Nunca gostei de entrevistas, alguém, em um posto soberano, tentando achar as rachaduras de outro, essas que podem muito bem terem sido causadas por diversas definições de galinha. Nisso consiste a brincadeira: saber se a pessoa está apta a participar do círculo do ovo choco sem entornar o caldo. O de ouro é conhecimento de causa. Não vá para a rinha sem saber com quem vai lutar, como foi treinado o oponente, e o que pretende com o combate. Isso dá gosto para o tratador. Sem isso, o máximo que se consegue é a prata, e o segundo vencedor é o primeiro perdedor. Mais do mesmo. Mantras, como canja da já citada ave não fazem mal a ninguém. E o bico, como fica? Aberto, mas só se souber cacarejar, se não, fechado pra não entrar mosca nem sair percevejo que impregnará o ar. Sabe como é: pé de fêmea de galo é ao chão durante toda a vida, e na cara aos que envelhecem.
É possível conseguir ter um terreiro firme, onde possa pisar; é preciso sair, ir além; no meio do caminho sempre existem várias pedras, e é necessário mudar o passo e dançar conforme o batuque do outro, pois lá, com o seu, parentes que voam não farão verão, os de lá, saberão que você não é um deles e te sacarão com bicadas dizendo que não está no lugar certo.
A crista. Há crista no meio. Um olhar te esquadrinha de cima a baixo e o outro os seus gestos. É preciso ser peso-pena-ligeiro para dominar quem te domina.
Casca, clara, gema, quando não é mais um inflado para ir para a panela no futuro. Essa é a composição de todos, é o fim de todos, quando as rachaduras várias não levam a nocaute antes, sem dar o mínimo prazer de ser frito para outro, ou justamente por não ter tido nem mesmo a capacidade de se dar assim, não tendo nem o regozijo de ver outro feliz, cai, quebra, esfarela-se. Menos um oval no mundo redondo. Que gira. Que pomba. Apenas, penas.
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