sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Brumas

As brumas se embromam e o sentido se esvai pouco a pouco. Não há refúgio em Brahmas, nem em um embrenhar em matas. O mato está seco. Até Vanessa veio de lá para cá. E aqui, todos mais cá, que lá. Caídos. Caindo. Como frutas verdes de árvores. Como pássaros acertados por estilingues. Brincadeiras de moleque. Ele não teve. Não tiveram. Não tinham tempo. Tapados que não assistiram Topo Gigio, mas sim águas correndo pelas ruas, na tela onde a imagem exibida era a do local onde moravam; como um filme da vida real, como um vídeotape com os melhores momentos dentre os piores. Aglomerados. Conglomerados. Lotações. Loções após barba que não são usadas. Barbas por fazer maquiam faces marcadas pelos anos, pelos sóis. Há fios de suor que escorrem. Pêlos queimados: quase matagais em chamas. Um mulato que fica negro por vários cânceres do meio-dia. Ultravioletas. Raios que partem. Outros povos de mundos similares ou mais avançados assistem. Insistem em rir com as insistências dos erros consistentes. Binóculos de tecnologia avançada. Enxergam buracos negros. Os que são observados usam óculos de lente preta, comprados no camelô. Camelos pastam na areia movediça. Nos pântanos de concreto. Caquéticos meninos novos não sabem de outros planetas. Nem de estados. Nem de países. E ele pula a poça para entrar na carroça hi-tech. Corrimões por onde passaram mil mãos. Bactérias. O reino Fungi é forte. O carro forte é fraco, pois está sendo guiado por bípedes falhos. Fulos. Só carregam os pacotes. Sentem o cheiro, lambem o beiço, mas o gosto é subjetivo. Deve parecer isso ou aquilo. Só sabe quem tem a chance. A vez. A voz dele tosse. A gripe é do ar-condicionado. Condicionado a tomar remédios. Os anticorpos já morreram. Ante um corpo morto, muitos são indiferentes. Ele não. É um corpo-morto no tempo-espaço. Vive.

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