sexta-feira, 26 de abril de 2013

Se pá, PI²

Ele estava pisando em cacos de vidro com a couraça da sola dos pés. Né? Memo! Procurando o Nemo interior que se perdeu. Em meio ao mar que se arrebatou. Sôfrego. Trôpego. Pelego. Passível de erros como toda máquina humana, e também às repetições, assumindo características de um sistema operacional padrão. Símio. Ciborgue. Alguém que bufa, suspira, blefa. 'Cêis' pira? Muxoxo. Dão de ombros em desdém. Dão amém sem fé. Joelhos sujos de promessas. Outros suculentos nas panelas. Oferendas. Prendas. Moedas necessárias para a compra de moelas na venda. Quenga também é ofício. Difícil. Ou fácil. Dependência do que ou de quem se quer edificar. Se é que algo há. Revertérios não seguem critérios. Fogem aos hábitos. Não se forjam em álibis. Consciência limpa dos quarenta ladrões: faziam o que sabiam de melhor. Por que fritar os miolos quando há batatas? Moreno pulmão. Loiro rim. Pode rir, mas... Mais! Abuso de símbolos. Sinais que abrem a percepção: fechados. Guardadas as proporções, todo herói retorna da luta diária com algum tipo de poção que potencialize seu mundo bom, ou que amenize o ruim. Sim! Necessidade de otimismo. Chegando ao limiar, no tropeço, na descida íngreme, ainda pode gritar “Vou cair em pé!”, ou “Isso é uma ilusão, não estou suspenso no ar, entregue à força da gravidade”. Só em sonhos, onde o limite não é o céu, é o chão, no tombo. Ele tudo podia. Enquanto pudesse confiar na sua mente. Se pá. PI².

sexta-feira, 19 de abril de 2013

São Paulo atende às preces dos crentes torcedores

Fé. Era o que os torcedores tinham. Milagre. Era o que esperavam. E o santo que dá nome ao time deve ter atuado nessa intermediação entre o que se pede e o que é concedido, pois, afinal, o São Paulo venceu o Atlético-MG por 2 a 0, e contou com a vitória do Arsenal (AR) sobre o The Strongest (BO) por 2 a 1. Com isso, os dois times foram eliminados da Taça Libertadores 2013, e o Tricolor paulista se classificou em último lugar. Assim, vai jogar nas oitavas de final contra o primeiro. Ou seja, o confronto de quarta-feira passada vai se repetir.

Ronaldinho Gaúcho afirmou que o jogo contra o São Paulo ‘era brincadeira’, treino para a próxima fase. Rogério Ceni, que fez o primeiro gol, de pênalti, e abriu o caminho para a continuação do time paulista no torneio, rebateu dizendo que ‘espera que ele jogue sério no próximo embate'.

Polêmicas à parte, o jovem Ademilson entrou com a camisa número onze e marcou o segundo gol, ‘abrindo o caixão’ do time que todos acreditavam que já estava morto. Renasceu, o Jason.

Atletas convertidos muitas vezes creditam a vitória aos céus, como se a força de um ser superior pudesse influenciar em disputas esportivas do mundo, torcendo para um lado ou para outro. Não. A força vem da torcida, da união de um montante de pessoas com o pensamento em um mesmo ideal (sem contar os que ‘secam’), o que, quando existe o limite da ponderação e do respeito, ainda faz o espetáculo valer a pena, sem barbaridades, torcendo com a alma.

O torcedor sempre será o que move o time, muito além da força do dinheiro que financia o meio futebolístico. Ele não veste a camisa:  traz a insignia do clube em seu coração.

É possível mudar de religião, mas mudar de time é pecado. Amém, a quem faz por merecer as bençãos no gramado, e os louvores nas arquibancadas.

domingo, 14 de abril de 2013

3

Cria das ruas. Crescido nelas. Mais exatamente no entroncamento, no sinal. Fechado, aberto. Vermelho, verde. E a vida sempre fechada, no vermelho, atrás de um verde, com os olhos vermelhos.
Rosto negro e nariz abaulado cheio de brancos dos lados. Cresceu. Uma barba surge. Ou será sujeira dos anos?
Atingiu maioridade: o homem do farol. Ou ainda será moleque?
Alguns deixam trocados. A roupa é sempre a mesma, nunca troca. Tipo personagem de desenho animado. Anima-se para trocar o dinheiro por pedras. Nunca brincou de pedrinhas. Latinha de Coca-Cola, vazia. É esse o uso. Não bebe o líquido. Consome. Dilui o sólido. Com fome.
Sem depressão. Tem afazeres todo dia. Toda noite.
Não vê futuro.
No natal não terá presentes. Nunca lhe perguntaram o nome. Será que lembra?
Mais um dia. Mas para ele não foi igual aos outros. Para os outros que o viram naquele dia também não. Encontraram-no estirado na calçada, tostando ao sol. Deram o S.O.S. Chegou o S.A.M.U.
No sinal fechado, de dentro do micro-ônibus, olhares de desdém, indiferença, pena, dó. Igual quando ele estava em pé. O menino tombou. Não aguentou o baque.
Nunca mais fora visto por aquelas bandas. Funerais fúnebres nos fones de ouvido, ou funks do Rio, dos negros seus irmãos de raça. Puxaram o sinal.