terça-feira, 28 de agosto de 2018

No esfarelar das linhas curvas

Imagem: Projetado pelo Freepik


Agosto. Mês do cachorro louco. Vez de soltar loucuras que ficaram na casinha sem latir. “Thu Thá dhoido?”, perguntaria um amigo soteropolitano em SP. “Thum, tha, tha, thum, thum, tha”, tocaria um som na laje. Inda não. No batidão, não abatido. São? Muito menos. São muitos Fragmentados para dar conta. 


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A análise diz pra ficar quetim, no nim, tipo Passarim mineirim. Crioulo dá Nó na Pipa, na orelha. Mil tons de sóis resistindo nas bocas das noites. Ao amanhecer, pães de ló. Lô. Clube da Esquina manda “aquela abraço”. 


Gilberto — não o João que pede para todo mundo ficar quieto quando canta, ou outro —, canta OK, OK, Ok, falando do seu direito de não ter opinião sobre tudo. Do nosso. Tom. Veloso não é Brasileiro de Almeida, mas ainda assim deu boas mostras de ser filho de peixe grande quando cita que “todo homem precisa de uma mãe”. 


Se não quer ouvir besteira tampa os próprios ouvidos, e a boca de Trump e de Bozos nadas. Será que o FBI vai recriminar isso aqui? “Ai, ai, ai, papai”. O RostoLivro Azul recrimina notícias falsas. Fundado pelo fi do molusco que veste vermelho? Não, senhor. "Prestenção, fião". Um tapão no ouvido ressoaria mais do que mil orquestras. O cassetete seria um instrumento de tirar som dos couros. Gravações analógicas nas calçadas em que corpos caíssem poderiam ser reproduzidas em fitas cassete. Impressões. Repressões. Discos prensados. Sulcos. Lados. A e B. Direita e Esquerda. Ficar no centro é ficar em cima do muro, se achando seguro pisando nos cacos de vidro colocados sobre o cimento para dar sensação de proteção. Ãn?!

“Ão, Ão, Ão, segunda divisão”, torcedores gritam para quem passa do lado contrário da rua, os adversários. Que doido! Que doído! Agosto. Água sem gosto que há tempos não caia, cai. Anteriormente, jogador que sempre caiu, caiu de novo, inúmeras vezes. Nem... Mar... O comercial feito para salvá-lo, ou redimi-lo, ou levantá-lo, não deu muito resultado. Só jogando, se levantando, ficando em pé. Nem marketing. 

“Cai de pé e corre deitada”. Cantiga velha, balela, história pra boi dormir contando carneirinhos. E o Brasil, na Copa, caiu nas quartas. E o Brasil, no voto, pode tentar se levantar, ao meu ver, deixando estatelados no chão extremistas destros e centristas ambidestros. Canhotos são os mais habilidosos, dizem. Místicas.

Haverá poção para o herói nacional Macunaímico deixar de ter preguiça? Quiçá. Quiçaça é quebrada, na gíria. Se tudo isso só faz sentido na minha própria cabeça, é indício de loucura, então chamem Simão Bacamarte antes que ele prenda todo mundo no manicômio e ao ver que só resta ele mesmo se prenda também.

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Amém! Saravá! Sara, vai, chaga verde amarela azul e branca. Que os ratos transfigurados em mosquitos parem de chupar o sangue da nossa pátria. Que a cultura misturada permita que diferentes andem num mesmo plano sem se cuspir. "Capisce?". A cá não é Itália e que dessa vez em diante não termine em pizza (no sentido figurado), porque pizza literal a gente gosta... E tem a gosto, pra todos os gostos. Ó.ká?!




