domingo, 8 de maio de 2011

Quem dança no baile entre mundos

Existem dois mundos: o de quem vive e o de quem não vive. Pode se dizer que quem não vive a vida plenamente já morreu, e é verdade. Os não viventes são como vivos-mortos, mortos-vivos; aqueles que não encontraram a melhor maneira de se locomover pelo solo terrestre e por isso só fazem peso. Gravidade. Ela derruba, ela baqueia, devido a essa força dela, por ínfima que seja a tentativa de formular uma vã filosofia, há de se acrescentar porções de física e de qualquer outro estudo humanístico para compreender o que move cada ser, forjando uma fórmula que poderá ficar completa. Momentaneamente.

Muitos se encontram em certos nichos da sociedade, literalmente e também no ‘modus vivendi’, facetas que dão a sensação de pato feio aceito pela mãe – círculo social, boates, festas -, onde certas ideias e alguns procedimentos são compartilhados, como batata quente que corre de mão em mão. Uma hora estoura. Esse momento é quando os indivíduos e suas particularidades se sobrepõem ou sobressaem à ordem estabelecida pela maioria, mesmo que em suma, seja um tanto caótica.

Sem o mínimo nexo necessário, fica perdido o eixo, o da própria pessoa como o da Terra, progenitora de todos, e para qual todos voltam, porque como um girar de um globo ao piscar de luzes dentro de um quente ambiente na madrugada fria, como um disco que de tão riscado para na mesma faixa, como um estoque de bebida que acaba juntamente com a noite, tudo tem seu fim, e todos; e voltaremos para o seio de quem nos gerou: o mundo.

A roda viva da vida continua a girar. Na continuidade cíclica, talvez muitos cheguem a conclusões parecidas, ou batam cabeça como estilo musical e ideológico, às vezes sem querer, levados pela situação, no meio do salão, dançando. A conclusão é: quem segura hoje a criança é porque outrora já dançou, e quem não dança, nunca vai segurar criança nenhuma, pois quem não dança já dançou, só que de outra forma, figurativamente, perdeu, o passo a passo do seguir. Dois pra lá dois pra cá. É a busca. Quando dois se juntam vão pra qualquer lado fazer qualquer outra coisa, ou ficam ali no meio, em meio, quando o desejo é só bailar.

O mundo exterior é deixado de lado com a altura do batidão. O mundo interior fala mais alto pelo pulsar do coração. Os dois devem ser aliados, para não se ficar perdido entre mundos, sem nem viver uma vida verdadeira, e nem morrer uma morte digna, ao léu, no vento, dançando conforme, sem estar nos conformes.  

3 comentários:

  1. Gio, esse texto relata bem a sua própria personalidade.

    Em tese cada idade tem suas necessidades, "mas há quem não goste de futebol...!"

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  2. às vezes me sinto assim, principalmente na TPM...rs

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  3. Digamos que às vezes dançamos ser saber que estamos no baile

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