Era questão de honra. Pegar o ordenado e dar a ele um significado livre, no meu caso, livro.
A intenção primeira era dialogar diretamente com o mestre em colocar palavras com uma beleza angustiante em sua obra Vidas Secas. Por ser livro pedido em vestibular, na época, nos sebos, não havia nenhum exemplar, e o preço de um novo seria muito dispendioso.
Após percorrer pela cidade como um Fabiano que percorria os seixos, vi meu corpo esquelético como o de uma Baleia arfar ainda mais. A fome pela peregrinação começava a afetar meus sentidos de direção então, na falta de um, optei pelo outro. Angústia. Tanto o livro que comprei quanto o itinerário de chegada até ele.
Creio, pois, que o estilo do escritor está preservado. Pra mim, é aprendizado. Já li os dois livros citados; agora se tornam imprescindíveis para o meu novo projeto de escrita (tinha um em 03 de outubro de 2.008, quando comecei estas linhas cá). Mais do que críticos literários, analisar sobre os autores, ao meu ver, o melhor modo de absorver a essência da obra, é o contato direto, mesmo levando em conta os vários sentidos que o leitor possa atribuir.
Na contracapa do que adquiri, Graciliano diz que às palavras deve ser aplicado um processo semelhante ao da lavagem de roupas das lavadeiras de Alagoas: “elas começam com uma primeira lavada...”, vide o post “Escrever fácil é difícil”, o que concordo em partes e em outras o contrário, discordo.
Às vezes palavras adornantes dão toque de estilo contribuintes com a forma do texto. Dizer por dizer é só conteúdo e como dizia um certo professor de literatura “literatura é forma e conteúdo!”.
Agora surgem os livros digitais, Ipads, Kindles da vida, e uns afirmam que é a evolução natural no modo de lidar com a escrita, outros retrucam que o hábito antigo, íntimo, particular, tátil que se tem com os livros impressos nunca irá acabar, vide a obra Guerra e Paz de Tosltói ser algo muito grande para ler na tela brilhante de um leitor eletrônico, afora cheiro de papel, páginas, os que lambem o dedo nas viradas de orelhas...
Depois dos percalços, navegando pela internet, encontrei “o dito” para leitura e/ou download caso quisesse e pudesse. Até quis, e comecei a empreitada, mas sinto um freio em ler no computador, perde-se um pouco do encontro consigo mesmo, mesmo. A atenção fica dispersa pela rede, mesmo.
Re-li os dois “do dito” escriba no modus tradicional. O projeto de escrita não vingou, ainda (07 de agosto de 2.010). As águas vão rolar. Talvez a vida de alguns deixe de ser tão (Sertão) seca, e pior que seco o corpo é seca a alma, quando não uma união. Vide o que quiser, leia. E pensar que Paulo Coelho é um fenômeno de vendas mundial.
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