sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim de Ano.

Recessos, excessos, processos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

E se: Passado, presente e futuro

Somos influenciados e influenciáveis.  Fazemos parte de uma rede, um todo, uma conexão. Desde o nascimento, a família, o bairro, a sociedade, o meio, nos vão ditando conscientemente ou inconscientemente nossas maneiras certas de agir.  Nossas particularidades alteram o modo como pensamos o mundo e por isso, cada um tem uma relação diferente com as pessoas, as coisas, o redor. O cordão umbilical físico se transforma em algo subjetivo, não táctil, ideias, ideais, jeitos, trejeitos, itens que vamos colocando nas nossas cestas de sentimentos e emoções pela convivência com os próximos, ou do que adquirimos com os distantes, pela tela, pelo tubo, imagens do todo, que vão sendo o nosso.

O presente traz consigo o passado, tudo que foi vivido, sentido, provado, os vários caminhos que escolhemos, a educação que tivemos – ou não – as crenças e desavenças com os pais que, por suas vezes, tiveram as deles com os deles, e trouxeram marcas que foram repassadas, como gado, que no fundo não se difere muito.

Todas as opções, acertos, erros, vitórias, derrotas, estão no agora, até mesmo pelo subconsciente, guiando nossos passos rumo ao futuro. O “e se?” do passado, não aconteceu, portanto não faz parte. O “e se?” do presente é o futuro, podendo ser feita a vontade de outrora ou outras (que terão em seu âmago o amargor das frustrações pela não opção  em fazer e ter dado o que deu, o inverso do que se queria).

Não se pode alterar o passado e, mesmo o presente – único lugar em que temos ação – quando houver mudança será futuro, já que o presente é o entre.

Num futuro próximo, dizem que será possível fazer um backup das memórias para serem transferidas a um clone corporal jovem, em uma idade padrão de trinta anos?!, assim mudando o receptório quando for preciso.

Fica a dúvida se uma cabeça de oitenta, noventa, com todo o passado que acumulou em seus presentes, às vezes mais ruins que bons, poderá modificar alguma coisa no presente eterno. E mesmo uma volta ao tempo, podendo fazer outras escolhas surtiria efeito? Se na mente estará guardada a cena, a situação, o estrago já terá sido feito e até uma retificação haverá chegado. Experiência: só se adquire pelas experiências. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por enquanto

Foram 8 capítulos e não 9. Por enquanto. Até agora. Antes do último.

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 8

9 de janeiro – sábado – 7h15 (Pra mim ainda madrugada), Não sei bem por que chego em Campinas esse horário, RALLY DE VENDAS, C.E.L, S.A.L.A; já o do A.L, P.Q.P. um samba no meu violão - CD’s - “Bebete Vambora”, “Ohhh!”, “Ói nóis tra veis”, consignação, revistaria da Livraria, São-Paulino x corinthiano; tias no micro-ônibus: Durkheim; “O Encontro Marcado”: na revistaria da Livraria; Dar entrada, dar saída, fazer as notas, o sábado para fechar o ciclo, sempre bato o meu cartão; pra casa, amanhã estou de folga, esse dia é domingo (no esquema normal não fim de ano) ou Fernando Sabino; começo a ler; Max, Pronto! Atrasado! Vai saber qual mandinga fizeram...

sábado, 27 de novembro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 7

08 de janeiro – sexta – 0h40 Não sei bem por que chego em Campinas esse horário. O primeiro corujão (peruas que funcionam de madrugada) é às 0h50. Tenho algumas quadras para transpor da rodoviária até o Terminal Mercado. Ando nuns passos larguíssimos até para o meu 1 metro de perna. A mochila pesando, as pernas doem. Perco a condução por 2 min. O próximo só 2h20. Penso em ir a pé mas vou ao “Finos do taco” tomar cerveja que no evento só fiquei na vontade, e comer alguma coisa já que minha última refeição foi o almoço do dia anterior.
(h...) Hoje estou de folga porque trabalhei domingo passado. Tiro o dia para digitar a semana até aqui.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 6

7 de janeiro – quinta – 10h10 Dia atípico. Acordo no meu horário. Hoje, mesmo chovendo, vou para São Paulo participar de um evento da distribuidora DINAP. Por isso não fui trabalhar como o habitual. Também por isso, ontem, mesmo chovendo, sai para tomar uns goles de loira e dar uma relaxada já que não precisaria acordar cedo. Não consegui vencer o vermelho dos olhos mesmo dormindo mais, talvez por ter bebido mais.
Ia começar a digitar o texto hoje só que acordei tarde. Termino o café e ligo para os dois dentistas que tenho em vista já que preciso tirar quatro dentes para consertar a mordida. Não consigo falar com nenhum deles. Vou à internet apurar as mudanças de ontem pra hoje: Não muita coisa ou eu que não sei pesquisar sobre mudanças. Da próxima vez digito no google. Acho sim o e-book de Fernando Sabino “O Encontro Marcado”; começo a ler e engreno (e olha que não sou adepto da leitura na tela). Mesmo assim, cesso a sessão com tempo para almoçar e arrumar a mochila: carteira, livro, revista, m.p.3, fone de ouvido, celular, cigarros: Pronto!
Chego na rodoviária de Campinas faltando 20min para a saída do ônibus que vai ser 17hs. Compro a passagem e vou matar o tempo. Pra variar um pouco, passo na revistaria. Lá, um tiozinho grisalho com uma prancheta faz o encalhe. Os títulos conheço todos e às vezes fico igual quem sempre pergunta se não tem revista nova. Pra gente que tá ali todo dia, as mensais principalmente, começam a parecer antigas, dando impressão de serem perdidas, mas o caso é que a medida do tempo fica meio alterada. Das revistas vou para os livros tentando forjar um encontro com Sabino, se tiver o que eu comecei a ler hoje, já levo agora e vou lendo. Não tem. Vou comprar com desconto para vendedor.
Sigo. O meu assento é na janela e a minha frente tem uma gata. Quero dizer que ela é cinco estrelas como a tatuagem que tem nas costas do pescoço mas, como atende ao telefone várias vezes, penso que o namorado/amante/ficante (já que não tem aliança), deve estar esperando.
Pela Bandeirantes o ritmo é intenso e da impressão de a distância ser igual Campinas-Hortolândia. Nas paisagens verdes, nas árvores imensas que lembram pinheiros, as cúpulas parecem ter sido moldadas por seres Avatares.
Olhando as casas, as pessoas, enquanto o ônibus passa, vejo a vida de todos os dias de todos, enquanto o meu é diferente.
Às 18hs a embarcação se acopla na marginal Tietê. A impressão de ponto de chegada logo acaba no engarrafamento. Ficamos 1h para chegar no Terminal Rodoviário Tietê-Portuguesa. Eu tenho que pegar uma vã fretada na estação Vila Madalena no máximo às 19h30. Acho que vai dar. Quando entro no metrô e vejo que terei que descer na estação Paraíso que dá acesso a linha verde, já começo a duvidar. Depois, pegando a linha verde, vejo que tem mais umas oito estações até a minha. Desacredito de todo.
Chego no ponto X da vã fretada com + N minutos de atraso. Espero e ninguém aparece. Próximo, há uma banca de revistas. Pergunto se o atendente trabalha com a DINAP e se não tem o telefone de contato deles. Ele me passa dois. Um não pode atender e o outro é inexistente. Ligo para a livraria na intenção de falar com o gerente. Indico para atendente que ele me retorne. Ai lembro que tenho o endereço do local e como tenho boca, vou a Vila Leopoldina. Além do mais, ninguém me retorna.
Pergunto a três, quatro para não ter erro; caso houvesse quatro opções dadas, perguntaria a mais três, mas os dedos são todos apontados para a mesma direção, como quem denuncia um delator: Atrasado!
Pego o circular e começa a confusão entre Avenida Leopoldina e Vila Leopoldina; no mapa das ruas em que passa, na parede da condução, consta uma Avenida Jaguaré, e eu querendo ir na Rua Jaguaré Mirim.
O motorista diz que sabe, acontece que tem uns tiques que me deixam nervoso. Sento na frente como a assegurar que ele não irá esquecer de me avisar (ou esquecer quem era/ dá umas viradas bruscas de cabeça/ estala os beiços/ pisca diferente/ se balança no assento); só respiro melhor quando vejo a placa: Vila Leopoldina. Mais 30min chego no meu destino, um pouco depois dos demais, provavelmente descabelado, depois de ter andado um bom pedaço em ritmo rápido. O meu nome está na lista, então a loirinha com cara de modelo anêmica e voz metálica me deixa entrar. Dentro, quero sair: Não conheço absolutamente ninguém. A festa esta boa, do bom e do melhor, de comer e de beber, para todos os gostos. D.jays e uma banda ao vivo (apesar de o baterista atravessar um pouco). Peço um copo de cerveja e tento me ambientar. Falo com alguns que conheci na abertura do RALLY DE VENDAS (como foi chamada a disputa). Sento numa mesa junto com eles.
21h30, na mesa, alguns superiores da Abril, alguns vendedores da rede de livrarias da loja que fica na Avenida Paulista, muitos vencedores e ganhadores de prêmios que atingiram as metas de vendas estipuladas. Nós interioranos alcançamos o faturamento proposto um mês então, cada um leva um mini-system pra casa. Nas outras mesas, pessoas de outras livrarias de rede, em suma, todos da capital. Conheço a gerente de compras que parece mais simpática do que a voz no telefone, e me foi apresentando mesa por mesa, como um objeto de estudos, uma espécie em extinção: “Ele veio de Campinas”; e a resposta: “Ohhh!”; e a emenda: “Chegou agora!”; “Ohhh!”. Assim passo por todas as mesas e volto para a que estava. Chegando depois, sem conhecer ninguém, pareço um típico caipira interiorano, penso, não sei se pensam. Sei que chego mudo e saio calado. Mas olho...
... Tem uma garota, morena, cabelo preto, rosto expressivo, olhar com atitude, voz impostada de quem sabe o que fala, não deixando de ser doce, suave, estilo alternativo de se vestir, uma tatuagem do lado de dentro de ambos os braços, perto da veia, se não me engano no esquerdo uma cruz e no direito um tribal. Me encantei, mas, está ao lado de outros dois caras que trabalham com ela; o imediato do lado, pinta de roqueiro descolado, se ainda não tiveram um lance, tem chance, caso aquele anel de adorno que ela tem não seja de compromisso.
Às 22h10 pego a minha lembrança e embarco no caminho inverso do que vim, dessa vez com a perua fretada (não teria como perdê-la). Não sei bem porque chego na rodoviária 23h10. O ônibus sai 23h20. Antes, no metrô, vi a família de Americanos ou Suecos ou Holandeses e fiquei pensando o que será que pensam de nós... no transporte subterrâneo ninguém olha pra ninguém, mas eles olhavam... Quando deu microfonia no alto falante na hora que o motornista anunciava a próxima estação, com certeza pensaram: “Só no terceiro mundo acontece isso. Que paisinho horrível”. Também penso que os engenheiros que fizeram o projeto do metrô de São Paulo ao andarem nesse transporte devem se regozijar, ou já morreram, ou justamente o contrário: São felizes por não precisarem.

