sábado, 15 de maio de 2010

Escrever fácil é difícil

Um amigo meu disse não ter entendido o que escrevi na postagem anterior. Eu disse que não estava muito bem quando escrevi a postagem anterior. Gripe, sono, cansaço, embora os dois últimos fatores eu tenha que enfrentar sempre quando vou escrever.

O desejo de ser compreendido sempre surge, mas, pela constância de comentários, pelo sucessivo aumento de seguidores – ironia – ou não estou conseguindo me fazer, ou estou sendo tão bem nisso que, não gera nenhum retorno, não suscita nada em ninguém (talvez nem em mim mesmo).

Quando leio Graciliano Ramos fico nauseado como quão tão simples parece sua escrita, conseguindo a façanha de fazer parecer cada palavra soar exata. Ao passo, em muitos dos seus livros consta a sua máxima célebre:

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.
Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

Às vezes procuro um estilo mais rebuscado, ou é ele que me procura. Penso que a palavra nua e crua diz pouco, vale mais uma idéia, e pode se somar uma coisa a outra.

Vou lavar minhas palavras sujas, não chulas, e ver se toda a sujeira que falo/escrevo se esvai, para que assim possa compor linhas mais alvas, claras, mesmo se for pra falar do obscuro, tentando nunca perder a candura...

Nenhum comentário:

Postar um comentário