Os encontros com outrem faziam o que era rija
certeza se transfigurar em vaga dúvida. Ao mesmo tempo em que
pulava e achava possível o voo, a força da gravidade o repelia. Achava
que lia o que estava escrito nas entrelinhas. Até cria ser possível alguém
escrever certo em linhas tortas. Andava cambaleando rumo à linha do
horizonte. Do pé do monte olhava o cume e o vento que translucidava não era do
vácuo de um cajado passado de raspão na orelha como um puxão forçado. Era
pura geleira de tremer dentes, de quebrar beiços, não era de brink’s. Era
tudo que não era. Assim sendo, se fosse, só poderia salvar a si mesmo.
Assim mesmo, a esmo, um punhado de fumo puro na palma da mão. O ato
de amassá-lo significava transcendência, não um
sentimento-folha-de-papel que passando por esse processo não retorna ao que
era. Nesse caso, chegava-se a ser o que era do modo bruto, abrupto,
forçando, dispersando-se para depois condensar-se na folha de embalagem de pão,
tornando o ato mais significativo e relevante do que a compra do compartimento que
embrulha. A folha fina e bege, sem querer, ou por estímulo de coisa, inconsciente,
chegou ao inconsciente do ser que portava a coisa e conseguiu fazer com que seu
destino fosse mudado, o seu fim. Não era só embrulho de
corpo feito de trigo, não poderia ser só isso sua vida ínfima. Era mais. Era
parte composição do corpo do cigarro feito por quem não tem pressa nem almeja
praticidade, e por isso retoma o hábito ancestral de preparar seu próprio fumo.
A liturgia de queimar aquela vida sem vida é o próprio sentido de dar vida ao
que não se pressupõe ter. Ele fazia isso muito bem, sem traumas,
acreditando estar ele mesmo, o portador do objeto, se conectando ao íntimo
dele, o objeto, para após se vestir de nova pelagem que não seja só o invólucro
fora da própria alma dele mesmo, o que seus espíritos antecessores de eras
remotas aplaudem do mundo astral — nem coisa nem ser, ou outra coisa — onde
vivem. Era necessário todo o tique contínuo na bola de pensamento que não
exteriorizava. Uma caixa de pandora fechada que poderia ser aberta com vinho de
jurema, sem o regurgitar da ayahuasca (quando é preciso retirar o quê de breu
dentro do oco de dentro ou para fora do cheio, do seio interno). Ele, pajé, se
recusa a fechar os olhos. Quer estar bem cônscio nas horas derradeiras, nos
pequenos motes que podem culminar em bote, salva-vidas, ou em sentido ao
talvez.