domingo, 14 de novembro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 5

6 de janeiro – quarta - mais um dia. Citando Bide e Marçal – na versão original: “o bonde São Januário leva mais um sócio otário, sou eu quem vou trabalhar...”.
Adiantei 3min dos relógios que supostamente estavam adiantados 5min e não perdi a hora. Primeira pontualidade do ano (nem a passagem é pontual, cada um vive uma 00h00).
Lembrei da minha época como operador de caixa, quando me mirando estava a capa de um tomo com a foto de Machado de Assis, tipo me intimando: “E ai, não vai escrever? E consegue fazer algum tão bom quanto eu fiz?”; Pior é que ele acordava cedo e escrevia de madrugada, antes de ir para o trabalho. Será que se eu fizer isso consigo ser prolífico? Uma grande aspiração. Uma grande inspiração. E outro gênio (a meu ver), Graciliano Ramos, mantinha o mesmo esquema de produção. Tenho que ter o meu processo. E um tio da loja, sabendo que eu me meto a tentar rabiscar palavras, todo dia pergunta: “E os textos?” preciso de inspiração que vem de vez em quando, e de ócio, que vem de vez em nunca.
Fico numa sinuca de bico entre música e literatura. Taco em todas as bolas e até agora só deu branca. Gravei um CD que achei ser o demo, divulguei e não obtive retorno. Fiz tudo em processo caseiro e obtive um resultado amador, sempre na intenção de divulgar as composições. Escrevendo, participei de alguns concursos mas não recebi nem menção de menção, também, nunca me achei deverás merecedor. Sou tipo um Caim sem a marca na testa, depois que li Saramago me veio essa suposição. Por agora estou mais propenso a escrita, como cita Chico Buarque em Budapeste “... é a única das artes que não precisa se expor...”; esse expor no sentido de desprendimento, porque toda arte é uma forma de dar-se ao mundo. Mas para ser músico é necessário saber música, partitura, divisão de tempos, duração e localização das notas no pentagrama. Eu sou mais intuitivo. Já na outra ponta, pode-se estudar de uma forma autônoma, lendo os grandes mestres, escrevendo e reescrevendo, pesquisando, vivendo.
O operacional visita a loja. 14hs passo por ele que me cumprimenta e pergunta como foram as festas. Respondo que bem e nem pergunto como foram as dele. Nos dias em que ele vem há todo um alvoroço; segue esquadrinhando centímetro por centímetro para ver se está tudo correto. O pessoal fica num burburinho geral. Eu até pouco tempo falava com ele só o básico, basicamente, respondia às perguntas. Acho que já nos acostumamos em nos topar por ali e buscamos uma melhor convivência (mesmo que inconscientemente). Aparenta ser bem sisudo no mais, sendo São-Paulino, deve ser gente boa.
Lá pelas 14hs e alguma coisa na volta da pausa/wafer de morango vejo um carinha que fez entrevista comigo na livraria “x” há um ano atrás, na mesma época em que fiz entrevista aqui. Esse, cabeludo, acima do peso, usa o uniforme azul-esverdeado de uma companhia de celulares. Citou – na entrevista – a obra da vida dele algo que não me lembro. Eu citei Max de Castro na Orchestra Klaxon, álbum que me fez querer voltar pra música novamente (porque do final de 2001 ao começo de 2003 deixei de lado o violão por desilusão, queria ser sociólogo, “tempo que o vento levou”), mas gaguejando, suando frio, perto de outros que tinham a Eneida de Virgílio como livro de cabeceira, formados em filosofia com tese de conclusão sobre Proust sendo concluída, um estudante de direito que num debate entre um grupo que defendia o direito ao aborto e outro que abortava essa ideia citou o “fato social” de Durkheim para embasar sua tese, sai de fininho. Não passei nos testes. Acho que foi melhor.
16h30, chegando em casa, fui direto para o computador saber a resposta da redação sobre o diário: Nada. Afoito, mandei outros e-mails por todas as vias possíveis. Passados alguns minutos – enquanto ripava uns CD’s para colocar no m.p.3 de fundo musical para a viagem de amanhã – alguém da equipe da revista me respondeu. Explanou como era o processo de escolha, e que haviam perfis a serem julgados: menos literários; pessoas que nunca escreveram diário antes; linguagem mais informal. Pediu pra que eu escrevesse mais sobre mim. Falei um pouco (não querendo me expor muito), dei o link de algumas de minhas páginas na internet: http://twitter.com/gi0lima http://www.myspace.com/giolima. Acho que ela entendeu isso como botar banca. Retornou dizendo que o meu perfil não era bem o que procuravam mas que se eu quisesse, mandasse mesmo assim e que tudo dependeria da apuração e aprovação dos bam-bam-bans e que haveria uma resposta (se positiva em trinta dias) caso contrário, nem confiança. Acho que trinta dias mesmo se por sorte aprovado não entro na edição de fevereiro. Vou mandar mesmo assim. Amanhã (antes de arrumar a mochila com o bote inflável dentro e partir pra S.P), começo a digitar o texto, e na sexta, de folga, espero adiantar a maior parte, só faltando o sábado para fechar o ciclo da semana.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 4

