segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mal-estares

É preciso não ver. Tapar os olhos do coração. Ele que, como peneira, está furado, mas, se o que se desprende não ilumina como sol, se torna necessário deixar no calabouço do esquecimento. Para que não se torne vulto. Para que não se torna sombra. Para que essa materialização de fumaça negra que empesteia cerebelos não faça os donos das massas encefálicas perderem o entre. O por onde? O quê? que só faz sentido quando ditérios de consolo auto-ajudam seres a se moldarem melhor. Como: Passado – História, Futuro – Mistério. O que resta não é resto, pois por mais pouco que seja, é tudo. Se torna mister apagar sem medo. O que for digno de ficar já está digerido no organismo vivo. No cerne. A perdição que está no centro. Em meio ao caos dos horários de pico. Em meio ao caos dos sentimentos dispersos. Nas passagens de pedestres onde olhares são fugidios. Para não haver acidente. Às vezes batidas são necessárias para revirar carcaças. E de repente assim, capengando, se encontre o caminho de volta, ao interior, à própria casa. Salas de estar. Mal-estares. E a chuva cairá em um velório, como é clichê. E olhos molhados não verão. Mas corações sentirão. E mesmo empedrados, só pararão de sentir no dia em que os corpos em que batem forem para seus calabouços próprios. Pra nunca mais queimar o sol na cara. Nem quebrar a cara em dias nublados.