domingo, 3 de abril de 2011

Desconstruindo o descrever de uma parede

Essa parede não é somente uma parede. Pode significar muito mais, dependendo do modo que a percebem.

Uma parede é uma separação de territórios. Também pode significar o desejo de alguém se isolar por querer; ou a vontade de quebrar essa divisão, por aquele que é confinado por opção, imposta por tijolos, areia, pedras, cimento, e ir ter com outros seres de carne e osso. Agora, vendo por esse lado – da parede – me pergunto se um muro é uma parede, tal qual o muro de Berlim, muralha da China, exemplos de paredes que representam muitas coisas além do material rijo: um sentimento maleável formado ao longo dos anos por motivos variáveis.

Um super-homem pode enxergar através delas. Ultrapassar o limite do estabelecido, do possível e do impossível, pode ser a intenção de quem se concentra, olhando fixo, meditando, tentando forjar fissuras na massa espessa, quando ainda consegue delimitar realidade e sonho. Quando não, inconscientemente se propôs um patamar inalcançável, sendo o trato consigo mesmo só sair da clausura ao atingir o que havia estabelecido como meta, e não conseguindo, o seu novo mundo, onde pode delimitar as situações das matérias humanas como em tubo de ensaio de química, serão as paredes do quadrado em que reside.

Entre quatro paredes é que homens e mulheres realmente se conhecem, a si próprios e aos parceiros, quando o desejo é se doar ao máximo e compartilhar dessa vivência nessa esfera particular.

A escrita surge individualmente. Um agregado de múltiplos é base para que se construa algo, como plantas de arquitetos, trilhas de palavras.

Não é só colocar um tijolo após o outro. É sentir neles suas particularidades. Para chegarem até a construção, por mais que estivessem juntos no monte, vários caminhos foram seguidos. As marcas ficam. Devem ser levadas em conta na hora de desconstruir o descrever de uma parede.

Nenhum comentário:

Postar um comentário