5 de janeiro – terça – (idem segunda e sábado) O relógio desperta com sempre e dessa vez pulo da cama no horário. Saio pensando que tô apavorando e que vou ser pontual mas, ao chegar no ponto constato: Estou atrasado. Tá osso é pouco! Seria necessária uma metralhadora de muxoxos para expressar a indignação pelo malogro. Também, tenho três fusos horários, e nesse ano até agora não me acertei em nenhum deles. O relógio do P.C está na hora de Brasília, horário brasileiro de verão. O do C.E.L. está 5min adiantado, juntamente com a da S.A.L.A; já o do A.L, 10min a frente, e ainda atrasado: P.Q.P.
Estou entre jornalismo e publicidade em razão maior de escrever. Na livraria muitos são formados pela academia, outros não, e comprovei/e comprovo que a principal diferença (em vantagem nossa) para os vendedores da concorrente é a humanidade. Aqui somos mais humanos, mais abertos e dispostos a ajudar, temos mais ímpeto. Lá são mais robotizados, padronizados, tipo reis da cocada e, se não estou enganado, eles próprios frizam cultivar essa animosidade, como diz o Brown: “O que ele quisé nóis qué, vem que tem; O que? Eu não pago pau pra ninguém...”; lembro das vezes em que os jornais ou revistas foram entregues invertidos e algum deles teve que vir buscar, mesmo (em uma das vezes), sendo bastante coisa e pesada, não queria a caixa com logotipo. Era para facilitar. No fim levou. Vai saber qual mandinga fizeram...
Indo ao ralo, duas tias conversam no micro-ônibus. Tia 1: “Até que enfim ponharo ônibus grande aqui”. Tia 2: “Ééé”. Tia 1: “As coisa tá miorano”. O itinerário é de bairros chiques e muitas tiazinhas e tiazonas fazem trabalhos para os patrões/amos. Linguajar típico não deixando de ser sabedoria popular. Realmente as vãs estavam super-empanturradas, mas o problema é o excesso de pessoas, e conduções maiores não resolvem muito.
Mesmo horário de ontem.
Uma correria lascada. Terminar de arrumar a bagunça, fazer um encalhe, fazer o outro e só depois começar a conferir o que chegou. Só quando vem Contigo, Caras, Quem, Istoé Gente já confiro essas logo de cara, ou quando algum cliente indaga se já chegou tal título. E justamente agora vem alguém nesse ensejo. Pego o pacote fechado com dez e sirvo diante da pessoa que diz: “Ainda tá quentinha!”, mas não: eu mesmo já cometi esse erro. Sabe-se lá quanto tempo se passou desde a saída do forno... Só jornais têm essa informação.
... Tem quem passe olhando uma por uma como quem esperasse um sinal divino que indicasse a capa certa, a salvadora. Acho que a maioria desses não paga o dízimo, lê no sofá e deixa lá para recolhermos. Inveja de quem bate ponto, tanto dos que vão passear quanto dos trabalhadores de outras lojas. Ficam olhando o pedreiro fazer a massa, averiguando, dando pitaco com o olho, todo o santo dia. Eles – os clientes – vão ali por lazer, enquanto nós empregados obtemos o pão.

domingo, 31 de outubro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 3

4 de janeiro – segunda – 7h15 (Pra mim ainda madrugada), o alarme... Quando vejo: 7h45. “Ói nóis tra veis”. Faço tudo como habitualmente, hoje não tão igual. Fui dormir ontem às 3h e ainda acordei no meio da noite pra ir ao banheiro. Essa insônia incomum, acho que por ter dormido muito na noite anterior “fazia tempo que não dormia oito horas de sono...”, e também por dois copos de coca-cola bebidos após a janta. O sono é grande, o olho vermelho. Às vezes penso que o invólucro do meu olho nunca mais ficará branco, e invejo os/as atores/atrizes, músicos/músicas, os caras do “Bluemangroup”, que sempre estão com eles límpidos como a neve. Com certeza dormem bem... Mas ai tem o ator negro superior de Olívia Dunham em Fringe, que também faz Lost, tendo posição de destaque nas duas séries, e seus olhos dele são vermelhos, em algumas partes até negros... Um segredo que só os 4.400 resolveriam, mas a série acabou.
Chego 9h e... Dêem-me um desconto; ainda não entrei no pique do novo ano. Tenho que entrar. Hoje, tudo volta ao normal: às segundas e terças pagamentos de boletos, envios de e-mail, separar todas as revistas que vão embora no encalhe do próximo dia, recolher as que estão espalhadas, conferir e expor as que chegam, o que faz as horas de trabalho passarem rápido, apesar de muitos passantes acharem que só estou pra lá e pra cá com revistas na mão. "Pensam que é fácil, né?".
Eu, nem havia cogitado nada sobre. E pra complicar, há dois meses coloquei o aparelho ortodôntico nos dentes. Como postei na net: “Com ferro nos dentes pra tentar ser menos ferrado”. Pelo menos a bolacha wafer de morango que sempre foi minha refeição em horário de trabalho se adaptou bem a nova "dentadura".
No corredor, na pausa lanche, passam por mim duas garotas com quem trabalhei junto em 2.005 em uma loja de lista de presentes para casamento no mesmo shopping. Àquela época, depois de dois meses de trabalho sai, e imaginava nunca mais voltar. Cinco anos depois, elas ainda estão aqui... E eu estou onde?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O nublado céu azul de Serra

Assumiu-se um outro lado, inverso e contrário do que o que se impregnava por grande parte da mídia. A defesa do vermelho. O cinza céu azulado.

Saiu na capa de uma outra revista semanal da semana retrasada, a Istoé, falas do candidato Serra, do mesmo modo como fez a Veja, de um lado dizendo que conhecia o já afamado Paulo, e do outro dizendo desconhecer. Diferente do outro enfoque, pegaram duas frases do mesmo ano, o nosso quase findo 2010, em épocas das nossas quase terminadas eleições. Desse modo, não há contexto que o salve; há sim ou uma falha de memória, ou um descaramento total.

Como o Cérebro – parceiro de Pink nos desenhos animados – que sempre queria conquistar o mundo, formulava planos mirabolantes e nunca conseguia, ou como o time do coração do dito citado, que alviverde nunca ganhou o mundo fixando um estrela amarela no peito, seguem as tentativas desse de chegar ao lugar maior, ao topo, ao cume, mas está derrapando em suas próprias pernas. Como agora, depois da encenação após ser atingido na cabeça onde suas intenções pululam por objeto ínfimo, e tentar dar notoriedade máxima ao fato.

Sobre a defesa, e a coroa da moeda dos fatos resta a dúvida: Realmente a posição foi assumida por ideologia, ou será que, além disso, surge a vontade de cumprir a defasagem que o nicho de público avesso as explanações direitistas em uma revista de enfoque mais popular necessitava?

As duas coisas, presumo. Nesse caso o meio faz jus ao fim.

Em um artigo foi dito que estão querendo fazer uma divisão simplista entre pobres e ricos. Então não existe? O modo como batem, capa após capa, matéria após matéria, mostra que a classe dominante sente seu poder menor quando o povo assume outros patamares de vida, e de classe. Uma divisão.

Não existe o maniqueísmo bem x mal, que alguns apregoam. Existem visões de mundo e de pessoas diferentes, e nas capas iguais no modelo e na intenção, cada uma defendendo um devido lado, além das diferenças das cores e das frases, uma mais se defende contra os ataques sem número, e dá o contra-ponto.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 2

