Mais um aniversário. Não mais a cidade das Andorinhas, mas sim, como qualquer outra grande cidade, dos urubus, dos “... gaviões malvados que batem asas vão com ela e nos deixam...” como na música de Pixinguinha e Cícero de Almeida.
Ao mesmo tempo ainda, às vezes, tem pinta de pequena e, ainda, sempre, dá pinta, como a já difamada fama. Quem bebe a água desmunheca, e quem é natural dela rebate, a alcunha vem de fora para dentro. Frase suspeita.
Verdade é que não gira como uma grande cidade – vide São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro – no entanto essas são capitais, só que os mais de 1 milhão de habitantes sabem que muita coisa por aqui dá essa impressão. Outras não.
Hora ou outra, beco e esquina, ar pacato, interiorano, cadência lenta, nada anda, a vida não acontece, e parece que ninguém faz questão de nada novo, de ir pra algum lugar diferente do que está. É até uma fórmula, já que quanto menos coisas são desejadas, menos frustração se tem, ou, se contentar com o que se tem como se estivesse destinado desde sempre a isso/aquilo/outro. Mas também, aonde ir, cadê os eventos culturais, os teatros, o lazer? Pouco há, é verdade, e quando tem, são preços além da possibilidade de quem pode pouco ou quase nada. A maioria. O essencial. Sem os bondes do passado, correr para ter a integração do cartão de ônibus e pagar só uma passagem durante uma hora, podendo fazer o trajeto de dois ou três ônibus/vãs, da casa para o trabalho, do trabalho para o estudo, ou lazer, e desses dois últimos para a volta ao lar.
No fervilhar dos horários de pico, ai sim somos surpreendidos em mundaréus de pessoas nas ruas, nos carros, apinhados nos coletivos; nas épocas festivas, a Treze de Maio virá um mar de gente, compras a rodo, o povo. O maior shopping da América Latina, turismo de negócios, feeling corporativo. Grande.
Em São Paulo capital, além dos meios de transportes que temos aqui, têm o metrô, o trem, e das vezes que por lá estive, todos parecem estar indo pra algum lugar realmente, de um ponto de partida a um outro de chegada, como os migrantes do norte, nordeste, e talvez essa mistura mesmo é que dê o toque de cosmopolitaniedade maior da cidade. Ao mesmo tempo, como li algum dia em algum lugar, esse fator também não dá aos cidadãos de lá a ligação embrionária com a terra natal, já que poucos são oriundos da mesma, o que de certa forma temos aqui, essa identidade, ao mesmo tempo em que temos vários que vem de fora e bebem a água, ou misturam as deles em nossos poços artesianos.
Teremos aqui – oxalá – o trem de alta velocidade que irá integrar Campinas – São Paulo – Rio de Janeiro. Projetos para 2014 com aval do atual presidente e possivelmente da próxima. É esperar pra ver. Pode alavancar o nosso grande aeroporto, e modificar muitas coisas. Pode não acontecer nada. Para quem parece acomodado no trajeto itinerário do dia a dia, não deve causar tanta alteração mundana, e mesmo o preço não muito irrisório não trará a essa parcela grande da sociedade, o desfrute de eventual benefício.
Em 14 de julho passado a cidade completou 236 anos. Todo ano nessa data é passado a limpo um passado que não é em branco. O agora é passado, pois já passou no exato momento em que vivenciamos, e como é necessário investir no presente para ter um melhor futuro, também, é necessário cuidar do passado, se um é sinônimo do outro, e dele/s depende o que virá. Parabéns à cidade. A meta é tentar ser universal falando da própria aldeia, mas ela tem que dar recursos para isso.
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