domingo, 27 de novembro de 2011

Planos Confabulados

Andava por terra mesma. Lesma. Arrastava-se. Escorria-se palmo a palmo. Com mucosas nos pés e nas palmas. Ria. Percorria as linhas férreas. Desejava ler Ferréz. Desejava ter lido aqueles livros queimados junto aos entulhos. Desejava queimar seus próprios livros, com receio que se viessem a conhecê-los, o seu filme estaria queimado. Havia todo um psico. Como o de um serial-killer. Mas como poderia ser ele um, com aquele seu ‘mei-quilo’ de gente? Era preciso psicografar. Errava a grafia do seu nome. Sonhava com graffitis nos muros que escondiam o sol. As tardes nunca eram visíveis a olho nu. As noites nunca eram tão escuras quanto pareciam. Obscuras. Nos oblíquos espaços. Nos planos confabulados com os morcegos, com as corujas. Pessoas lhe viravam a cara. Ouvia coros seculares. Sócrates era um filósofo, era um doutor, e poderia ser aquele cara do outro lado da rua. Nome que sua mãe lhe deu. Vida que lhe pariu. Para saber que nada sabe. Procurava matar as horas, uma a uma, com a seriedade de quem faz comédia. Com a ressalva de não ofender os outros. Com o resquício das mágoas cultivadas. Recebia beijos na boca seca por onde muito já salivara. Uivava como cachorro louco, molhado como um vira-lata em dia de tempestade. Os vagões apitavam nos trilhos noturnos. O desespero fazia corpos serem lombadas no caminho. Os maquinistas davam sinal. Já haviam maquinado tudo aquilo de antemão. Sem sinais divinos, sem marcas de nascença, se sentiam impelidos a tombar. Sinal de fogo. Cachaça. Alguns julgavam ser obra do cão. Só sobravam mangas chupadas. Nunca colocariam os lábios em nada semelhante àquilo. Então pra quê? Crianças nascem nos barracos enfileirados. Ao redor. São como placas sem anunciantes nos dias de jogos. Todos. Mulheres dão barraco no SUS. Homens buscam o sustento na labuta diária, acordando com a claridade, dormindo com a escuridão. Seres solares. Ou apenas solas de sapato. Pisantes. Há bichos no curral. Rotina de fazenda, na cidade grande. Haveria infinitas possibilidades! Era a esperança no êxodo rural. Não atinavam com as capitanias. Os capitães lançavam subordinados ao mar sem dó. Culpa da situação econômica. Ele sabia que era preciso economizar. Quanto menos respiração, melhor. Quantos menos respirarem idem. Nessa jogada havia um julgo. Quem ficasse, aguardaria o julgamento final, nas terras de um dono só. Ele parou num bar. Tomou um ar e uma. Em ambos os lados, os púlpitos se multiplicavam, discriminatórios.

domingo, 6 de novembro de 2011

Semanário 1

7 BILHÕES DE HABITANTES no planeta. Em 1999 eram 6 bilhões. Aonde vamos? Até explodir? Não faltam mulheres. Segundo algumas pesquisas até sobram, sete para cada homem, que faltam, caracteres a menos, caráter. Sete bi. Bi hoje em dia é moda, na praça marco zero de Campinas, às sextas-feiras à noite. O Santos ainda é só bi. Para ser tri como o São Paulo terá que vencer o Barça. E no meio homofóbico do futebol zoam o tricolor, como se todos os frequentadores da dita praça e de outras do gênero torcessem pra esse time. Moleques querem ser Messi. Ó messa! Como cantou Arnaldo Antunes: “Tudo se mistura na massa!”: http://migre.me/65aON

NEYMAR DISSE: “JÁ NASCI JOGANDO ASSIM”, em http://migre.me/659hH. No Brasil toda criança nasce com um time pré-determinado e tendo como primeira visão de mundo uma bola. Já antes, sem luvas, pais brincam de goleiro acariciando as barrigas das mães. Messi fez seu gol de número 202 pelo Barcelona. É do tamanho de uma criança, mas joga como gente grande. Lutou contra a pequenez, sofrendo bullying, sendo chamado de cucaracha, barata; depois de ser pisado, agora esmaga adversários. No final do ano haverá a disputa do Mundial de Clubes. Se os times passarem das fases classificatórias, será Barça x Santos, Messi x Neymar. O brasileiro é antes de tudo uma criança descalça com cabelo moicano.

