Azul. ‘Tudo fica blue’, como cantava Soweto em ‘Farol das Estrelas’, como é o nome do álbum de Nina Becker, ou como aquela “alegria agora, agora e amanhã... azul, é a cor do país...”.
O mercado fonográfico sentiu o baque. Os piratas democratizaram mais o consumo de ‘cultura’, que chegou a um valor exorbitante por CD, a favor do lucro das gravadoras, ao passo, os artistas perderam em direitos autorais, mas ganharam em liberdade na concepção, com o surgimento de várias gravadoras independentes, ‘home-studios’, tendo retorno financeiro nos shows, divulgando pela internet suas artes. Ficaram as sacolas azuis esverdeadas dos camelôs como marca registrada, qual um copyright.
“... ‘Sambas azuis’, como os tons mais azuis, que um pintor andaluz, sutilmente, muito levemente, u-s-o-u na-que-las te-las...”, comporam Ed Motta e Nei Lopes http://www.radio.uol.com.br/musica/ed-motta/samba-azul/186461?cmpid=clink-rad-ms.
Há também o azul da capa do livro de João Antônio, ‘Malagueta, Perus e Bacanaço’, um tom de Graciliano – que era um dos escritores preferidos dele -, na prosa da caótica vida suburbana dos grandes centros urbanos.
A editora Abril lançou no ano passado uma coleção com reedições dos grandes clássicos da literatura mundial, com capas de cores variadas http://colecoes.abril.com.br/colecoes/classicos-abril-colecoes-536162.shtml. Tenho alguns comigo, como os dois volumes de ‘Ilusões perdidas’ de Honoré de Balzac, que ainda estão lá, na biblioteca pessoal, aguardando para serem lidos. História de ficção que se mistura com a própria invenção do jornalismo. A capa é de um azul-marinho escuro, modelos de calças de uniformes.
O mais azul dessa coleção – ou no tom de azul que comumente vemos, e que está agora aqui -, é ‘Os sertões’ de Euclides da Cunha, jornalista que cobriu parte do ocorrido, como correspondente d'O Estado, e relatou minuciosamente todo o contexto do embate em Canudos, juntando todos os elementos (céu, terra, água, ar), ao elemento humano.
Para cima é desejo de voar. Sem as braçadas certas se morre afogado. O mar reflete o céu. Não são necessárias lentes para enxergar a beleza. Ou pílulas benfazejas para quem precisa.
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