sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Danças do tempo

Dançavam conforme a música dos pingos d’água que caiam incessantemente sobre os corpos. O calor de brasa fazia com que as gotas se evaporassem rapidamente. Presentes compartilhados. Passados superados. Futuros almejados. Espíritos calejados. Estados sólidos da matéria que poderiam se permitir ficar gasosos e voar com o vento ou, dependendo do caso, serem maleáveis como o líquido. Passo a passo, mão com mão, para não haver queda. Pulando as poças. Emergindo de fossas. Ir para a roça seria um refúgio e não uma figura de linguagem para alguma perda. Não havia peso e medida para saber o que significava. A balança não pendia, por precaução dos instintos ponderados. Tudo nos pontos de vista: como os grãos que um astronauta vê na Terra, olhando de cima; como a beleza relativa de um filho para a mãe; como o valor de vidas que não podem ser mensuradas e que mesmo assim se vão aos montes todos os dias em todos os cantos. Também surgem outras. E o choro é canto que encanta como uma música boa para os ouvidos por trazer a novidade de timbres e melodias novas, como pode enfastiar ao longo de madrugadas fatigadas sem sono, na balada do bebê bonito (na maior parte das vezes eles sempre são). E são o pai reveza, para que o filho permaneça a salvo. E irá ensinar os passos das músicas que todos dançam, irá ajudar a levantar, irá incentivar nos bailes. Se for balé, que seja. O que vale é a felicidade. O resto é balela. E ela é subjetiva. Encontra-se nos subsolos. Onde todos ouvem os seus sons prediletos nos periféricos externos e todos os seus sons internos mutuamente, até os preteridos. E isso vem das danças. Dos que dançaram – literalmente ou figurativamente. Mas nessas horas estão todos parados, sentados ou em pé, nas viagens do dia a dia, entre um local e outro, nos intervalos da emoção, ou se emocionando com simples sinais do tempo, como o sol, o vento, a chuva.

2 comentários:

  1. Interessante e intrigante... queria um dia poder conversar sobre esses escritos contigo! :)

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    1. Conversaremos em breve, quando você vier visitar a nossa cidade das Andorinhas. Até.

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