Imagem: Projetado pelo Freepik
Quem
dera um beijo fosse só um beijo, e não ficasse guardado o sabor, o gosto, o
doce, o açúcar de um beijo, beijinho, confeito, feito para ficar marcado na
saliva, nas papilas, no gustativo de querer mais, como adesão de formiga aos
torrões brancos que caem ao chão em neve que adoça dulcíssima, superlativa. As
rotas de lábios que se encontraram, colidiram, explodiram-se estrelas vindas do
céu da boca. Plenitude de um universo feito, regozijo, descanso.
E
quantos beijos foram dados, mastigados, salgados... Para alguns, depois do se esbaldar, é hora de se fechar “para não entrar formigas”... “Quantidade ou qualidade?”.
Não existe meio de obter selo ISO de selinhos, “linguadas”, bocarras que se
comem, pétalas carnívoras que são trepadeiras ipsis litteris. Vale a sensação,
a lembrança, a lambança de beiços, o gesto, o digesto. Um ou mil são apenas números.
Se
um beijo fosse só um beijo não traria ansiedade e estupefação o desmembrar das
matérias desfeitas — quando a alça que unia dois seres não segue a mesma força direcional. A briga boa é apartada. Resta a paz da solidão. Ruim, mas se tem
que ser assim, assim foi, é, será.
Não
deveria. Ninguém manda no agridoce da alma. Chicletes ou balas de menta por
vezes não são suficientes, são até artifícios desnecessários. Para alguns signatários de bicotas o
destinatário apenas empirulita sem bater, no afã do furto. Temperos inexatos. Segundo a música: “quando o beijo é sincero tem perfume de cebola...”. Há quem prefira
alho (não sendo adolescente de séries vampirescas). Músculo a ser exercitado
com aplicativos de incentivo, no caso, paquera. Ainda existe a velha guarda, a
língua pra fora das pedras que rolam. Quem nunca um beijo 'kiss'?
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