quinta-feira, 31 de maio de 2018

Um gás

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Faltou gás, combustível, energia, força, para escrever nos meses que ficaram para trás. Faltou o ás na manga. Sobraram “mangando de eu” e ai, ai, ais. Não quero com esse léxico parecer fugaz. Muitos pensam que tem um “l” no meio dessa palavra: “fulgaz”. Não. Com dois “éllês” se tornaria full. Isso mesmo: estava full (cheio), e precisava esvaziar a mente, desligar, ficar off. Sem gás, combustível, energia, força, nem bateria. Arriada. “Arre égua”.  Gosto de gastar o português brasileiro, filho de negro com índio com branco: “Que preto, que branco, que índio, o quê”: “Pode isso, Arnado?! A bagunça da misturança. A caçula é Ubuntu. Últimas letras postadas depois do "Bum Bum, Praticumbum, Prugurundum" de fevereiro. Aliás, faltou o ás, mas vai ter Copas! Sim! Copas! Cada um vive a sua copa particular, então serão várias. Há aqueles que se desvencilham disso. Vivem não vivendo. Opção. Eu, particularmente, não comprarei TV 4K com aplicativos de arrasar. Ficarei no tubo, contemplando um saudosismo misto na tela antiga com imagem sem chuvisco. Digital. Eu digito e tal, só pra passar o tempo entre um App e outro no celular, já que o sistema é defasado, o processador é antigo e falho, a memória pouca. Estou quase o substituindo. Não se vive mais sem uma telinha (ou telona, dependendo do modelo) na palma das mãos. É item essencial. Quase substitui inteiramente o PC. Mas tem que ser dos novos, que quase voam. Será mesmo necessário? Ou é só a defasagem programada pra enganar otário? Vou esperar. É uma possibilidade assistir partidas na tela reluzente da grama verde... Força, Brasil! Não a seleção, o Brasil mesmo. É tanta crise externa que crises internas são deixadas de lado (prevalecendo o todo, preterindo o individual). Um caminhão de ideias que antes estavam encostadas no acostamento voltam pra pista. Quem arrisca bravo é. Gente brasileira. Mas é tanta asneira que a gente tem que ouvir e ver sendo proferida que não há cremes pras feridas que causam nos ouvidos. Melhor do que habitar país de surdos-mudos? Vá saber... Antes de dizer isso ou aquilo, vá saber. Antes de repassar aquilo outro que foi ouvido, vá saber. Muito carvão queimado à toa que só faz movimentar trens doidos, “sô”. Escassez de mangas suculentas que estragaram na boleia da estrada. Da fruta, do trunfo, do alimento que da o gás para os próximos dias, suga-se até o caroço. Do resto de carne chupada, raquítica, tutano do osso.

"Me avisaram das ciladas, eu respondo calmamente: eu sei."





quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Cinzas, negras, brancas

Imagem: Projetado pelo Freepik

A quarta-feira de cinzas amanheceu cinza, o tempo condizendo com o dia. Isso viu quem acordou cedo, antes do sol nascer. Olhando por esse lado, a quarta-feira de cinzas amanheceu negra, antes de o sol nascer, como todas as quartas-feiras do ano, nada de diferente nisso. Um tom de cinza, cinza, é algo raro hoje em dia, já que quase tudo que é natural se perde nas nuvens da superficialidade. Um tom de negro, negro, cada vez mais é valorizado, vide o desfile da campeã moral do carnaval do Rio de Janeiro, a Paraíso do Tuiuti, mas, ao mesmo tempo, é preciso desvelar com velas a todos os santos, aquilo que continua incrustado, velado na população branca, branca, (como a Húngara mulher de José Costa, em Budapeste, de Chico Buarque).

Desaforos vindos de crustáceos do mar molambento. Mambembe. Cigano. Quem pulou, pulou, esperneou-se com gosto, como pode, vestindo a fantasia dos sonhos ou a fantasia do seu eu verdadeiro (ou a fantasia que deu pra ter na crise): "mas é carnaval, não me diga mais quem é você, amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar...". Só não vale ter crise de identidade na volta à rotina.

Quando se vem de um fim de semana onde o carnaval caiu na terça e o feriado foi prolongado — sem ser possível na quarta de cinzas o expediente começar às 12h, pegando no batente em horário comercial —, a impressão que se tem é a de uma segunda-feira ao quadrado. Assim sendo, mesmo os mais quadrados, — aqueles que não saíram para blocos, bailes, desfiles, não vestiram abadas, roupas coloridas, ou se despiram o mais que puderam —, sentem o baque.

