Ele
desejava sumir. Desejava estar naquele avião que sumiu. Sabia que teria a sua
Ilha de Lost na pós-vida. E estava perdido. O mundo era o seu mar. Estava preso
no aeroporto como Tom Hanks, e desejava ficar sozinho na ilha, como o mesmo
Tom. Um tom diferente o invadia. Não tinha o ouvido puro mas sabia identificar
uma música pelas seis primeiras notas que eram tocadas, como aquele clássico
toque de celular de Beethoven. Já tinha se deparado demais com o caminhão de
gás. Tinha se esvaído. Melhor se tivesse ido. Pensamento recorrente. Mas sempre
haveria o yin-yang, o positivo e o negativo, o macho e a fêmea. Não que uma
coisa estivesse relacionada com outra. Não havia uma ordem direta, a não ser a
do nascer e do morrer. Não se pode inverter. Algumas religiões fazem isso,
quando mesmo depois da morte se vive, ou quando a morte é um banco de reservas
para jogar outra vida em outro time, com outras cores e mantos. Bantos cantaram
muitos banzos nos navios. Será que tiveram outras chances? Perguntas sem
respostas levam a reflexões. Gritos de torcedores dependendo do ângulo de
audição podem se assemelhar aos dos sofredores. Os dois podem ser um. Igual
àquele time inteiro que morreu em um voo, o sumiço de pessoas em um mesmo
momento pode significar que tinham alguma relação ambivalente. Vital?
Lançava-se na vida com uma única certeza.
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