A
justa medida entre tudo e nada. Difícil. Quando não se tem nada, dá-se a cara à tapa sem pestanejar. Quando se tem tudo, uma pedrada ganha o peso de uma
pancada com lajota. O nada leva a buscar o tudo com todas as forças possíveis,
imagináveis e até outras ocultas. O tudo estagna. Cinco dedos são ambíguos. São
tudo e são nada. Uma mão comum. Igual a todas. Para quem perdeu algum em uma
das bigornas da vida essa contagem é um todo impossível. Por ora. A ciência não
avançou a ponto de a regeneração ser uma verdade absoluta. Enquanto isso tê-los
todos os torna imperceptíveis. Não se nota. E a mão fechada para dar ênfase à
raiva em busca de tudo assume diferentes conotações. Quatro dedos ou menos. E
mesmo os cinco mudam de intensidade, de tamanho, de direção, em suma, de
convergência. Os adeptos do nada os perderiam todos se o tudo coubesse afinal
apenas em uma das mãos. Olhar na face do mal e sair vitorioso. Vencendo a maldade
com maldade, mas não absorvendo o mal no âmago. Se adequando às circunstâncias.
A chaga momentânea sarará. E tudo terá valido a pena. Passos para frente e para
trás não significam rumos. Podem ser apenas dança. Mexer os pés conforme o
ritmo. A emoção é necessária para sentir o clima. Quem comanda é o cérebro, a
mente. As sensações são falhas, podem mentir. E que cada mentira dita mil vezes
não assuma vida própria. Às vezes não se toca o que se toca, não se vê o que se
vê. O corpo ferido pelos embates sempre carregará marcas. Para sempre. E
talvez achar que uma pedrada foi pancada de lajota pode pela força do pensar
deixar a marca na pele maior do que é. A ferida pode mostrar carne. Poder
pensar sobre o nada já cristaliza que não se está mais no nada. Um estágio.
Intermediário até a chegada ao tudo. Assumindo o fim como o nada, tudo é esse
momento. Difícil. A justa medida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário