quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ser e estar

Não importa o lugar. A pessoa depois de feita será sempre ela independente de onde. Se é que é possível um dia alguém sentir-se totalmente feito. Depende da perspectiva. O feito pode ser em relação à concepção, quando o espermatozoide atinge seu alvo. Pode se referir aos três meses de gestação, quando se diz que o feto se constituiu cientificamente. Depois de vindo ao mundo, o ser se torna ser quando as suas definições do que é mundo começam a tomar forma. Mesmo no achismo: “Acho que isso tem que ser feito desse ou daquele jeito...”. Ou com conhecimento de causa: “1 + 1...; vivo no país tal; compartilho a língua e a cultura ‘x’”. Mesmo no jeito de sorrir pra câmera quando vem a intimação: “Olha o passarinho!”. Todos estão filmando. Uns aos outros. Vendo quem voa ou não sai do lugar. Quem ainda tem asas ou as cortou. Cortaram. Quem chuta com o pé ou corta com a mão. Quem estende a mão ou dá de ombros. Quem em um esbarrão de ombros pede desculpas ou fuzila com a íris ou outros órgãos inerentes ao corpo, quando não com extensões dele. Ou? Como o osso que o macaco ergueu ao céu e virou nave na briga por território. 2001. Não passarás? Passou. Tudo passa. Descansem em paz, Nelsons. Ned está explícito, Mandela talvez. “De que me importa?”. É a questão. Pode ter importância. Pode não ter. Depende de como se vê o redor. Do que se conhece. Do que se sente. O conhecimento pode ser empírico também. Depois da junção gradual de corpo e mente ao longo dos anos se chega à visão. O viés dela. Copos, meio vazios e meio cheios. No meio. Na balança do ‘mais ou menos...’ pendendo ora para um lado outrora para outro. Roco de tanto falar sozinho. Tonto de tanto dar volta em volta de si. Sim, claro, menos no escuro. A ideia de noite se modificou depois da invenção da luz elétrica. E mesmo em uma era onde parece que se pode conhecer tudo de tudo, coisas obscuras dos Illuminati continuam surgindo. Teorias. Conspirações. Coisas a que os indivíduos se apegam. A coisa toda é feita de muitas coisas, pra cair na obviedade e não gastar latim. E o cachorro que cresceu com seu dono abana o rabo e não late. Late. Inglês-Português. Nunca é tarde. Sempre é hora. Agora. Os ‘agoras’ mudam, e hoje em dia são compartilhados simultaneamente por check-ins de Fousquare. O que importa é antes saber o que se diz pra si mesmo pra depois comunicar-se além. A vida ‘é vida’. Viver de restos não varia muito da América do Sul para a do Norte. Raulzito que esteve nessa empreitada disse que a diferença é que lá tem muito Ketchup. Aqui prevalecem tomates podres. Ou verdes, fritando. Depois de ‘pronta’ a pessoa pode ir daqui pra China, do Oiapoque ao Chuí, para Marte, parodiando ou não Shakira (pois o amor pode ser uma viajem no universo ou o apego a um simples gesto), e será sempre ela, a pessoa, do jeito que se constituiu. Pode mudar? Pode! Se a bomba está para estourar, sem demora. Achando seu lugar no seu mundo, concomitante ao mundo dos outros, nesse mundo, em todos os mundos possíveis e imagináveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário