Hoje
fui buscar o meu diploma de jornalista. “Mas jornalista precisa de diploma?”.
Isso não vem ao caso. A questão é complexa e depois de aprovada a PEC do diploma ainda é aguardada formação de Comissão Especial, e só depois o Plenário da Câmara irá decidir em uma votação de dois turnos. Mas existem
muitas coisas técnicas e éticas próprias da profissão que só são aprendidas na
graduação.
Um
bom jornalista não pode ser inocente e não saber nada. Também não pode ser um
expert em determinado assunto, se não, pra que entrevistas? Deve
saber um pouco de tudo e um tudo de nada. Um ‘tiquinho’ de cada coisa. É claro
que existem as especializações. Isso não livra o jornalista de ser antes de
tudo um generalista, antes de especialista, ou um dos dois, ou ambos ao mesmo
tempo.
Foi
uma peleja árdua. Transitei entre diversos corredores e salas diferentes
durante os quatro anos de curso em meio a professores que já haviam exercido a
profissão – e por isso tinham propriedade pra falar do assunto, além de suas
formações acadêmicas de mestres e doutores -, e alunos que desde o primeiro ano
já trabalhavam na área. Não lembro quantos. Lembro que o coordenador disse logo
de cara que daquela classe inicial de cinqüenta, sessenta alunos, uns cinco,
seis iriam seguir a trajetória e se encaixar no mercado pós-curso.
Ao
longo dos anos muitos foram ficando pelo caminho. Descobriram outra vocação e
ingressaram em outros cursos, ou por motivos diversos tiveram que parar, não
quiseram continuar. Como uma garota que dizia aos quatro ventos que não gostava
de ler. Ficou no primeiro semestre.
Dos
aproximadamente trinta que persistiram até o final, não tenho certeza de
quantos estão atuando. Provavelmente aqueles (as) que já atuavam continuam.
Aqueles (as) que tinham dúvidas firmaram suas certezas.
No
meu caso ainda falta o MTB (registro de trabalho peculiar aos jornalistas);
falta um começo, um primeiro passo no mercado de trabalho, que é concorrido e
cheio de nuances próprias. Não falta vontade. Esse é um requisito básico pra
tudo que se for fazer.
As
grandes empresas são fechadas e têm a sua filosofia própria. Entrar em uma
requer a concatenação com a visão de mercado e de mundo que seja a vigente para
cada qual. A internet abre leques de possibilidades para novas alçadas no campo
comunicacional.
Falo
pouco. Às vezes escrevo além do que é necessário. A linguagem jornalística me ajudou
a ser mais conciso na escrita. De todo modo, sou bacharel em jornalismo.
Bora
trabalhar o texto.
P.s:
Esse texto foi escrito em 24 de abril. Foi quando peguei o meu diploma. Fiquei
na dúvida entre postar ou não. Um tempo depois, ouvindo duas estudantes de
Psicologia comentarem sobre o futuro da profissão, e de como o mercado de
trabalho era concorrido justamente por existirem muitos profissionais se
formando, consequentemente existindo uma remuneração baixa, a frase que uma
disse pra outra me clareou uma verdade: “É, como diz a minha mãe, essa é uma
faculdade para vida e não para ganhar a vida”. E se no fim, ‘nothing’ surgir na
área, fica esse consolo, ou esse conhecimento eterno enquanto se vive. Uma maneira
de ver o mundo, analisando todos os lados, escutando as diversas partes
envolvidas no todo.
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