quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Frustra-ação

É frustrante ver a frustração de um frustrado. Um círculo vicioso. Ela, como entidade, vai de um em um colocando a sua face, uma face amarga, apagada, olho ao chão, corpo tombando junto como a gravidade de julgar situações mais graves do que realmente são. Ou às vezes até têm a devida proporção dada, mas ao passo, uma gera outra, e outra, assim sendo, no decorrer, o acúmulo, o cúmulo ter que olhar pra frente, e quem vê, vai se deixando ficar com ela que vai frear passos futuros pela mesma prática feita com a pessoa que precedeu.

O esporro: receber e retribuir são as únicas formas de não se deixar agravar. Via de mão dupla. Abrir quando necessário e oferecer auxilio, pela palma estendida, e fechar em soco quando urge uma contrapartida, virar a mesa, fazer valer o ás na manga, quando ninguém suporia que daquelas cinzas que se mostravam nos olhos surgiria o fogo de novas exaltações.

Surge!

Como uma crosta que se forma por imposições, impurezas, sujeiras implantadas no decorrer, fica difícil de chegar ao verdadeiro cerne, e ai está a principal dúvida: Ela vem antes ou depois da camada rija que embrutece o ser? Caso esteja antes, terá se apossado da alma que por sua vez só terá vez de reinvindicar algo no além – se é que há – mas caso contrário, se ela estiver na casca exterior do muito de empecilhos que se firmou, quebrará a casca outra entidade, vinda essa sim do além, quando ninguém mais acredita: a felicidade. Essa nunca é completa. São momentos. Não há acúmulos. Vale quanto pesa, e o corpo flutua na sensação de estar desfrutando o infinito, por hora. E está. Volátil e transcendente. Tira o peso do que frustra. Dos que frustram. Se frustram. Nos frustram. Como o fugidio insight feliz, é necessário lidar e ponderar, para o menos frustrar.  

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A verdade

Sai do cronograma. Meio que obrigado. Os acontecimentos me levaram a tal. Qual: o futuro é incerto. Talvez tentar ser como todos quando não se é fez a diferença. Ser diferente. Um conselho: Para descobrir o verdadeiro, não use psicotrópicos com conhecidos. Amigos sim, se os tiver. Alteração da percepção só é possível com pessoas afins, para as percepções do que foi alterado momentaneamente não divergirem completamente.  E mais um dia vem, trazendo as suas divergências, e nós, divergentes, completamos ele com as nossas. Mais um toque: se todos que estão alterados no samba não forem do mesmo ritmo de carnavais, a cadência vai desandar. Desandou. Desandei. Ando. Hiro. Não sou nenhum herói, tampouco um bandido. Não houve o surgimento de um monstro que queria ser anjo, foi falha, por querer ser algo mais, ou achar poder, encontrando um mero mortal. Morra! Desejo de alguns, presumo. Aprumo o prumo. Nada. Menos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dar Lugar

Um ano deu lugar ao outro. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Muita gente. Pouco espaço. Conduções. Todos indo para entre o não destino, cumprindo a recomendação dos ponteiros. Sete minutos de atenção é o que se tem da tela da vida, no intervalo tem comerciais. É o que se consegue. A programação está nos jornais. Hora a hora. Dia a dia.

Os mais novos tem que dar lugar aos mais velhos! Exclamação! Um senhor se indigna por quererem lhe dar lugar. Ainda se acha inteiro, ainda se acha um tiozinho. Sukita está fora de moda. Reclamação. E também, logo deixarão de ocupar espaço no mundo, já cumpriram suas cotas de vivências e experiências, ou não, tal qual um virgem de 40 anos, ou um mendigo com cara de sábio, com cara de bêbado, afastado por querer próprio, ou imposição da própria família, por fazer mal aos seus, ou os seus a ele. São colacados em asilos, e, ali na Abolição, os velhos que passam sentados nos bancos destinados a eles, quando vêem aquelas duas casas geriátricas que ficam lado a lado, aquelas figuras sentadas lado a lado, tomam parte intimamente; se for pra ser esse o destino final, antes pegar um sinal. Os jovens em pé idem: Viver cada dia o melhor que der, e antes morrer por excesso do que o inverso. Não se vê verso. Rostos cansados de manhã por noites mal dormidas, novos por quererem aproveitar mais o tempo fora do reinado das imposições de bate-cartões, idosos pela própria natureza, que dá muito sono no auge da força para o trabalho, e o tira quando há um descanso, na aposentadoria, no tempo para si.

A expectativa de vida aumentou. Em contrapartida, menos pessoas nascem – não se vê isso nas classes menos favorecidas onde cada mãe sem pai tem no mínimo três filhos – e por esse motivo existe a possibilidade de defasagem na previdência social. Por ter menos gente para a labuta e consoante manutenção dos proventos dos que já se dispuseram mais de trinta anos, até de mais.

Novas linhas surgem na nova folha branca. A nova velha ideia de querer passar uma mensagem, e, aos poucos, uma coisa dá lugar a outra e outra e outra, e assim sucessivamente, sucessivamente, sucessivamente...