terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Mês guia

Janeiro passou com tintas incólumes, como se não houvesse existido. Natimorto. Não há outro jeito de dizer isso. E se não nasceu, não morreu. Vida é Lispector. Vida é Sabino. Vidas Buarques. Machado que corta cordão umbilical não mais necessário. Assaz. Assis. Graças a Graciliano. Influencias são guias. Auxiliam pessoas que enxergam e ao mesmo tempo são cegas. Desprender-se. Ir por si. É preciso tatear, ver com as pontas dos dedos o barro que desmancha, afundar-se em crateras, sentir a rispidez das superfícies ásperas. Imergir. Emergir outro. Firme nas convicções das experiências, próprias ou repassadas. Há quem veja o que ninguém vê, visionários, sensitivos, loucos. Há sanidade nos sanatórios. Nos sanitários, excrementos coletados e depois analisados para decretar a saúde do corpo: “Sai pra lá, Zika!”. Projetos de gentes escorrem pelos ralos. Desejavam vir à tona, mas o desejo latente leva ao onanismo. Sem microcefalias. Em sonhos, poluções noturnas. Mesmo fechando os olhos “tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus...”. Bendito seja Benito. Viajar pode ser físico ou psicológico. Tóxicos podem auxiliar no intento. “É?”. Pode ser... Toda certeza subjuga, toda dúvida traz sombras, sobras, sabres de luz bundas de vaga-lumes que só são bem quistos nos brejos ao redor de vilarejos onde ainda não tenha chego energia elétrica. Corpos têm eletricidade. Dão choque. Chocam-se. Átomos. Domingos se esvaem em átimos. Jogador acometido por mal súbito pode ficar estirado no gramado de vez sem a presença do desfibrilador. Nesse caso, acabam-se as dores. Irá jogar o jogo do eterno. O nada. “Céu?”. Paraíso de Viracopos. Em fevereiro tudo volta ao normal (que é relativo), após o carnaval (que é absoluto). Partidas dão vida aos domingos à tarde. Guia é patuá. Amuleto. Sorte nas percepções. “Manja?”. Iemanjá. Dia 2. Mês de 29. Ano bissexto.      

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