terça-feira, 30 de outubro de 2012

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A tiazinha muito pequenina olha o passageiro do lado de cima a baixo, de baixo pra cima. O jovem com fones nos ouvidos não lhe dirige o olhar. Está fixo na paisagem, como paisagem. Teso. Tenso.
Vai ver no tempo dela as pessoas fossem mais cordiais; ou está carente mesmo. 
O que ela espera? Um “bom dia!”, “boa tarde”, “boa noite”? 
Para ele não há divisões. Quase nem dorme. Talvez seja isso: o olhar de zumbi velho em rosto aparentemente novo deixou-a estupefata e, a cada minuto, olha novamente não acreditando realmente que ele seja uma pessoa real. 
Ao sair de perto dele se benze. 
“Virge, minha nossa senhora, é o fim do mundo! Será esse o Benedito?”.

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