Natural. Como o sol. Como a sequência de dias e de meses. E assim segue o ano. 2018, depois de Cristo. Um colonizador português caricato diria: “Ai, Jesus...”. Fevereiro terminando numa quarta, cinza, enegrecendo ao cair da noite. As permissões dos cinquenta tons correram soltas. “Sem... Or...”. E que venha o parça março. De percalço em percalço, sobressalto em sobressalto, continuamos; com a cabeça em riste, olhando para o alto, buscando a luz, mesmo em dias acinzentados.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Missiva Velha de Ano Novo

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Missiva Velha de Ano Novo, 31 de janeiro de 2018

Desatarefado (a) leitor (a)


        Olá! Como vai?! Espero que essa lhe encontre bem. Se até aqui chegou é motivo de lisonja para mim, pois em meio ao imenso mar de informações, canções, vídeos — de tudo um quanto queira que paire na rede —, insististe e clicaste no link que apareceste perante vós. Sim. Comunico-me desse modo retrógrado. Não. Não me tenha ojeriza. É que nessa pequena quase extinta cidade onde habito (Missiva Velha de Ano Novo), que quase não figura mais nos cabeçalhos dos imberbes em colégio, este é o modo de ser contumaz.

Uma carta em blog soa como carta fake, tal qual as fake news que nos circundam? Um tema que deve nos deixar circunspectos pensando sobre o que se irá escrever, opinar, compartilhar. Opinião sobre tudo? Desde 1930, ou desde sempre, tem-se os sabidões...

Lendo o livro de Cartas de Graciliano Ramos (de 1930, ora veja) voltei a matutar nas especificidades desse gênero de escrita que, também, por coincidência do destino, é tema de um texto em que venho trabalhando (quando sobra tempo além do trabalho do dia a dia). Tempo: o tempo que leva para escrever (a meditação e posterior transcrição quase mediúnica diante da folha em branco, porque se for premeditado haverá breques e a caneta não deslanchará)... O envio... A resposta (caso venha). O fator tempo! O espaço de uma A4! Trabalharei melhor o tema naquele texto citado acima quando o tempo e a iluminação das clarividências me deixarem gastar esse valor sagrado na modernidade — horas passam rápido quando palavras vão ao longe desembestadas.

Já Drummond — mesmo antes de ser/estar monumento sentado, com todo o tempo do mundo, e todos os óculos da cara (quando não o surrupiam) —, matutava na carta ideal que teria que ser escrita, mas nunca era, o que está relatado em O HOMEM QUE FAZIA CHOVER & outras histórias de Carlos Drummond de Andrade, na crônica ‘Projeto de carta’, pág. 63. Uma carta com 63 páginas seria um romance, ou um livro de cartas... Digo isto apenas para não perder o ensejo da temática, o fio das palavras... Perdoe-me se caio em repetições desnecessárias. Ou, descarte-as.

Em tempos de mensagens instantâneas uma não visualização já causa alvoroço. Tudo precisa ser respondido na hora, no talo, na lata, exigindo grande poder de revide, de retórica a pobres plebeus que não foram agraciados por Zeus com essa característica, não tendo o dom, e nem querendo se esforçar para tanto.

O poeta que fita todos na calçada de Copacabana, impávido, era taciturno por natureza, de poucas palavras faladas. Em uma de suas crônicas dizia querer ter o poder de ‘chegar ao outro’, o que era difícil para ele. Ao passo, escrevia cartas sem-número para inúmeros leitores e/ou escritores, trocando experiências, dando conselhos; chegava e chega aos ‘outros’ tantos que o leem ontem/hoje/sempre de forma magistral. Um comunicador descomunal, impávido, que para voar nas palavras escritas necessitava não dar um pio.

Quem sempre fala o que vem à cabeça muitas vezes se esquece de preencher o oco da cachola.

Bem. Vou ficando por aqui. Espero sua resposta. Leve o tempo que precisar. Ou se achar melhor não responda, cale, consinta. Sentirei, mas cada um dá o seu sentido naquilo que recebe.

Ainda no dia 31... Chega tão velha como o mês que já se vai...