A DUPLA SE DESFEZ. ERA A NOTÍCIA. Todos exibiam: sites, blogs, jornais, revistas, canais de televisão. Ninguém entendeu bem. Rumores surgem sobre o caso. Os dois estavam meio sumidos, o Zezé e o Luciano. Já têm seu público cativo, é lógico. Foi uma jogada de marketing? Refizeram a dupla – logo depois de anunciarem o fim dela. O principal afirmou que foi apenas um desentendimento com o irmão mais novo. O “Zé” continuaria carreira solo com o mesmo público de antes. O “Lu” continuaria a carreira? O irmão mais velho quis continuar com o outro nas vistas, pra evitar eventuais desafinadas nas ações. Com dinheiro e tempo livre, os dois comporiam o que quisessem. Mas só um é compositor. O outro o que é, marketeiro? Pelo menos canta mais que o Marrone – ou compromete menos.

USP PEDIRÁ REINTEGRAÇÃO DE POSSE das terras onde os alunos de Filosofia se fincaram nos matos verdes, no prédio da Reitoria, de onde não arredam pé. Segundo o site da revista Galileu http://migre.me/65a2a, até 2015 será produzido sangue artificial. Enquanto uns curtem o natural – que não é tão natural assim dependendo do fornecedor -, vampiros se corromperão totalmente, indo comprar seu suprimento num supermercado. Dilma esteve em Cannes na reunião do G20, organizada por Sarkozy. Fica a dúvida se governantes se preocupam mais com as causas pessoais do que com as da sociedade. Pedem ajuda ao Brasil. Lula começa o tratamento contra o câncer. A presidenta também teve. A sociedade tem vários, e não adianta tentar seguir uma dieta rígida. Há muitos naturalismos artificiais ou naturalistas forjados.

PASSA-SE O POSTO DE PREFEITO. LIGUE PARA O PALÁCIO DOS JEQUITIBÁS. E continua o carrossel na prefeitura de Campinas. Depois de obrigarem o doutor a tirar o seu jaleco e sair da clínica, assumiu o vice, Demétrio – cujo sobrenome pode ser confundido com genérico de remédio de pílula azul -, que, pelas substâncias apresentadas em sua bula de carreira pública, fora afastado, assumindo o Presidente da Câmara, Pedro Serafim, querendo botar banca nos projetos, sem alusão aos camelôs. Vilagra conseguiu se reerguer, provando momentaneamente que surte efeito. O circo armado no Taquaral foi impedido e liberado. Em ambos os casos, continua a ambiguidade cíclica do globo da morte. Toninho deve estar se revirando no túmulo.

O MÉDICO DE MICHAEL JACKSON pode cumprir pena em sua própria casa, se for condenado pela morte do astro. Há quem defenda a tese de que o cantor-compositor-produtor, multi-artista se drogaria por conta, ou de ser ele mesmo o pedinte das doses cavalares de remédios. Havia uma turnê agendada na Inglaterra. Ou ele estava muito ansioso com isso ou sabe-se lá. A meu ver, o advogado de defesa não passou muita credibilidade pela sua vestimenta de variantes cores de calça e terno. Talvez tenha retórica e persuasão consistentes. Fãs cogitam a hipótese de uma morte de fachada. Nesse caso, o Rei do Pop pode muito bem estar nalgum lugar do mundo, ao lado do Rei do Rock; enquanto um curte as balas, os doces e afins, o outro curte as crianças (sem más intenções aí, até porque acredito na inocência de Mr. Michael Joseph); e se foi inocente nesse assunto, foi também na ingestão de remédios, acreditando piamente em seu médico. Dependendo do desfecho, também se revirará no túmulo, ou perderá a concentração nos jogos de bolinha de gude, na ‘NeverLostLand’.