Gostos...
A gosto. “Eu gosto é do gasto” — como os Hermanos —, dos rasgos na noção de
espaço, na perna, no braço, no baço. Marcas identitárias que definem mais que
etnias, que classes ou redes sociais. Vacilos banais que resultam em aberturas,
fissuras, compassos que só fecham um desenho de círculo no fim derradeiro. Fim?
É tudo que dá passagem a novos tudos que mesmo sendo quase nada, para quem tem
é algo. Objetividade falha, óbvia, tranquilidade que anula o necessário fervor
de estresse, sendo preciso a pessoa ser jogada dez vezes ao mar e assim talvez aprender
a nadar. Borrifações de venenos que só trazem agrotóxicos às mesas. Firmeza...
A água mole que cai do furo do teto faz um barulho forte na lata de tinta
vazia, reutilizada várias vezes na casa de pau a pique. Pique de correr. De trazer
pelo menos um bolinho a tempo do “é pique”. "Me diz o dia do seu
aniversário que eu te falo o dia da semana que você nasceu" prometia com
convicção a tiazinha de cabelos brancos que passava pelos aglomerados de
happy-hour no horário de pico, com jogos de loteria vencidos e sacolas cheias
de algos indefiníveis. De que adianta essa adivinhação? É o restolho das
certezas. Em um dia que vira noite pelo eclipse que "dizem" pode
mudar o futuro dos signos. Digno é o bicheiro que sabe o número de todos os
bichos. Gostar de alguém é colocar o tempero na medida, dourar com louros de
sagacidade. É perpetuar a espécie pelo ato mútuo de se reconhecer no outro como
ser humano. É o que resta antes do cataclisma, em meio ao caos. Pelo fim do vão do mês do cão palavras vãs se esmigalham aqui e
acolá como pedaços de pão. Duro. É mole?! Engolir seco um grito rouco corrói a
garganta. Uma cratera que fica por dentro, internalizada, mas que muda o sabor
de tudo que será vivido a partir de então. A gastos... "PQP, pisa no freio Z!".
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