sábado, 3 de abril de 2010

Bananeira

“Bananeira não sei, bananeira sei lá, bananeira sei não, a maneira de ver, bananeira não sei, bananeira sei lá, bananeira sei não, isso é lá com você...” Peço permissão a João Donato e Gilberto Gil, pois esse é o tema. Fundo musical para a crença visual. Dito e ouvido isso, segue a notícia – um pouco antiga (duas semanas) – mas não tão antiga quanto a mania de atribuir divindade a coisas: muitos deram um contexto religioso a uma suposta imagem de Nossa Senhora que se afigurou numa folha de bananeira.

Dar sentido ao objeto é usual do cristão, e até os protestantes usam como fato que a imagem materializada em um santo esculpido não é um representante direto, é um afiguramento, e dizem em alguns casos, até um desmérito. O que a mente direciona toma forma.
Se tomarmos como base uma cadeira, impurgir-lhe aura ou até algum tipo de “alma”, ela será um algo animado, se não à olhos vistos, sim a coração palpitante por.

De fato é tema auspicioso esse mas a base de tudo é a suposta aparição. Ocorreu em Serra Negra há algumas semanas e lotou de gente, uns fiéis outros Tomés, num conglomerado de 300 pessoas por dia. Fato é que nada ficou esclarecido, e como um dautônico não pode mostrar a outro alguém o que seja o seu modo de visão, os que vêem o que querem não conseguem repassar aos que até podem querer mas não conseguem.

A imagem usada para ilustrar esse relato é uma proteção de tela de celular e todas as imagens que se forjam servem como proteção, de uma forma ou de outra. Quando é pai de santo só recebe, mas a fé é como um bônus para mesma operadora – onde falar a mesma lingua não significa compartilhar linguagens.

Quando em música só o instrumental já passa uma mensagem, pode se dizer que a letra pode colaborar mas não necessariamente. Assim, melodia sem letra é música, e letra sem melodia é poesia; quando um timbre, um campo harmônico te leva a um encontro com o cosmos, com os deuses (melhor com as deusas), a conexão alcança êxito sem exigir muitos megas de esforço. Se isso bastar bem, se não, é buscar a letra, um vídeo, ou seja, o visual, aferindo a ele o que convier.

De repente pode parecer muito argumento pra pouco fato mas isso vale mais do que querer elevar um fato sem lançar mão de nenhum argumento, a não ser o da força da crença.
O embate entre filosofia e religião se consome mais ou menos nesse campo onde não há troféus nem medalhas, e pode até ser que o sofrimento em vida leve a um regozijo no Paraíso... Pela razão e discussão do tema, chega-se a diversas conclusões, as vezes sendo os pensadores/filósofos também religiosos e trazendo para seu lado o relevante. Mesmo sem chegada, pódio, decisão, certo é que há muito ouro nas igrejas (dubiamente).

Eu, fico tranquilo na minha maneira de ver, e digo que se houve aparição ou não, isso é lá com você...

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