quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tudo e nada

A justa medida entre tudo e nada. Difícil. Quando não se tem nada, dá-se a cara à tapa sem pestanejar. Quando se tem tudo, uma pedrada ganha o peso de uma pancada com lajota. O nada leva a buscar o tudo com todas as forças possíveis, imagináveis e até outras ocultas. O tudo estagna. Cinco dedos são ambíguos. São tudo e são nada. Uma mão comum. Igual a todas. Para quem perdeu algum em uma das bigornas da vida essa contagem é um todo impossível. Por ora. A ciência não avançou a ponto de a regeneração ser uma verdade absoluta. Enquanto isso tê-los todos os torna imperceptíveis. Não se nota. E a mão fechada para dar ênfase à raiva em busca de tudo assume diferentes conotações. Quatro dedos ou menos. E mesmo os cinco mudam de intensidade, de tamanho, de direção, em suma, de convergência. Os adeptos do nada os perderiam todos se o tudo coubesse afinal apenas em uma das mãos. Olhar na face do mal e sair vitorioso. Vencendo a maldade com maldade, mas não absorvendo o mal no âmago. Se adequando às circunstâncias. A chaga momentânea sarará. E tudo terá valido a pena. Passos para frente e para trás não significam rumos. Podem ser apenas dança. Mexer os pés conforme o ritmo. A emoção é necessária para sentir o clima. Quem comanda é o cérebro, a mente. As sensações são falhas, podem mentir. E que cada mentira dita mil vezes não assuma vida própria. Às vezes não se toca o que se toca, não se vê o que se vê. O corpo ferido pelos embates sempre carregará marcas. Para sempre. E talvez achar que uma pedrada foi pancada de lajota pode pela força do pensar deixar a marca na pele maior do que é. A ferida pode mostrar carne. Poder pensar sobre o nada já cristaliza que não se está mais no nada. Um estágio. Intermediário até a chegada ao tudo. Assumindo o fim como o nada, tudo é esse momento. Difícil. A justa medida.

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