quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Todo natal descende de dezembro?

Todo natal descende de dezembro? Tudo são convenções...

Esse ano que finda tentei dar nome aos bois. Erro. Mas o erro, nesse caso, fica para dar ênfase ao estilo e pela relação do erro com o esse. Esse erro. Não, não é poesia, mas também talvez não seja prosa, seja apenas berro que encerra algo que vem gritando de dentro, causando agitação dos órgãos internos, náusea, até surgir em refluxo, nada róseo. Parei!

Quando vem o fluxo de palavras cadelas, correndo em matilhas de lobos selvagens desafortunados pela seca de um pasto ralo, acaba-se o tempo de correr atrás do próprio rabo. Corre-se atrás de algo outro, inominado. Correm-se riscos. Nessa virtualidade arisca onde há profusão de informações que passam como riscos-raios de Thor-Trovões, céus dos olhares se escurecem em face do turbilhão. Perde-se o fio da meada como agulhas em palheiros. Cigarros de palha não são mais tão acendidos. “Aceite...”. Aceito. "Mas pra que um bloco de palavras encalacradas nesse meio? Urgimos títulos concisos e diretos que, se possível, esmiúcem o assunto o máximo que der, para não ser preciso clicar e ver mais do mesmo", indagam. Indago-me: Pra quê?

Por isso, nesse, divido os blocos, sem bloquear-me. Ao passo, não abro caminhos. Apenas jogo algo ao léu do julgo alheio. Refino o meu crivo. Dou meus pitos. Solto a fumaça do tabaco queimado na cachola. Tenho a pachorra?

Ah... Fugi do tema. Nem tanto. Durante esse ano, quase tudo que escrevi nessa parede de pedra da minha caverna tecnológica teve relação com os meses. Vejamos:

“Janeiro passou com tintas incólumes, como se não houvesse existido. Natimorto. Não há outro jeito de dizer isso.”

“Em fevereiro tudo volta ao normal (que é relativo), após o carnaval (que é absoluto). Partidas dão vida aos domingos à tarde.” 

“Abril está se fechando. Quem viu, viu, ou mentiu que viu como os adeptos das brincadeiras do dia primeiro.” 

“Maio, moiô, caiu, derrubou. Derrubaram! Foi duro o golpe, e só cai quem está de pé. Quem cai está só. Só.” 

“Emburro. Calo. Eles esfregam os prêmios na minha cara e me dão croques e beliscões. Chamam-me de Junho e riem, riem, com impostação na embocadura. Fico frio. Meu nome é Junho, e estou indo embora.” 

“Setembro citando agosto: Um pio no último fio do mês era anseio, mas pelo receio no meio fio, ou pelo freio que veio, ele não veio. Meio feio, eu sei... E a folha do calendário virou. Passou.”

“Não me lembro de um primeiro outubro. Lembro-me do vermelho (o filme), e do rosa (a causa). Ainda nele, por agora. Não lembrar é lapso de memória relapsa que seleciona fatos ao bel prazer, ou, não conta até dez antes de rodar a roleta do que fora guardado, contando apenas até o mês nove, e no fim a bala nunca alcança o destino no tiro ao alvo do mês posterior (dez), saindo pela culatra.”

Taí. Quase tudo. Nessa retrospectiva revejo o que passou. Retomando abril, quem viu? E quem disse que viu, viu ou mentiu? Difícil. Visualizações não são convertidas em curtidas, compartilhamentos, comentários. Mas será essa a única medida? Estou choramingando lágrimas de crocodilo? Estou mendigando? Pedindo migalhas? Apenas estou. Constato. Meço-me. "E agora, José?" virou música. Nesses momentos, musico-me.

A pergunta que fica: Todo natal descende de dezembro? A minha resposta: não sei. Tudo são convenções. O que sei é que esse texto descende de todos os anteriores. Podem existir vindouros, sim, mas também existe o talvez, os “por quês”, as olhadelas para baixo do topo do último andar, os pulos suicidas ao desconhecido — qualquer aventura que resulte em bem-aventurança ou desventura —, que podem resultar em chão de outra matéria, feita de sonhos, como em "Abre los ojos", o filme, (o original espanhol e não o americanizado estrelado pelo famoso “Cristo” da Cientologia), o que não trará estragos à carcaça. Talvez o requinte de corda que segura Tom Cruise na sua missão. Impossível? Não. Ressuscitará no terceiro dia. "Ressuscita-me". Valha-nos Maiakovski, Caetano, Gal. E tal. Natal. Vez. Vezes. Não existe ‘talvezes’. Ok! Parei de novo. Por aqui, no “e agora?”, antes de nada, antes de tudo.

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