3 de janeiro – domingo – 10h30 Horário bom de acordar. Fui dormir às 2h00 da madrugada e meu organismo reage melhor. Hoje entro às 13h00, ai consigo fazer um pouco o meu ritmo natural. Há tempos não dormia oito horas de sono (nas últimas três semanas entre natal e ano novo trabalhei sem nenhuma folga e aos domingos o shopping estava abrindo em horário de semana), mas o time do sono já esta regulado para acordar mais cedo e não deixa que a noite seja ininterrupta then, surgem alguns acordares no meio do sono. Tomo café tranqüilo, coloco um queijo no pão, tenho como esmigalhá-lo melhor no meu método de comer com ferro nos dentes. Bebo 500ml de café. Saio para a rua sob um sol a pino do inferno, encontrando logo uma sombra para esperar o ônibus que não tarda. Sempre durmo tarde e só quando acordo mais tarde que fico um pouco menos pior – em relação ao sono – e esse dia é domingo (no esquema normal não fim de ano) ou quando estou de folga (algum dia da semana quando trabalho domingo). Ai, coloco um livro na algibeira e vou dentro da condução tentando aprender com os mestres “in-loco”. A bola da vez é o livro de Contos Vol. I de Hernest Hemingway . O meu auto-presente de natal. Do autor, só li Paris é uma festa, achei interessante, só não despertou maiores sensações. Estava entre O Velho e O mar e esse mas, como no gênero conto pode-se discorrer sobre um assunto ou situação em menos espaço, optei por esse. Li até agora um conto: Interessante. Eu quero trabalhar forma e conteúdo escrevendo, e contos por serem menores são mais apropriados para tal tarefa, escrevê-los ou lê-los, se formando um escritor ou se firmando o caráter de uma pessoa. Fiz um ano e meio do curso de Letras e o que me desgostou foram as muitas matérias e temáticas voltadas para a educação quando o que eu queria/quero, era/é escrever... Entre a possibilidade de pegar umas aulas como professor eventual e ser levado pelo barco sem um mínimo de dom pro ensino ou sobreviver no agora, resolvi ficar só no trabalho que não é a coisa que eu quero fazer até a morte, mas me dá fragmentos de vida.
Quando passo em frente às bancas no centro, olho os títulos e conheço quase todos, os que não tem na “minha banca” já vi em outra quando comprava algo, ou só folheava quando não entrava dinheiro no cofre – vide debaixo da cama.
12h30 Chego meia hora mais cedo. Quero ler a matéria do Mano Brown que saiu na Rolling Stone Brasil mas não dá tempo. Separar as revistas pelos seus setores: casa, moda, variedades (fofocas), variedades (variedades), carros, informática, decoração, receitas, importadas, e.t.c..., e tocar fazer as notas, que são muitas, pois no final de ano o sistema ficou uma semana em manutenção, e elas se acumularam.
Sento no computador que faz parte do quadro dos caixas, o número 1, que tem a placa de preferencial, e muitas vezes sou interrompido no meio dos afazeres. Sentam outros dois operadores nas máquinas ao meu lado e cumprem a defasagem que a placa me faz fazer. É tipo uma banca de jornal dentro da livraria, onde o responsável pelos periódicos é quem trabalha nos periódicos (abaixo do gerente, que foi promovido recentemente; é mais novo e mais antenado; é corinthiano, mas apesar disso é gente boa, então não preciso cantar todo dia “Bebete Vambora” como Jorge Ben Jor. O anterior era como um símbolo da loja, já está na rede a mais de trinta anos. Foi transferido, menos por vontade, mais por ocasião, e assim segue), a loja, a banca. Dar entrada, dar saída, fazer as notas, funções agregadas que são intrínsecas a periódicos. Num domingo tumultuado onde vendedores atendem vários clientes ao mesmo tempo, ao me verem sentado fazendo as notas, se perguntam (e me perguntam) o que eu estou fazendo ali?: Uma coisa que sou pago pra fazer e ninguém irá fazer por mim! Nesse caso, muitas acumuladas desgastam. De repente penso como Lázaro Ramos em “O Homem que copiava”, que o meu trabalho qualquer pessoa faz, e pra dar porque ao relato, sigo a ideia de um diretor de cinema que não lembro o nome, que toda vida filmada por um dia inteiro é matéria para um filme. Sigo.
Nos domingos trabalho sete horas com meia hora de almoço. Na semana são seis horas com quinze minutos de pausa. Entrei às 13h saio às 20h e, como a fila está mais sossegada, compro o CD de Arnaldo Antunes “Nome” e a revista “Conhecimento Prático: Literatura”. Arte esta sempre em pauta, mas falta tempo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Na Revistaria de uma Livraria. Cap. 1

2 de janeiro – sábado – 7h15 (Pra mim ainda madrugada), o alarme do relógio apita. Aperto o botão e o deixo de novo calado. Viro para o lado. Mais cinco minutos – às vezes até mais um começo de sonho. Quando vejo: 7h40. Correria. Banho. Comer o pão com manteiga partindo na mão pedaço por pedaço em razão do recente aparelho nos dentes, sorver o café preto a goles de enchentes de verão, passar a roupa, limpar os dentes (trabalho nunca tão árduo), enxaguante bucal. De casa até o ponto do ônibus a passos longuíssimos até pra mim – que tenho 1:90m sendo que 1:00m só de pernas - levo um, no máximo dois minutos, e quando dou sorte pego a condução derradeira. Assim, completo praticamente um ano na Revistaria de uma Livraria.
E não tem jeito: Sei quando estou atrasado encontrando as mesmas pessoas no itinerário, e quando estou no horário topando outras diferentes mesmas pessoas. E já fui recriminado pela falta de pontualidade, mas quem me chamou na chincha foi labutar em outros ares, desgaste natural. Eu, pra não me desgastar demais com os superiores, me esforço e estava conseguindo manter uma rotina de britânico. Estou indo contra o meu relógio biológico. Sei que no final ele sempre vence.
Às 9h13 chego na livraria e bato o meu cartão. No horário ou fora dele sempre bato o meu cartão, um funcionário meio fora dos padrões que quer mantê-los de alguma forma. Na virada de ano fiquei acordado até às 6h00 e dormi pouco. No dia primeiro, dor de cabeça, ressaca da esbórnia. E nem foi tanto, nu’m ambiente familiar, tocando um samba no meu violão, bebendo cerveja com os comparsas musicais.
Como o povo das distribuidoras quis emendar o feriadão, as revistas semanais, Veja, Época, Istoé, Istoé Dinheiro foram entregues na quinta dia 31, então, teoricamente, não teria muito que fazer no sábado, a não ser atender os clientes a procura de algum periódico, quando possível, a procura de algum livro, CD ou DVD. Mas surgiu uma remessa de revistas importadas para dar entrada no sistema, títulos como Vogue, Harpeers Bazaar, Rolling Stone, Billboard, Popstar, então há mãos na massa, ou melhor, nas capas. Aproximadamente às 13h a encarregada incumbida de estrear o ano no comando da loja me delega a função de operador de caixa, enquanto uma das titulares do posto vai almoçar. Como já havia terminado de cadastrar uma das notas (de três), fui sem pestanejar. A fila estava grande, o povo, o consumo, nada para. No começo me embanano um pouco nas funções, só que logo me lembrei, só passam em crédito ou débito. Isso facilita.
Às 15h e alguma coisa vou embora. Seis horas trabalhadas. Ia comprar um CD e uma revista; a fila vira o quarteirão...

Diário: Na Revistaria de uma Livraria

Inspirado pela Revista Piauí, fiz um diário do meu trabalho na revistaria, na verdade, registrei alguns dias do primeiro mês desse ano corrente de 2010. Com o fim próximo (do ano, e não se sabe de quê mais...), fica a vontade de deixar vir à tona o que àquela época foi constatado. Até cheguei a enviar, pra tentar uma publicação, mas não aceitaram. A justificativa era ser a sessão ou para quem nunca tinha escrito nada antes, ou pessoas renomadas que eles convidavam a escrever. Não me encaixo em nenhuma das categorias. Segue agora pelo blog, nove capítulos dessa saga.

domingo, 10 de outubro de 2010

10 do 10 de 10

10 do 10 de 10. Ainda moro no número 10, da antiga rua 11. Estou contando quase 3 x 10. Estou contando.
Todos contam. A moça afirmou ser às 10 horas da manhã do dia de hoje a simetria ideal para o nascimento do filho, cabalisticamente falando. Eu já contei, cantei, o 08 do 08 de 08, e o 09 do 09 em 09, mas não tinha prorrogado minhas somas e subtrações até a data atual.
O certo é que completei mais uma primavera, no último dia do inverno, no último dia de determinado signo.
Gosto de simetrias. O mundo é assimétrico e parece que nele sempre apareço como um “noves fora”. Divido-me: Aquele que quer sempre mais e o outro que só é subtraído, em cada situação.
A data símbolo, hoje, agora, sinônimo de mudanças. Todo agora tem que ser.
Nas divisões de lados, ideias, opções, determinada liberdade sempre excluirá outro tipo dela. Digo: O que se faz não determina se as venturas não se tornam par. Dizem: o livro de São Cipriano tem maus agouros; só de abri-lo emana vibrações ruins. Pro iníquo agir é preciso ter fé. No compasso da descrença. Meu sobrenome era pra ser Cipriano. Faltou o registro.
Nas 24 horas do dia durmo no máximo 6. Não sonho, e se sonho, não lembro. Fora da vigília, na ativa, ai sim, os pensamentos se transformam em imagens, na intenção de juntar 2 corpos: 1 + 1.
0 não vale nada. Com 1 do lado esquerdo vira 10. Se logo ao lado direito colocarmos 5 zeros é milhar, ai já é mega-sena. Ganhar uma bolada e fazer o que bem entender com o resto de vida que precede.
80, 85 é estimativa comum. "Não confio em ninguém com mais de 30...".
10 do 10 de 10. Que venha o amanhã.

sábado, 9 de outubro de 2010

O que Dilma disse ou não disse, e o danger.

