sábado, 16 de abril de 2011

Crônica de um presente anunciado

Tinha tudo a ver – se é que ela já não tivesse visto, e ouvido – com sua volta da Itália.

Quando vi na banca de jornal o último volume dos vinte da coleção do Chico Buarque ‘Chico Buarque e Ennio Morricone, sucessos do compositor brasileiro cantados em italiano, com arranjos do maestro’, pensei que era na mosca: um gosto da língua de lá com as vivências das músicas daqui.

Se não me engano ela já até tinha me mostrado alguma coisa do tipo. Na época não levei muito em consideração. Nós, consideramos muito o autor de ‘Construção’, ‘Roda Viva’, como todos das Terras de Vera Cruz. Inclusive até já apresentamos espetáculos músico-teatrais do mesmo. E não tem jeito: é unanimidade que ele sabe falar da mulher e para mulher como nenhum outro consegue. A apresentação inspirada no sexo feminino que nunca foi frágil, era pautada em diretrizes quais esboços de novas canções do mestre. Tinha poesia, tinha melodia, tinha sentimento. Tem. Eu até ousei compor algo que mostrasse a minha visão sobre o assunto (vulgo lado oposto, mas que sempre tem que estar junto, do lado e não atrás de um grande...); com certeza não cheguei nem perto.

Chico – para os íntimos e muitas íntimas suponho – cresceu rodeado de mulheres. Claramente isso foi um fator determinante. Não só. A sensibilidade também conta. Canta.

Ela foi pra Europa, pro país quatro vezes campeão mundial, a terra da pizza como é conhecida popularmente. Lá, teve vivências artísticas e pessoais que nunca teria por cá, país da pizza, piada pronta.

O tempo e o espaço geográfico separaram um pouco nossos ensejos. Quando soube da volta dela, e vi o encarte robusto, cheio de informações pertinentes e fotos, resolvi comprar para presentear. Na verdade, um pouco depois, e, se tratando de coleção, os vorazes consumidores já haviam retirado todo o estoque das ruas. Encomendei.

Ela pisou em solo tupiniquim novamente. A encomenda não veio. Por coincidência, um tempo depois já era data de seu aniversário dela. Pronto: Vai ser o presente! Não foi. Não veio.

Agora, passados alguns meses, chegou, e entrego para ela, você, esperando que venha em boa hora, relembrando as venturas passadas no exterior, fixando nosso relacionamento interior, de amizade que muitos só vêm, e a gente também escuta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário