quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dar Lugar

Um ano deu lugar ao outro. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Muita gente. Pouco espaço. Conduções. Todos indo para entre o não destino, cumprindo a recomendação dos ponteiros. Sete minutos de atenção é o que se tem da tela da vida, no intervalo tem comerciais. É o que se consegue. A programação está nos jornais. Hora a hora. Dia a dia.

Os mais novos tem que dar lugar aos mais velhos! Exclamação! Um senhor se indigna por quererem lhe dar lugar. Ainda se acha inteiro, ainda se acha um tiozinho. Sukita está fora de moda. Reclamação. E também, logo deixarão de ocupar espaço no mundo, já cumpriram suas cotas de vivências e experiências, ou não, tal qual um virgem de 40 anos, ou um mendigo com cara de sábio, com cara de bêbado, afastado por querer próprio, ou imposição da própria família, por fazer mal aos seus, ou os seus a ele. São colacados em asilos, e, ali na Abolição, os velhos que passam sentados nos bancos destinados a eles, quando vêem aquelas duas casas geriátricas que ficam lado a lado, aquelas figuras sentadas lado a lado, tomam parte intimamente; se for pra ser esse o destino final, antes pegar um sinal. Os jovens em pé idem: Viver cada dia o melhor que der, e antes morrer por excesso do que o inverso. Não se vê verso. Rostos cansados de manhã por noites mal dormidas, novos por quererem aproveitar mais o tempo fora do reinado das imposições de bate-cartões, idosos pela própria natureza, que dá muito sono no auge da força para o trabalho, e o tira quando há um descanso, na aposentadoria, no tempo para si.

A expectativa de vida aumentou. Em contrapartida, menos pessoas nascem – não se vê isso nas classes menos favorecidas onde cada mãe sem pai tem no mínimo três filhos – e por esse motivo existe a possibilidade de defasagem na previdência social. Por ter menos gente para a labuta e consoante manutenção dos proventos dos que já se dispuseram mais de trinta anos, até de mais.

Novas linhas surgem na nova folha branca. A nova velha ideia de querer passar uma mensagem, e, aos poucos, uma coisa dá lugar a outra e outra e outra, e assim sucessivamente, sucessivamente, sucessivamente...

Um comentário:

  1. Desejo a você que esse ano que está tomando o lugar do outro ocupe os espaços de maneira especial!

    Sempre acompanhando as "ideias".
    Abraços

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