Quem nunca disse algo de que se arrependeu depois? Quem nunca mudou de ideia? É lógico que, quando a pessoa é notória, é pública, tudo que ela diz é tido como pedra, e nada esfarelará. Agora, tentar estraçalhar a imagem de alguém, tirando uma frase dita num contexto, colocando-a separada, sem o amparo da circunstância, é o mesmo que tentar edificar um prédio com areia de Sérgio Naya.
Quando, hoje, uma capa surge com uma repartição no meio, e uma frase em branco com cor vermelha de danger ao fundo, e do lado inverso, uma frase negra sobre fundo branco, certeza é a intenção de desfazer a imagem que quer construir a pessoa em questão: Dilma. Como se ser contra o aborto agora, época eleitoreira, fosse errôneo, já que antes, no avesso da capa, em 2.007, ela dizia que era a favor da descriminalização. Pra frisar, o lado que fica de pé é o da afirmação avermelhada, que não deixa de ser em favor da vida, quando várias delas são postas em risco, pela situação de quem não pode pagar, fazer mesmo assim, correndo riscos; e quem pode faz comodamente, com toda a tranquilidade.
Em outra capa, de uma revista Carta, sita-se essas atuais peripécias, mas argumenta-se a falácia de falso moralismo e dogmatismo cristão, quando na verdade, na vida real, uma em cada cinco mulheres já efetuou essa prática, muitas delas sem o mínimo necessário para exercer esse ato.
É um intento.
São lamentos.
Questões cruciais postas à prova. O fogo que queima é avermelhado, mas do próprio fogo surge luz, queimando a casca, o invólucro. Como diria Nietzsche: “torna-te quem tu és?”. Para isso, é preciso nascer, crescer, e multiplicar, no entanto o que fica dito, de uma forma ou de outra, sobre os assuntos citados, quebra alguma dessas fases.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pra me redimir

Por falta de postagens na semana que passou, tento me redimir com um poema e dois contos.

domingo, 3 de outubro de 2010

Um tanto de tudo

Quero ser um tanto de tudo ao todo
Quero ser um tudo, todo, tanto
No entanto, o quanto de tudo
Que tenho em meu todo,
Não é tudo, nem tanto, que o meu todo precisa
Todos são tantos, não sei se são tudo
Em baixo do toldo não vemos tudo
Falta um tanto em cima do toldo
Quem te dá?, eu não te dou
O tanto, tudo, que precisa por um todo
A tinta tanta que tonta o seu tolo nariz
É o mundo, e não é tudo
O planeta é abaixo e a galáxia acima do toldo
Tento tudo para o todo ser mais tanto

sábado, 18 de setembro de 2010

Simbologia

Não se pode grifar necessidades descartando o que está entre os hífens – e, portanto é complemento pontual – ponto.
Entre vírgulas, atritos, contritos, coisas que se fazem pausa, pra dar fôlego ao que vem, comprimidos diários de continuação de fluxo, palavra, frase, texto.
Palavra.
Isto aqui é uma frase.
Seguindo pelo espaço-entre, nas entrelinhas e nos sub-liminares, há contextos que fogem, ou que acham, e tudo fluirá na maior exaltação do todo junto, que por mais que se diga agora, texto, depois, texto, no final o texto se dirá por si mesmo, a não ser que não seja um.
Avesso pelo fica frase a. Osseva olep acif esarf a. A frase fica pelo avesso.
?
*Pra lembrar: O quê?
Por mais que se diga algo fica por dizer. Uns pensamentos, uns sentimentos, às vezes não têm tradução na linguagem palpável, são apenas pra serem sentidos, pensados. Penso que trabalho com a palavra. E que trabalho dá!
Tentar fugir do óbvio momento luz da idéia clareada pelo sopro de inspiração, captado tanto aqui quanto ali e transforma-lo em próprio, particular, pelo universo das vivências, leituras, influencias, tessituras, macrobióticas vicissitudes de nevoeiros lusco-fuscos. E depois? Pra alguém o querer como lido tem que ter o insight de identificação, então, ou o íntimo se aflorou de ambivalências, ou o interno é soma + de todos os externos outrem.
O inferno é outrem. Comparação. Querem ditar o certo, o que seja =, a mesma quantia de $, status que não é quo, é coisa, que quando se coisifica demais não há adjetivo que denomine: coisa: essa se define por e como. A moeda é um símbolo. A sorte está lançada. Jogo-a pra cima e não escolho nenhum lado. Ambos. O acaso é meu destino.
Quando completar o me &... reticências não acabam.

domingo, 12 de setembro de 2010

Sobre o nada

Escrever sobre o nada. E se cogito o nada, elevo-o ao nível de algo, que é alguma coisa. E dentro do nada está tudo sobre o nada, que é alguma coisa, que é algo.
Não. Escrever sobre o tudo, e nesse tudo está o nada, afinal, tudo não nasceu do nada?!
Que nada, não dá nada. Buscando se consegue um tudo tanto quanto queira. O ruim é no final das contas, tudo dar em nada. Mais que nada, “sai da minha frente que eu quero passar” (ao som de Babulina).
Uma reflexão pura é um pensamento sobre o nada, olhar além, paisagens passando calmas, nuvens indo da esquerda para a direita, se afigurando e se desfazendo, e nenhuma questão é desfeita, pois nada foi formulado. Tudo nos apetece e nos salva da petrificação, da caída, num buraco que, conosco, fica completo, cheio, de nosso tudo, que mesmo após anos não vira um nada totalmente, por mais que as entranhas do planeta suguem o sumo humano, sempre restam os detritos: a marca do homem no mundo.
Sem nome, posses, fama, irá para. Contudo, mesmo com o tudo, isso, o nada aguarda, restando sob o céu e sobre a terra, algo de tudo que foi para o nada.
Intrínseca dicotomia.Com sede de. Sem vontade de. Tudo e nada. Tudo é nada.

sábado, 4 de setembro de 2010

Viagem

Partirei com coração partido. Não esquecendo que formamos um triângulo: Eu, você e a nossa amizade. E não temos ciúmes. Ela se doa igual para os dois e nós também pra ela. Agora, nesse momento, cada qual vai ter que ficar com uma porção dela e, na nossa relação aberta, nos permitimos uma outra no pedaço: a saudade. Pra onde vou não se traduz. "Sei que ainda vou voltar, para o meu lugar..."...

domingo, 29 de agosto de 2010

Repente

De repente, tudo pode acontecer. Como se fosse ou se faz num repente de Caju e Castanha, ou numa batalha de M.c’s do Hip-hop, a próxima rima necessita da anterior, pois esta será o mote, o ponto de inversão, continuação, e para um lado ou outro, o que virá é vário.
Demais. Um tabefe, esbofeteio, nas faces ou na moral, motivará revide, ou reavivará a retidão, o importante é a ação de se fazer algo, ou mesmo de não fazer, que consiste em dominar o instinto e manter o corpo e as atitudes, palavras, gestos engessados, quando o instinto natural é de dar o troco. Nem pra todos, lógico. Sim para os mais movidos por emoções estertoradas. Os mais lógicos, ruminam, tramam, matutam, e, ou, esquecem logo do pré-ocorrido – perdendo o fio da meada da próxima frase – ou articulam um plano tão ardiloso que levará tempo para ser posto em prática, e ai, quem tem a retórica eficiente tanto, ganha pela rapidez das réplicas e pelo convencimento dos argumentos nelas embutidos.
Contanto que o acaso nos traga novos casos. Pode, e juntar cacos, dirigir os próximos atos, até o último, derradeiro, que também venha de repente, o desejo da maioria, num sono, adormecer e não acordar, tranqüilo, abrupto. Ninguém quer a “Crônica de uma morte anunciada”. Todos querem que tudo aconteça. E pode. Por hora não o que se espera, mas o que se pode ter; e um zás, trás o ás na manga.
Não mangue.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Clarice (,)

Clarice, está me deixando sem palavras, e não por “Clarice,”, mas por outros ditos. Causa arrebatamento, um algo, uma coisa, diria alguém que escreve com um parco leque como recurso, o inverso, o caso dela, lida com elas com maestria invejável, louvável, aproveitável como água pra beber.
Embebido nesse néctar, urge partir do nada comum para o indo pra buscar, fruto que cai de árvores, às vezes, solo não ainda habitado, como Marte, Vênus, ou qualquer cidade litorânea para quem mora ao redor de prédios, de cimento, e não tem carro, ou tempo, pra prosseguir. Segue a imaginação, pra outros espaços.
Bate como na porta vento bravo uivando que não deixa dormir. Noção do que vem, sem saber se é bom ou mau, paisagem de éden, ou devastação de Nova Orleans, sendo no caso primeiro trombetas celestes a soar, e no outro, caso contrário, “pausa de mil compassos”, na trilha do dia-após-dia. Riso histérico seria o mais pertinente com uma cara que fica de tacho, vendo que o tudo e o nada podem coabitar. Fala difícil, dirão. Como o resto, direi. E mesmo me redigindo, me policiando, não quero estar preso, quero a liberdade, e quem não?
Todo o tempo sendo nosso é a prova maior para saber se o ser é, ou se os outros que ditam o que. São idéias suas? Talvez. Maybe. Um sonho dentro do sonho dentro do sonho, e todo dia temos que acordar, isso é o pior pra quem viaja, como se desistir fosse salmonela na maionese. Viajei. “Ao infinito e além”. Buzz. Buso: descer de um e pegar outro. Sempre. “Pra sempre, sempre acaba”.
Acabei. Agora. É só o que tenho.

sábado, 14 de agosto de 2010

Num caixa ai...

