Foi uma descoberta. De repente as mãos ficaram frias, o coração palpitante e, mesmo com o árduo gélido ar do dia compactado em panos de lã, o corpo tremia.
Como uma aparição. Algo que a imaginação não atinava existir se tornou referência para enxergar o caminho até o túnel. Luz.
Um tesouro. Sabido era que estava lá, mas a dificuldade em perscrutar os vales de pedras sobrepostas que eram os sentimentos rijos, fez o explorador perder o pique, havia muita dificuldade; dava trabalho, todo dia, a postos, para isso mesmo. Se dar ao trabalho. O esqueleto fraquejou. O pensamento por sua vez não quis deixar a ideia fixa fugir, e como um martelo a estraçalhar os maus agouros da desesperança, foi quebrando a armadura, vendo que o interior não era oco. Pérolas. O inverso de Thor – príncipe decaído de um mundo superior que se apaixona por uma humana comum -, o mistério desvendado dava àquele plebeu um status nobre, transcendental.
Era ela, humana como ele, que o transformava em algo mais, nada tão místico assim; apenas mais força para lutar contra as intempéries do dia-a-dia. O que dá trabalho, repetitivo e sem empolgação na maior parte, mas quando o coração é tocado, tenta repassar o que sente, formando um círculo vicioso de descobertas que tirarão as vendas dos olhos daqueles que já não se surpreendem com pequenas coisas, que estão acobertadas pelas futilidades.
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