quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Um pio no fio das voltas e reviravoltas

Um pio no último fio do mês. Era anseio. Mestre Telê era “fio de esperança”. O mês se foi, a esperança também. Resta rir. E rio, no presente, mas ri mais, no passado. Com “um rio que passou em minha vida” pelas telas de LED e Plasma. Pasmo. Vi pela janela do lado, no intervalo entre uma condução e outra. Fogos de artifício. Grande plasticidade, “nada de plástico”, como dizem. Foi Rio. Quem viu in loco era estrangeiro ou natural das areias de lá, onde o Cristo abre os braços a receber bem visitantes indesejados em Casa-de-mãe-Joana. Tudo bem arrumadinho, bonitinho, daquele jeitinho. Um brilhinho. Isso pra usar a linguagem tão característica de Vini — o de Moraes, e não o do Mexe a cadeira, mora?! Um pastor de igreja com cinco seguidores gritava no microfone alto demais: “abençoai, pai, paizinho, todos que estão aqui na sua presença”. Sérgio Buarque de Holanda destrinchou essas características tão peculiares dos nativos de cá em épocas de lá. Raízes. Mesmo protestantes contemporâneos não conseguem fugir de preceitos de cristãos colonizadores ou de artistas populares. O herói de Andrade ainda diz: “ai, que preguiça”.
Vieram para fechar o mês águas escorrendo, correndo como atletas olímpicas, elas, as águas, eles, os pingos, bifurcaram gêneros, se transmutaram, se espalharam, e seguiram juntos (as).
            Um pio no último fio do mês era anseio, mas pelo receio no meio fio, ou pelo freio que veio, ele não veio. Meio feio, eu sei... E a folha do calendário virou. Passou. “Tudo passa”, tatuagem no pescoço de jogador famoso. Jogar a vida não é fácil: “nem sempre perdendo, nem sempre ganhando, mas aprendendo a jogar”. E quase sempre o que se tem não se quer, tanto quanto o valor só é percebido quando se perde. Segundo psicólogos entendidos dos assuntos dos esportes, uma derrota pode valer o ouro dum futuro vindouro.
            Perdidos no breu da falta de claridade de ruas obscuras em madrugadas tenebres correm atrás de latidas passadas batidas no mês do cachorro louco. Hã?! Louco é pouco! No mais, nada a temer, e mesmo que trema a carcaça, a estrutura óssea é osso duro, edificação erigida com o cimento do discernimento adquirido com a calma dos pequenos montantes de moedas de conhecimento guardadas no cofre por tempo indeterminado. E agora que o lobo mau sopra, ela não cai. Difícil derrubar, e se cair se levanta mesmo depois de furtivo golpe. Periga quando o dedo que é apontado aponta para a própria falta de vergonha na cara.          
           Nem todos os caminhos levam a Roma, poderá haver pés de romã no meio do caminho. Nem toda olimpíada descende da Grécia, piadas de mau-gosto são obstáculos na pista. E na pista dance, até com sapatilha que derrapa. Se o trem sai dos trilhos cabe ao maquinista coragem para assumir sua falta de preparo com a máquina. Se vem turbulência e o avião periga cair, cabe ao piloto com a cara limpa e branca de medo dizer aos passageiros que o fim da linha está próximo. Pode haver reviravoltas, nas voltas que a vida dá. Deve. Por hora, “deixa incendiar, deixa quem quiser ir, um dia a verdade vai ter que sair, mais cedo ou mais tarde não tá mais ai...”. 

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