- C.p.f na nota?
- Brigado.
- Brigado sim, ou brigado não?

sábado, 7 de agosto de 2010

A angústia em procuras de Vidas Secas

Era questão de honra. Pegar o ordenado e dar a ele um significado livre, no meu caso, livro.
A intenção primeira era dialogar diretamente com o mestre em colocar palavras com uma beleza angustiante em sua obra Vidas Secas. Por ser livro pedido em vestibular, na época, nos sebos, não havia nenhum exemplar, e o preço de um novo seria muito dispendioso.
Após percorrer pela cidade como um Fabiano que percorria os seixos, vi meu corpo esquelético como o de uma Baleia arfar ainda mais. A fome pela peregrinação começava a afetar meus sentidos de direção então, na falta de um, optei pelo outro. Angústia. Tanto o livro que comprei quanto o itinerário de chegada até ele.
Creio, pois, que o estilo do escritor está preservado. Pra mim, é aprendizado. Já li os dois livros citados; agora se tornam imprescindíveis para o meu novo projeto de escrita (tinha um em 03 de outubro de 2.008, quando comecei estas linhas cá). Mais do que críticos literários, analisar sobre os autores, ao meu ver, o melhor modo de absorver a essência da obra, é o contato direto, mesmo levando em conta os vários sentidos que o leitor possa atribuir.
Na contracapa do que adquiri, Graciliano diz que às palavras deve ser aplicado um processo semelhante ao da lavagem de roupas das lavadeiras de Alagoas: “elas começam com uma primeira lavada...”, vide o post “Escrever fácil é difícil”, o que concordo em partes e em outras o contrário, discordo.
Às vezes palavras adornantes dão toque de estilo contribuintes com a forma do texto. Dizer por dizer é só conteúdo e como dizia um certo professor de literatura “literatura é forma e conteúdo!”.
Agora surgem os livros digitais, Ipads, Kindles da vida, e uns afirmam que é a evolução natural no modo de lidar com a escrita, outros retrucam que o hábito antigo, íntimo, particular, tátil que se tem com os livros impressos nunca irá acabar, vide a obra Guerra e Paz de Tosltói ser algo muito grande para ler na tela brilhante de um leitor eletrônico, afora cheiro de papel, páginas, os que lambem o dedo nas viradas de orelhas...
Depois dos percalços, navegando pela internet, encontrei “o dito” para leitura e/ou download caso quisesse e pudesse. Até quis, e comecei a empreitada, mas sinto um freio em ler no computador, perde-se um pouco do encontro consigo mesmo, mesmo. A atenção fica dispersa pela rede, mesmo.
Re-li os dois “do dito” escriba no modus tradicional. O projeto de escrita não vingou, ainda (07 de agosto de 2.010). As águas vão rolar. Talvez a vida de alguns deixe de ser tão (Sertão) seca, e pior que seco o corpo é seca a alma, quando não uma união. Vide o que quiser, leia. E pensar que Paulo Coelho é um fenômeno de vendas mundial.

domingo, 25 de julho de 2010

Pitacos na derradeira partida de Bruno

Impressionante. Todo mundo quer dar pitaco no resultado da derradeira partida do jogador Bruno.

Logo no começo da história, notícias distorcidas, crueldade na forma como foi feito o suposto crime, cortarem a pobre moça em pedaços, jogaram-na para os Rottweilers: esse cara é um animal, diziam, mas não foi ele que fez, retrucavam, mas mandou fazer, apontavam, e muitos, como eu, ficavam sabendo de diversos fatos pelas ruas, ouvindo comentários de uns e de outros que, guiados pelas notícias dos acontecimentos, que não davam chance nenhuma de réplica ao suspeito, levava o pensamento comum de todos para o mesmo lado: é, o cara podia ter dado 20 mil dos 200 que ganha: mas quem tem muito dinheiro nunca quer perder o mínimo que seja, um falava; o outro: puta cara burro, se mete com uma mina da vida que usou e abusou dele, e depois quer resolver matando, ele esquece que de qualquer forma tem que pagar pensão; e outra pessoa defende: mas ela que foi a vítima, acreditou na boa fé dos amigos dele, que com certeza vieram com alguma história que ele ia propor um acordo; nada: ela foi é vacilona de acreditar e entrar no carro com aqueles desgraçados; outro: acho que não, porque ela não era nada inocente, que eu saiba, era até bem espertinha... E nisso foi correndo o caso, o goleiro sem defesa, com ar altivo de assassino frio, e tudo se encaminhando para a resolução certa.

Ai, não descobrem o corpo – até agora - e há indícios de que de repente, na melhor das hipóteses, a ex-mulher-amante-garota esteja viva. Tanta noticiação do nome dela na mídia pode ter feito ela levantar como num verdadeiro ritual de ressuscitar.

Um sorriso do guarda metas: ou ele é louco ou é sádico ou realmente inocente; e um, e outro, e mais vários e várias: a gente não sabe o que dizer, será que vamos ter que jogar fora a tonelada de pedras que estão em nossas mãos? E a tela diz: espere um pouco, ainda não é o final!

O lugar-comum é o pensamento de todos, e esse é guiado. Fico ressabiado quando tudo aponta para uma vertente só, e até em 2.002, quando Felipão não levou Romário, desprezando o clamor da multidão – e o meu – provou estar certo, e justamente, agora, esperamos as provas.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mais um aniversário de Campinas

Mais um aniversário. Não mais a cidade das Andorinhas, mas sim, como qualquer outra grande cidade, dos urubus, dos “... gaviões malvados que batem asas vão com ela e nos deixam...” como na música de Pixinguinha e Cícero de Almeida.

Ao mesmo tempo ainda, às vezes, tem pinta de pequena e, ainda, sempre, dá pinta, como a já difamada fama. Quem bebe a água desmunheca, e quem é natural dela rebate, a alcunha vem de fora para dentro. Frase suspeita.

Verdade é que não gira como uma grande cidade – vide São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro – no entanto essas são capitais, só que os mais de 1 milhão de habitantes sabem que muita coisa por aqui dá essa impressão. Outras não.

Hora ou outra, beco e esquina, ar pacato, interiorano, cadência lenta, nada anda, a vida não acontece, e parece que ninguém faz questão de nada novo, de ir pra algum lugar diferente do que está. É até uma fórmula, já que quanto menos coisas são desejadas, menos frustração se tem, ou, se contentar com o que se tem como se estivesse destinado desde sempre a isso/aquilo/outro. Mas também, aonde ir, cadê os eventos culturais, os teatros, o lazer? Pouco há, é verdade, e quando tem, são preços além da possibilidade de quem pode pouco ou quase nada. A maioria. O essencial. Sem os bondes do passado, correr para ter a integração do cartão de ônibus e pagar só uma passagem durante uma hora, podendo fazer o trajeto de dois ou três ônibus/vãs, da casa para o trabalho, do trabalho para o estudo, ou lazer, e desses dois últimos para a volta ao lar.

No fervilhar dos horários de pico, ai sim somos surpreendidos em mundaréus de pessoas nas ruas, nos carros, apinhados nos coletivos; nas épocas festivas, a Treze de Maio virá um mar de gente, compras a rodo, o povo. O maior shopping da América Latina, turismo de negócios, feeling corporativo. Grande.

Em São Paulo capital, além dos meios de transportes que temos aqui, têm o metrô, o trem, e das vezes que por lá estive, todos parecem estar indo pra algum lugar realmente, de um ponto de partida a um outro de chegada, como os migrantes do norte, nordeste, e talvez essa mistura mesmo é que dê o toque de cosmopolitaniedade maior da cidade. Ao mesmo tempo, como li algum dia em algum lugar, esse fator também não dá aos cidadãos de lá a ligação embrionária com a terra natal, já que poucos são oriundos da mesma, o que de certa forma temos aqui, essa identidade, ao mesmo tempo em que temos vários que vem de fora e bebem a água, ou misturam as deles em nossos poços artesianos.

