempre. “Pra sempre, sempre acaba”.
Acabei. Agora. É só o que tenho.

sábado, 14 de agosto de 2010

Num caixa ai...

- C.p.f na nota?
- Brigado.
- Brigado sim, ou brigado não?

sábado, 7 de agosto de 2010

A angústia em procuras de Vidas Secas

Era questão de honra. Pegar o ordenado e dar a ele um significado livre, no meu caso, livro.
A intenção primeira era dialogar diretamente com o mestre em colocar palavras com uma beleza angustiante em sua obra Vidas Secas. Por ser livro pedido em vestibular, na época, nos sebos, não havia nenhum exemplar, e o preço de um novo seria muito dispendioso.
Após percorrer pela cidade como um Fabiano que percorria os seixos, vi meu corpo esquelético como o de uma Baleia arfar ainda mais. A fome pela peregrinação começava a afetar meus sentidos de direção então, na falta de um, optei pelo outro. Angústia. Tanto o livro que comprei quanto o itinerário de chegada até ele.
Creio, pois, que o estilo do escritor está preservado. Pra mim, é aprendizado. Já li os dois livros citados; agora se tornam imprescindíveis para o meu novo projeto de escrita (tinha um em 03 de outubro de 2.008, quando comecei estas linhas cá). Mais do que críticos literários, analisar sobre os autores, ao meu ver, o melhor modo de absorver a essência da obra, é o contato direto, mesmo levando em conta os vários sentidos que o leitor possa atribuir.
Na contracapa do que adquiri, Graciliano diz que às palavras deve ser aplicado um processo semelhante ao da lavagem de roupas das lavadeiras de Alagoas: “elas começam com uma primeira lavada...”, vide o post “Escrever fácil é difícil”, o que concordo em partes e em outras o contrário, discordo.
Às vezes palavras adornantes dão toque de estilo contribuintes com a forma do texto. Dizer por dizer é só conteúdo e como dizia um certo professor de literatura “literatura é forma e conteúdo!”.
Agora surgem os livros digitais, Ipads, Kindles da vida, e uns afirmam que é a evolução natural no modo de lidar com a escrita, outros retrucam que o hábito antigo, íntimo, particular, tátil que se tem com os livros impressos nunca irá acabar, vide a obra Guerra e Paz de Tosltói ser algo muito grande para ler na tela brilhante de um leitor eletrônico, afora cheiro de papel, páginas, os que lambem o dedo nas viradas de orelhas...
Depois dos percalços, navegando pela internet, encontrei “o dito” para leitura e/ou download caso quisesse e pudesse. Até quis, e comecei a empreitada, mas sinto um freio em ler no computador, perde-se um pouco do encontro consigo mesmo, mesmo. A atenção fica dispersa pela rede, mesmo.
Re-li os dois “do dito” escriba no modus tradicional. O projeto de escrita não vingou, ainda (07 de agosto de 2.010). As águas vão rolar. Talvez a vida de alguns deixe de ser tão (Sertão) seca, e pior que seco o corpo é seca a alma, quando não uma união. Vide o que quiser, leia. E pensar que Paulo Coelho é um fenômeno de vendas mundial.