Um pio no último fio do mês. Era anseio.
Mestre Telê era “fio de esperança”. O mês se foi, a esperança também. Resta
rir. E rio, no presente, mas ri mais, no passado. Com “um rio que passou em minha vida” pelas telas de LED e Plasma. Pasmo. Vi pela janela do lado, no intervalo entre uma condução e outra. Fogos de artifício. Grande
plasticidade, “nada de plástico”, como dizem. Foi Rio. Quem viu in loco era estrangeiro
ou natural das areias de lá, onde o Cristo abre os braços a receber bem visitantes indesejados em Casa-de-mãe-Joana. Tudo bem arrumadinho, bonitinho,
daquele jeitinho. Um brilhinho. Isso pra usar a linguagem tão característica de
Vini — o de Moraes, e não o do Mexe a cadeira, mora?! Um pastor de igreja com
cinco seguidores gritava no microfone alto demais: “abençoai, pai, paizinho,
todos que estão aqui na sua presença”. Sérgio Buarque de Holanda destrinchou
essas características tão peculiares dos nativos de cá em épocas de lá. Raízes.
Mesmo protestantes contemporâneos não conseguem fugir de preceitos de cristãos
colonizadores ou de artistas populares. O herói de Andrade ainda diz: “ai, que
preguiça”.
Vieram para fechar o mês águas
escorrendo, correndo como atletas olímpicas, elas, as águas, eles, os pingos,
bifurcaram gêneros, se transmutaram, se espalharam, e seguiram juntos (as).
Um
pio no último fio do mês era anseio, mas pelo receio no meio fio, ou pelo freio
que veio, ele não veio. Meio feio, eu sei... E a folha do calendário virou.
Passou. “Tudo passa”, tatuagem no pescoço de jogador famoso. Jogar a vida não é
fácil: “nem sempre perdendo, nem sempre ganhando, mas aprendendo a jogar”. E
quase sempre o que se tem não se quer, tanto quanto o valor só é percebido
quando se perde. Segundo psicólogos entendidos dos assuntos dos esportes, uma
derrota pode valer o ouro dum futuro vindouro.
Perdidos no breu da falta de
claridade de ruas obscuras em madrugadas tenebres correm atrás de latidas
passadas batidas no mês do cachorro louco. Hã?! Louco é pouco! No mais, nada a
temer, e mesmo que trema a carcaça, a estrutura óssea é osso duro, edificação
erigida com o cimento do discernimento adquirido com a calma dos pequenos
montantes de moedas de conhecimento guardadas no cofre por tempo indeterminado.
E agora que o lobo mau sopra, ela não cai. Difícil derrubar, e se cair se levanta
mesmo depois de furtivo golpe. Periga quando o dedo que é apontado aponta para
a própria falta de vergonha na cara.
Nem todos os caminhos levam a Roma,
poderá haver pés de romã no meio do caminho. Nem toda olimpíada descende da
Grécia, piadas de mau-gosto são obstáculos na pista. E na pista dance, até com
sapatilha que derrapa. Se o trem sai dos trilhos cabe ao maquinista coragem
para assumir sua falta de preparo com a máquina. Se vem turbulência e o avião
periga cair, cabe ao piloto com a cara limpa e branca de medo dizer aos passageiros
que o fim da linha está próximo. Pode haver reviravoltas, nas voltas que a vida
dá. Deve. Por hora, “deixa incendiar, deixa quem quiser ir, um dia a verdade vai ter que sair, mais cedo ou mais tarde não tá mais ai...”.
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