Fiz castelos de cera. Esvaíram no fogo da vida. Deixaram crostas na pele, e não deveria ser diferente. Aquilo foi queimando, queimando, até chegar o momento de a brasa encontrar o chão e morrer. Parecia uma sessão sadomasoquista, querer sentir cada vez mais dor. Mas não foi premeditado. Provavelmente não havia ainda cicatrizes suficientes na superfície do corpo, e da cara, sendo necessárias essas agressividades de mim para comigo; o organismo - sabendo da necessidade dessas experiências -, lançou comando subconsciente para que os atos acontecessem. Na maior parte das vezes só no pensamento, que se julgava um pré-acontecimento, e que se mostrou fraco, imaginativo e fugidio.
Seria momento propicio à oração. Mas não. O que surge é indignação com o zumbir dos ares. Tantos nortes a cortar e cortando logo onde sempre cortou continuadamente. Espaço-tempo de mazelas frias. Como se abrigar de fronte da tempestade de intempéries? Tudo vem liquidificado. Parece que do outro lado alguém espia, e mexe os bonecos como títeres ‘Malkovichs’. Tantas convivências e conivências simuladas que só fazem lembrar o titulo de Fernando Sabino, ‘Os movimentos simulados’. Alguns crêem que há algo ou alguém que rege, e quando a história de um simples fogo se confunde com o de um apurado frio, se interligando por uma vírgula ou travessão, dá para pensar no caso. Ao mesmo tempo, chamas se apagam após só um segundo acesas, ventos batem sempre com demasiada intensidade sobre as mesmas janelas de madeira, e outras mantém a pintura intacta.
Se o pensar positivo é força motriz todos estariam ricos. E ricos blasfemam, valha-os deus, e são menos crentes, afinal o paraíso é em Terra, e não custa a alma, pois quanto custar, pagam. Igualmente, o querer não significa algo absoluto. Tantas rubricas sobre alguém pra no final outro que nunca viu ter nos braços, nos beiços, em laço. Açougueiros. São os apaixonados a moda antiga, saberão o quanto vale. No final, nada. Tanto uns quanto outros; qualquer elemento; o elementar é crestar aos poucos tudo que é sólido, e apesar disso se desmancha, até que os fios se soltem, e nada terá sido dito, em vão ou não. E não tenho.
Giorgito, sem pretensão de querer ser o que realmente não sou, pois padeço do mesmo drama algumas vezes, é imperioso salientar que nessa situação, na minha imperfeita opinião, isso acontece porque estamos dando, a coisas secundárias, importância prioritária em nossa vida. Iludimonos com a festa da carne, transitória, que, em se tratando de eternidade, uma existencia é quase nada, onde deveríamos aproveita-la com coisas mais edificantes. E, particularmente sobre esse tema, o erro se evidencia quando priorizamos a forma e não o fundo de cada ser, que, na verdade é o que realmente traz contentamento!
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