terça-feira, 21 de março de 2017

P do C mudo

Imagem: Projetado pelo Freepik

Uma das palavras mais feias em minha opinião é prospecção: pros-pec-ção. Não, não, não. Quando a vejo em algum lugar parece que alguém me convida a convidar mais pessoas para o seu “Clube do Bolinha”, ou seja, o clube precisa de membros e não consegue encontrá-los, então precisa encontrar quem os prospecte. Nossa! Pior. Empresas atrás de novos clientes. Capitalismo que não faz pães: manda fazer. Na roda com pouco capital de giro, os futuros prospectados serão ex prospectáveis. “Ave Maria!” (interjeição — estranheza terminada em “ão”). 

Nem a procrastinação me fere a visão, o ouvido, a boca tão agudamente. É melhor procrastinar a ter que escrever prospecção, ou mesmo prospectar. E quem for prospectado procrastinará qualquer ação sua. Penso em predestinação: existe o evitável? O inevitável? Tem mais mérito o empirismo de prospectos praticado por quem nem mesmo tem a correta acepção da palavra do que a prospecção baseada em métricas de textos escritos? 

Acintes. Acentos. Aviltações de sentimentos que podem ou não serem transformados em palavras. Palavras feias proferidas com boa intenção. Bonitas que mascaram falta de fundamentos. Isto ocorre quando não se tem a justa medida entre forma e conteúdo. 

Contudo, (conjunção adversativa), concluo num conluio comigo mesmo que antes de proferir se faz necessário refletir sobre para não lançar chorumelas ao deus dará. Muitos comícios desconexos com plateias circunspectas. Mais um “c” mudo. Circunspecta prospecção? Não, não, não. “Boca fechada não entra mosca”, e “lave-a com sabão depois de ter usado desse palavreado de baixo calão”, dirão.

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