Dançavam
conforme a música dos pingos d’água que caiam incessantemente sobre os corpos.
O calor de brasa fazia com que as gotas se evaporassem rapidamente. Presentes
compartilhados. Passados superados. Futuros almejados. Espíritos calejados.
Estados sólidos da matéria que poderiam se permitir ficar gasosos e voar com o
vento ou, dependendo do caso, serem maleáveis como o líquido. Passo a passo,
mão com mão, para não haver queda. Pulando as poças. Emergindo de fossas. Ir para
a roça seria um refúgio e não uma figura de linguagem para alguma perda. Não
havia peso e medida para saber o que significava. A balança não pendia, por
precaução dos instintos ponderados. Tudo nos pontos de vista: como os grãos que
um astronauta vê na Terra, olhando de cima; como a beleza relativa de um filho
para a mãe; como o valor de vidas que não podem ser mensuradas e que mesmo
assim se vão aos montes todos os dias em todos os cantos. Também surgem outras.
E o choro é canto que encanta como uma música boa para os ouvidos por trazer a
novidade de timbres e melodias novas, como pode enfastiar ao longo de
madrugadas fatigadas sem sono, na balada do bebê bonito (na maior parte das
vezes eles sempre são). E são o pai reveza, para que o filho permaneça a salvo.
E irá ensinar os passos das músicas que todos dançam, irá ajudar a levantar,
irá incentivar nos bailes. Se for balé, que seja. O que vale é a felicidade. O
resto é balela. E ela é subjetiva. Encontra-se nos subsolos. Onde todos ouvem
os seus sons prediletos nos periféricos externos e todos os seus sons internos
mutuamente, até os preteridos. E isso vem das danças. Dos que dançaram –
literalmente ou figurativamente. Mas nessas horas estão todos parados, sentados
ou em pé, nas viagens do dia a dia, entre um local e outro, nos intervalos da
emoção, ou se emocionando com simples sinais do tempo, como o sol, o vento, a
chuva.
Interessante e intrigante... queria um dia poder conversar sobre esses escritos contigo! :)
ResponderExcluirConversaremos em breve, quando você vier visitar a nossa cidade das Andorinhas. Até.
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