Quem nasce em setembro tem um pouco do desabrochar da primavera. Como uma estação que acaba e outra que começa, tem um quê de re-começo; querer de mudança; síndrome do “mais”. Não que quem nasça em outros meses não possa ter essas mesmas características, é só uma soma aritmética do momento da concepção até o vir ao mundo efetivo.
A pessoa que nasce nesse mês foi feita em dezembro, no máximo no começo de janeiro. Disso pode-se supor que o desejo veio do desejo de comemorar o ano bom fechando um ciclo e começando outro, ou a ideia era dar um start em novos planos, e nenhum plano é mais mirabolante do que conceber uma nova vida. Em tese. Na prática – que é executada ao bel prazer -, um filho pode vir sem planejamento algum, mas hoje em dia na maior parte dos casos não se pode usar como desculpa a desinformação, nem a falta de televisão.
Foi um passo adiante para o casal: colocar alguém mais naquela relação a dois, alguém que dependeria dos dois por muito tempo, alguém que teria aspectos vindos da somatória dos dois códigos genéticos que por suas vezes eram conjuntos anteriores misturados. Sagas. Famílias.
Talvez por tudo isso, fazer aniversário nesse mês seja como um ano novo pessoal antes do ano novo derradeiro; seja a hora de fechar a casa e fazer a limpeza do que aconteceu deixando a folha em branco para novos rabiscos. A caneta: a vida é como aquela borracha com uma ponta vermelha e a outra azul que se dizia apagar tinta de esferográficas. Nunca apagou. Nunca apagará.
E de setembro a setembro, de primavera a primavera, vão sendo feitas as contas das primaveras dos que nascem em setembro. O somar de redundâncias ou do domínio da linguagem.
Mais um mês, apenas. Tudo depende do olhar. De como se vê. Re-começos, mudanças, mais.
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