Cria
das ruas. Crescido nelas. Mais exatamente no entroncamento, no sinal. Fechado,
aberto. Vermelho, verde. E a vida sempre fechada, no vermelho, atrás de um
verde, com os olhos vermelhos.
Rosto
negro e nariz abaulado cheio de brancos dos lados. Cresceu. Uma barba surge. Ou
será sujeira dos anos?
Atingiu
maioridade: o homem do farol. Ou ainda será moleque?
Alguns
deixam trocados. A roupa é sempre a mesma, nunca troca. Tipo personagem de desenho
animado. Anima-se para trocar o dinheiro por pedras. Nunca brincou de
pedrinhas. Latinha de Coca-Cola, vazia. É esse o uso. Não bebe o líquido.
Consome. Dilui o sólido. Com fome.
Sem
depressão. Tem afazeres todo dia. Toda noite.
Não
vê futuro.
No
natal não terá presentes. Nunca lhe perguntaram o nome. Será que lembra?
Mais
um dia. Mas para ele não foi igual aos outros. Para os outros que o viram
naquele dia também não. Encontraram-no estirado na calçada, tostando ao sol.
Deram o S.O.S. Chegou o S.A.M.U.
No
sinal fechado, de dentro do micro-ônibus, olhares de desdém, indiferença, pena,
dó. Igual quando ele estava em pé. O menino tombou. Não aguentou o baque.
Nunca mais fora visto por aquelas bandas. Funerais fúnebres nos fones de ouvido, ou funks do Rio, dos negros seus irmãos de raça. Puxaram o sinal.
Nunca mais fora visto por aquelas bandas. Funerais fúnebres nos fones de ouvido, ou funks do Rio, dos negros seus irmãos de raça. Puxaram o sinal.
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