Teremos aqui – oxalá – o trem de alta velocidade que irá integrar Campinas – São Paulo – Rio de Janeiro. Projetos para 2014 com aval do atual presidente e possivelmente da próxima. É esperar pra ver. Pode alavancar o nosso grande aeroporto, e modificar muitas coisas. Pode não acontecer nada. Para quem parece acomodado no trajeto itinerário do dia a dia, não deve causar tanta alteração mundana, e mesmo o preço não muito irrisório não trará a essa parcela grande da sociedade, o desfrute de eventual benefício.

Em 14 de julho passado a cidade completou 236 anos. Todo ano nessa data é passado a limpo um passado que não é em branco. O agora é passado, pois já passou no exato momento em que vivenciamos, e como é necessário investir no presente para ter um melhor futuro, também, é necessário cuidar do passado, se um é sinônimo do outro, e dele/s depende o que virá. Parabéns à cidade. A meta é tentar ser universal falando da própria aldeia, mas ela tem que dar recursos para isso.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Às vezes

Às vezes ouço vozes
Me miro nas marés
Me livro dos algozes
Me lanço aos seus pés

domingo, 27 de junho de 2010

Animais

Uma mulher me salvou de não morrer.

Estávamos em um agrupamento de seis bichos, três homens e três mulheres, não obstante, a perspectiva de que era uma fêmea para cada macho não se enquadrava na verdade. No caso havia apenas um casal formado, os outros estavam dispersos no quesito afetuoso. A nossa sociedade cada vez mais se assemelha a uma selva e como toda fauna que se preze, tem diversos tipos particulares – gêneros de animais – mas em suma a espécie é a mesma.

Seguíamos nosso caminho rumo aos respectivos destinos quando abruptamente um bando de aproximadamente vinte carnívoros sedentos de sangue nos interpela de forma ruidosa e nociva. Quando noto que vão grunhindo na direção das fêmeas, por instinto de animal que quer delinear a área de domínio, verbalizo alto com rugidos estridentes na direção do bando. Na atualidade dos bichos ninguém sabe quem é quem e talvez por isso, houve uma pausa ceifadora.

Minutos depois, um dos vinte mais alterado ou mais sedento de morte – que para ele significa mais vida – avançou na minha retaguarda e me atacou. O ímpeto falou mais alto e me fez inconscientemente ir ter com esse animal covarde (que por sinal se escondera atrás dos outros), deixando-me a mim mesmo esquecido que o nosso bando era minoria, e, achando inocentemente (como um filhote que acaba de nascer), que a briga ia ser um contra um. Logo, todos os outros rodearam e começaram o ataque: patadas, coices e gestos de intimidação. Eu tentava me manter em pé; os outros da minha trupe ficaram atônitos, principalmente as do gênero feminino. Certa hora cai e estava sumindo no meio da aglomeração de pés e mãos sobre mim.

Por sorte uma das que conosco estava conhecia um dos outros (covardes) do grupo maior e tentava neutralizar o combate, enquanto eles tentavam finalizar-me. Naquele dia ela estava num estágio de pelagem (roupa) que deixava as mamas (seios) voluptuosas e isso foi o fator decisivo no cessar fogo. O vislumbre pelo olhar dos vinte e a hipnose pelo olfato decorrente dos feromônios que essa soltou, fez aqueles dispersarem e minha vida de animal racional (que às vezes deixa de raciocinar, como nessa) foi poupada.

Espero ser salvo também por alguém com algo mais do que o simples magnetismo do órgão em pêlo, pelo qual a vida surge... Me salve de não viver!

sábado, 19 de junho de 2010

O resultado:

E o resultado foi 2 x 1. Ela e o outro venceram, e ele não teve chances nem de tentar ser um outro, outro.

Colocou o time em campo de banho tomado, diferente dos franceses – como diria Maradona e os outros – e nem usou das mãos pra bulir no jogo – como diriam os franceses de Maradona, antes da última eliminatória.

Haverá outras partidas, mas o resultado adverso o leva a querer jogar com outros adversários diversos. Também, já estavam entrosados, ela e o outro. Parece que mais de dois anos entre a primeira convocação, eliminatórias e copa. Chegaram bem, trocando passes com o olhar, e ele quis cruzar no meio da área. Uma bola que não entrou. Talvez trave? É o que ele quer acreditar, pois sabe que por mais que enfrente outros times à altura, ela será sempre aquele a ser batido, conquistada. Se tornará a maior rivalidade, um clássico, sabendo que muita raiva pode significar amor.

Tem amor à camisa, ao passo (ou trote, arrancada), sendo necessário, se repatria, se naturaliza, para vestir o mesmo manto que ela. Beijará o escudo – o próprio e com gosto o dela – sem pestanejar; cantará o hino–seresta, alçará o bandeira no mais alto mastro, o dedo; a flâmula, o anel.
Mesmo não sendo muito afeito a treinos e concentrações, fará uma pré-temporada com ela num lugar longe de todos os outros, não havendo mais nenhum a não ser, ele.

domingo, 13 de junho de 2010

Época de Copa

Época de copa, jogado pra escanteio. Na mesa de bar, na happy hour, lhe dão as costas, como se tivesse sido escolhido por último para compor o time, por ter sobrado. Quando se dirigem a ele é para falarem – entre eles – qual o motivo de ele não falar nada. Não emite opinião alguma sobre o mundial. Pode até ser que tenha, mas guarda, como segredo de treinamento a portas fechadas.

Em verdade a sua atenção está toda voltada para a moça do outro lado da mesa: morena, alta, sorriso cativante, e entende do assunto bola. Até tem time, e defende o mesmo, como todos torcedores mais fanáticos defendem, mesmo quando a fase não é das melhores. Agora todos estão do mesmo lado, é copa, é a Pátria, e ele não liga. Queria sim ligar pra ela, mas, com os outros como zagueiros ferrenhos, não consegue nem lhe dirigir palavra. E pensa, e se eu conseguisse driblá-los, o assunto chave seria futebol, pentas, verdes e amarelos, o contrário do conselho do pai de um amigo para o filho, jamais fale de futebol com uma garota.

Mira a moça com o olhar, tentando alcançar a meta, o ângulo, o coração. Ela, como uma coruja em cima do travessão, está direcionada para o lado dele só que a cabeça está para o outro.

A estréia do time será na terça-feira. É o prazo que ele estipulou pra tomar coragem. Talvez seja o último do grupo e nem se classifique para as eliminatórias dela.

Como técnico de si mesmo bota fé nos seus atributos, jogadores. Sente estar menos preparado que outros, conta com a sorte, e por que não a fé?

Um lançamento nas costas da marcação e todos ficarão surpreendidos com o arremate certeiro e, na próxima escalação para a mesa de bar, estará fazendo tabela com ela.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dilema:

Maus Agouros de Marlboro
Um dilema: Red ou Crema?

E no bolso é um estouro
Uma pena sem algema

Bons agoras sem marlboro
Respirar um ar mais puro

Vida dura ou sepultura?
Com ou sem se tem agruras...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Espera

Ele esperava algo que iria acontecer de qualquer forma a qualquer momento, pro seu bem.
Perdido em pensamentos inconstantes lembrava a discussão acalorada que teve com a namorada no dia anterior até altas horas: a relação. Tudo por ser inconstante.
Na verdade só ouviu, nunca foi muito de falar, e mesmo assim, entrou por um e saiu por outro.
Diferente quando um mendigo disse, Marcos, você está marcado para deixar sua marca. Embasbacado ficou por saber o seu nome por boca de desconhecido, e com o teor do recado tipo profecia. Quem era aquele homem? O que ele quis dizer? Frases que ficaram só no pensamento já que antes da réplica – necessária e não de impulso – aquele ser se foi, e Marcos ficou, com sua mochila e os apetrechos usuais dentro, imaginando qual ferramenta (arma) usaria para cumprir o seu destino; pelo menos daquele dia em diante não seria tudo igual.
Sempre quis ser mais. Em criança, adolescente; em adolescente, adulto; em adulto, rico, mas afinal não são desejos comuns a todos? Talvez, mas ele não era todos nem nenhum, era alguém, e tinha que se fazer acontecer, e aguardava o sinal para que tudo começasse. Hoje é diferente, não está de carro nem a pé, a mochila menos cheia, só o necessário: marmita. Iria trabalhar, se fixar em algo, e algo que tanto esperava estava para chegar...
Ele esperava o ônibus.

sábado, 29 de maio de 2010

Com sisos, conciso

Vendo Jornal. Faço Jornal. Vendo revistas. Passo por revistas. Reviso os meus textos. Sem nexos, complexos.

