Imagem de Freepik
23: ói nói aqui traveiz. Passando ao lado, ao largo. Querendo um lago largo para aprofundar. Afundar. Afrofundar. Heranças africana e indígena. Português por último: independência.
"Africa mãe do mundo". "Meu nome é Tupi". "Fado tropical".
Aqui ainda não A.I. E aí? Não fiz o teste do Chat GPT ou similares. Sei que uma sequência lógica de palavras pode ser seguida para o entendimento de outrem. Ainda quero acreditar que as minhas sinapses, conexões, experiências, artificialidade nenhuma poderá reproduzir, a não ser meus próprios eus, correndo o risco de soar artificial, leviano, falso. A verdade jornalística precisa ser concisa e clara. Acordar cedo e ver jornalistas já apresentando jornais matutinos dá algum consolo por não ter ingressado na área e, dependendo, ter que acordar antes do galo. Peões de obra. Rotina de gado de fazenda. Depois da descoberta da eletricidade e da consequente instalação das luzes elétricas o horário comercial deveria ter sofrido ajustes.
Imagem de jannoon028 no Freepik
Ao mesmo tempo em que a tecnologia só evolui, passageiros continuam apinhados em busões cedinho e à tardinha, agora com celulares do ano financiados e fones de ouvido bluetooth para passar o tempão que dura a viagem, mas diminutivos ou aumentativos não fazem diferença no cansaço diário de quem está na base da pirâmide do sistema capitalista, buscando o pão de cada dia enquanto na padaria a mais-valia recai em cima do padeiro.
Imagem de wirestock no Freepik
De Assis acordava às 5h da madrugada para escrever. Redigia seus textos antes de ir para o trabalho na repartição. Era fitness do pincel (já que nem caneta havia). Escrevia à mão. Exercício. Também, não tinha distrações: rádio, televisão, vídeo-game, internet. Hoje é difícil se desconectar, e mesmo fora da rede mundial, envolvemo-nos maratonando uma série, escolhendo filmes no controle remoto. Exercícios dos dedos.
Estou lendo George Orwell "Por que escrevo", no ínterim da vida ou da labuta para sobreviver, como canta Antunes no álbum Paradeiro "essa vida acontecendo às explícitas de tédio nos intervalos da emoção".
Achei que seria um livro sobre o ofício, mas constatei que é um livro político, e, portanto, escrever, como qualquer coisa na vida, é antes de tudo um ato político. Até quem se autodeclara apolítico está se expressando politicamente, e, mais ainda, sobretudo, sem erro, quem renega dessa forma a política vai para a direita ou extrema direita e tem ideias, atitudes e votos retrógrados, em candidatos extremistas e fascistas - como um ex-presidente recente. Orwell expõe no livro a situação da Inglaterra no que se refere à luta de classes; a visão conformista dos meios de comunicação sobre Hitler antes do início da Segunda Guerra Mundial, e de como o "Mercado", o liberalismo inglês na primeira metade do Século XX estava preocupado mais com o lucro do que com a segurança do país perante ameaças estrangeiras; também havia lá um ufanismo patriótico, um "espírito" de pertencimento ilusório, um laço que unia todas as pessoas simbolicamente a despeito das contas bancárias e classes sociais; é impressionante notar como muitas coisas são semelhantes com o Brasil pós-apocalipse, o país em reconstrução; é alarmante ver que muitas pessoas ainda permanecem cantando a mesma cantilena, como o Capital ainda se sobressai mesmo depois da derrocada alemã, e a imagem do murro em ponta de faca é explícita; a humanidade como grupo não aprende com os erros, ou os que comandam a humanidade e mexem as cordas das marionetes com suas fortunas transatlânticas. O futuro é no espaço, depois que tornarem lá habitável, habitando, até a extinção total.
Talvez a extinção venha antes, "ou o que ocorrer primeiro" (cláusula que rege certos contratos). Planetas, galáxias. No México mostraram imagens de seres "Não humanos" que eram iguaizinhos ao ET de Spielberg. Games futuristas anteveem possíveis futuros Cyberpunks, Starfields. As desenvolvedoras são falhas pois comandadas por humanos. Emoções sem sentimento de diálogos robotizados. 23. Já fui fã de simetrias. Tenho tendência. Nasci em um 22, talvez tenha um tanto de toc. "O tempo é rei, disso eu sei, o relógio não para".
Com o girar dos ponteiros, com o avanço da idade (ou pela predominância do signo lunar sobre o signo solar), além da tendência em grifar 11, 22, 33, passei a me afeiçoar por 12, 21, 23... Se a nota máxima é 5, 4 é acima da média; se a meta é 10, "nove e meio nem rola". Dez é número clássico do meio-campo cerebral. Pelé eternizou. Antes de ser eterno é preciso ser agora.
Uma eternidade vazia é se atirar num buraco negro se imobilizando no tempo-espaço. Precisamos preencher nossas lacunas com mantimentos indispensáveis, e pensar que escrever a própria vida é como escrever um romance de relevância social e psicológica. Diz-se que para alguém escrever algo que valha a pena tem primeiro de viver bastante, acumular experiências de vida, sendo possível algo significativo surgir só depois dos 40. Diz-se. Tem gente que vive 80 e não aprende nada. É como a liberdade valorizada só depois da sentença - que o diga os condenados pelos atos terroristas anti-democráticos praticados nos três poderes em 8 de janeiro de 23. Golpistas. Fascistas. Bater com luva de pelica não suaviza a força do golpe que pode ter conotação muito mais simbólica do que literal. E enquanto a AI não se meter no meio disso aqui eu vou "sendo como posso", usando e abusando dos sinais e dos signos, tentando não escrever tanta besteira, deixando para fazer besteira quando ela é bem-vinda, entre 4 paredes, mesmo depois dos 40 a chama queimará, até o toco da lenha, buscando jogar mais bem posicionado e não correndo tanto em campo, apreciando a textura da grama. Eu poderia estar falando de futebol... No final, no end, ou um pouco antes, ou no quase lá, no pré-climax, ainda quero poder cantar como Ice Cube: "today was a good day...". "E será". Gonzaga Jr. Outro nascido em 22 do 9. Ele já morreu. Hoje dia 22, ano 23. Como o título do compacto de KL Jay "Estamos vivos", e vida que segue.