Escrever sobre o nada. E se cogito o nada, elevo-o ao nível de algo, que é alguma coisa. E dentro do nada está tudo sobre o nada, que é alguma coisa, que é algo.
Não. Escrever sobre o tudo, e nesse tudo está o nada, afinal, tudo não nasceu do nada?!
Que nada, não dá nada. Buscando se consegue um tudo tanto quanto queira. O ruim é no final das contas, tudo dar em nada. Mais que nada, “sai da minha frente que eu quero passar” (ao som de Babulina).
Uma reflexão pura é um pensamento sobre o nada, olhar além, paisagens passando calmas, nuvens indo da esquerda para a direita, se afigurando e se desfazendo, e nenhuma questão é desfeita, pois nada foi formulado. Tudo nos apetece e nos salva da petrificação, da caída, num buraco que, conosco, fica completo, cheio, de nosso tudo, que mesmo após anos não vira um nada totalmente, por mais que as entranhas do planeta suguem o sumo humano, sempre restam os detritos: a marca do homem no mundo.
Sem nome, posses, fama, irá para. Contudo, mesmo com o tudo, isso, o nada aguarda, restando sob o céu e sobre a terra, algo de tudo que foi para o nada.
Intrínseca dicotomia.Com sede de. Sem vontade de. Tudo e nada. Tudo é nada.
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