Pelos lados convexos de mim mesmo, sigo buscando algo. Não sei se consigo, ou conseguirei. Por hora, conciso, por hora com sisos. Talvez tirar os dentes e jogá-los fora seja como o processo de tirar idéias da mente e jogá-las fora. Dei uma dentro, ou estou totalmente por fora.

Uma semana sem postar. Semana de provas, ou a vida. Trabalhos me deram trabalho, e nada como se queria. Queria. Quero.

O esmero demora, enquanto passam as horas. Os dias. As semanas. O ano. Humano. Não igual nenhum outro, mas semelhante. Escritas, não parecidas, mas quase. Sabe lá. Sei lá.

Nada sei. Ou quase. Parcelas variadas de vários assuntos. Cantar ou falar, tanto faz, se ainda não é o cume, cair e levantar. De novo percorrer os aclives e declives já percorridos e além. Eu sem.

Até que alguém sopre o meu olho e me faça enxergar além. Ou eu preciso realmente de óculos, ou estou com lentes escuras que não me fazem ver nada. O nada se vê? Pode ser. Pode, sem demora. Antes que algo estoure.

sábado, 15 de maio de 2010

Escrever fácil é difícil

Um amigo meu disse não ter entendido o que escrevi na postagem anterior. Eu disse que não estava muito bem quando escrevi a postagem anterior. Gripe, sono, cansaço, embora os dois últimos fatores eu tenha que enfrentar sempre quando vou escrever.

O desejo de ser compreendido sempre surge, mas, pela constância de comentários, pelo sucessivo aumento de seguidores – ironia – ou não estou conseguindo me fazer, ou estou sendo tão bem nisso que, não gera nenhum retorno, não suscita nada em ninguém (talvez nem em mim mesmo).

Quando leio Graciliano Ramos fico nauseado como quão tão simples parece sua escrita, conseguindo a façanha de fazer parecer cada palavra soar exata. Ao passo, em muitos dos seus livros consta a sua máxima célebre:

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.
Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

Às vezes procuro um estilo mais rebuscado, ou é ele que me procura. Penso que a palavra nua e crua diz pouco, vale mais uma idéia, e pode se somar uma coisa a outra.

Vou lavar minhas palavras sujas, não chulas, e ver se toda a sujeira que falo/escrevo se esvai, para que assim possa compor linhas mais alvas, claras, mesmo se for pra falar do obscuro, tentando nunca perder a candura...

sábado, 8 de maio de 2010

Realidades

Saiu numa revista importada dessa semana uma tese contrária a toda euforia pelos filmes em 3D. Depois do fenômeno Avatar, todo o comentário era voltado para os prols dessa tecnologia no futuro do cinema e também na vida das pessoas. Na gôndola quis ter um tradutor eletrônico do google na palma da mão para esmiuçar um pouco mais. Sem esse adereço, pesquei algumas coisas, com meu inglês de ensino médio.

Assisti aos azuis sem os tais óculos dimensionais. O próprio projeto foi feito em três dimensões (cada parte dele). Gostei da imagem, dos efeitos, apesar de a história ser mais do mesmo: Reviravolta dos fracos, caso de amor como pano de fundo, final com uma , tipo, lição de moral. Bom como entretenimento, e pelo valor do orçamento, e tempo de produção, a ânsia de quem fez não pareceu ser outra senão a beleza estética, e o lucro concreto.

Essa semana, levado pelo fluxo, assiti Alice no País das Maravilhas. Pra seguir o bonde, em terceira dimensão. Num primeiro momento, a imagem mais escura tira um pouco do brilho dos atores. A vista também se cansa, mas não tenho certeza disso, pois eu estava com a vista cansada desde antes. Pouco sono. Poucos sonhos, pouco tempo sendo Avatar, e não lembrando o que aconteceu em Pandora, quando acordo. E justamente essa analogia pode ser feita: Pessoas passam mais tempo vivendo em seus avatares, na realidade virtual, do que na vida real, e mesmo quando estão nessa, a maior parte das horas é lembrando daquela. É bem melhor, revigorante. Twitter é azul. Facebook é azul. Só o Orkut que é roxo, mas pode ser uma outra raça de seres.

Para o cinema é uma tecnologia a ser aproveitada com a devida precaução. Na vida idem. O pior é quando a vida virtual tem o mesmo ritmo ou até um mais lento do que a vida real... Buscar outra conexão...

Poucas linhas. Um vírus real está me deixando impossibilitado de ir para o outro mundo, e até começo a pensar se a fé de duas realidades não será efêmera mediante as comprovações do dia a dia, a pouca interação com o povo de lá.
A próxima sessão será em 2D. Quando o meu povo irá me aceitar? Um ou outro?

sábado, 1 de maio de 2010

Igualdade nas aparências enganam

Veja bem... Se bem que, cada qual enxerga por um foco os fatos e por isso não há só um modo de ver e paradoxalmente, a maioria forja a visão pra determinado lado, por querer ou não, acarretando opinião similar de jornalistas diversos, talvez por que os textos dos mesmos passam pelo crivo dos editores e esses têm que manter o padrão, se não do veículo, sim do que circula.

Também, grupos se aglutinam tentando forçar mais ainda o que já é empurrado sem dosagem cabível por todos os lados. Nesse intuito, surgiu recentemente a aliança nas vendas (a qual já existente na intenção) entre O Estado de São Paulo e Veja. Quem ainda não sabia qual era a tendência política do jornal em questão agora não tem mais como dizer o contrário: Seres unos e multifacetados!

Há três semanas começou a ser vendido o pacote com O Estado + Veja, custando a módica quantia de R$ 9,90. O dia dessa venda casada é domingo, nesse dia o jornal separado custa R$ 4,50 e a revista semanal que é lançada na praça no sábado custa R$ 8,90. Desse modo o leitor terá um jornalismo interpretativo unido a um jornalismo informativo pagando o preço do periódico semanal acrescendo – teoricamente – mais R$ 1,00 para o periódico diário. Diversidade de informações, mas o ponto de vista é o mesmo.

Manuais de redação, muito bem expostos por Manoel Carlos Chaparro em seu livro “Pragmática do Jornalismo”, são os preceitos a serem seguidos pelos jornalistas no geral. Usam de retóricas nos dizeres que pregam, em ser a informação pura e clara a principal meta de todos, mas o que se vê, ou nem todos conseguem, são preceitos e padrões direcionados mais internamente para o eixo da própria empresa do que para fora, ou seja, os leitores.

Fotos iguais em revistas diferentes, como aconteceu com a tragédia no Haiti, quando Época e Veja compraram a mesma foto de alguma agência de notícias, demonstram que ou há muita similaridade no pensar dos editores ou que até um olhar além (o do fotógrafo que conseguiu captar uma foto inusitada, no caso a mão de um Haitiano presa em meio às grades, cheia de pó), pode se tornar um lugar comum.

O fato é um só, mas a verdade tem múltiplas interpretações.

Não pode se afirmar veementemente que por esses fatos a imprensa esteja ruim. Fato é que ela se tornou um múltiplo de mesmas coisas onde poucos detêm o poder da informação e fazem dela o seu principal instrumento para manter o que já é.

Mesmo com a disputa em alguns segmentos, parece que ela tende a sempre pender para o mesmo lado, que e o lado de lá de quem está fora e o de cá de quem está dentro. Continuará, não abrirá espaço para que o algo novo e inovador surja das crateras do chão tantas vezes pisado do mesmo jeito.

O jornalismo como profissão ainda é onde pode se buscar mudanças. Para tanto, há de se ter os meios, e os meios são poucos para que a força seja posta à prova. Mais será, se quem ainda acredita não se deixar ser influenciado pelo meio.

Assim, há vários fatos que nos levam a acreditar que a imprensa está ruim, ao passo, isso tem que elevar o desejo de mudança. A mídia nos influencia de muitos modos e quando analisamos bem vemos que o “modus operandi” é o mesmo, ou parecido.

Conhecer a fundo a profissão, seus modos e seus meios, é a melhor maneira de não acreditar no que vemos de cara, o exterior da comunicação. Alguns títulos de jornais e revistas tentam fugir dessa imposição e acreditar que pouco a pouco conseguem algo, e ver a alma de quem diz (escreve).