domingo, 13 de junho de 2010

Época de Copa

Época de copa, jogado pra escanteio. Na mesa de bar, na happy hour, lhe dão as costas, como se tivesse sido escolhido por último para compor o time, por ter sobrado. Quando se dirigem a ele é para falarem – entre eles – qual o motivo de ele não falar nada. Não emite opinião alguma sobre o mundial. Pode até ser que tenha, mas guarda, como segredo de treinamento a portas fechadas.

Em verdade a sua atenção está toda voltada para a moça do outro lado da mesa: morena, alta, sorriso cativante, e entende do assunto bola. Até tem time, e defende o mesmo, como todos torcedores mais fanáticos defendem, mesmo quando a fase não é das melhores. Agora todos estão do mesmo lado, é copa, é a Pátria, e ele não liga. Queria sim ligar pra ela, mas, com os outros como zagueiros ferrenhos, não consegue nem lhe dirigir palavra. E pensa, e se eu conseguisse driblá-los, o assunto chave seria futebol, pentas, verdes e amarelos, o contrário do conselho do pai de um amigo para o filho, jamais fale de futebol com uma garota.

Mira a moça com o olhar, tentando alcançar a meta, o ângulo, o coração. Ela, como uma coruja em cima do travessão, está direcionada para o lado dele só que a cabeça está para o outro.

A estréia do time será na terça-feira. É o prazo que ele estipulou pra tomar coragem. Talvez seja o último do grupo e nem se classifique para as eliminatórias dela.

Como técnico de si mesmo bota fé nos seus atributos, jogadores. Sente estar menos preparado que outros, conta com a sorte, e por que não a fé?

Um lançamento nas costas da marcação e todos ficarão surpreendidos com o arremate certeiro e, na próxima escalação para a mesa de bar, estará fazendo tabela com ela.

Um comentário: