O fim da linha é antes do ponto final. E quem lê a
vida ao seu modo decide. Ponto final de linha de ônibus, sofregamente, no
apinhado de gente, cheiros, odores, olores, histórias que têm seu valor íntimo,
que talvez se perca no público, em púlpitos, ou pontos finais de linhas
gramaticais, literalmente.
Como um homem de carnes fartas que bateu a moto e se
estatelou no chão, e, depois do acontecido, o busão passou por ele sem nem
tchum, seguindo o itinerário. Quase simultaneamente à morte de milhares
no Nepal. Enquanto as cinzas do vulcão do Chile coloriram de rosa o cair de
tardes no interior do sudeste do Estado de São Paulo...
Uma engrenagem torta, torpe, onde cada vida vale muito
ao avistar um pôr do sol e não vale nada quando surgem desastres. A humanidade
vai junto. E fica.
Hipocrisia é tampar o sol com a peneira, como se os raios
do Astro-rei não pudessem atravessar as nuvens cinzas, clareando a situação,
expondo o encoberto, dando luz ao que não tinha bom tom, ou dando sobrevida ao
que já era vivaz.
Descobre-se o descoberto. Opiniões a torto e a direto, de
esquerdistas direitos e direitistas tortos demonstram o desejo que todos têm
ainda hoje de ‘descobrir o Brasil’, como quando alguém diz o óbvio. Ululante.
Morre-se tanto aqui quanto acolá, é inerente, pungente, latente, cada pulsar de
novo dia é o início do sepultamento dele mesmo. A esmo. Mesmo em Londres, onde
as cores são soturnas e a Rainha tenta aliar a presença de espírito à
fenomenologia de expressão da matéria física.
Não é motivo pra encostar num poste e se prostrar. É um
valorizar que nenhuma casa da moeda ou bolsa de valores pode mensurar ou fazer
oscilar. Tem que ser sempre válido. Na subida íngreme ou na descida tal qual. Ponto final? Fim? Nada disso. Tudo
isso. Isso. Enquanto não se encontra.